Frases sobre ali
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“Usava uma camisola larga demais, de crepe cor-de-cereja, que surgia negra contra o lençol. Os cabelos soltos, agora penteados, pareciam negros. O rosto, pescoço e braços, sobre as cobertas, eram cinzentos. Depois que os outros saíram ela ficou durante algum tempo com a cabeça escondida sob o lençol. Assim continuou até ouvir fechar-se a porta, até se apagar o som dos passos que desciam a escada, da voz do médico que se exprimia com volubilidade, da respiração ofegante de Miss Reba. Sons que adquiriram, no sombrio saguão, a cor do luar, e desapareceram. Depois Temple pulou da cama e foi até a porta, fazendo correr o trinco. Voltou ao leito e cobriu-se, inclusive a cabeça, ali ficando encolhida até faltar-lhe o ar.
Derradeiros reflexos cor-de-açafrão tingiam o teto e a parte das paredes onde viam-se as sombras de paliçada da avenida, que a oeste se erguia contra o céu. Ela viu-os desaparecer, consumidos pelos sucessivos bocejos da cortina. Viu também a última luz condensar-se na parte fronteira do relógio e o mostrador passar, no escuro, de orifício redondo a disco suspenso no nada, no primitivo caos, e mudar depois para bola de cristal que continha, na sua tranquila e misteriosa profundidade, o caos ordenado do mundo complicado e sombrio sobre cujos flancos, marcados de cicatrizes, as velhas feridas rolam vertiginosamente para a frente, mergulhando na escuridão onde se escondem novos desastres.”

Sanctuary

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“Montei, fui trotando travado. Diadorim e o Caçanje iam já mais longe, regulado umas duzentas braças. Arte que perceberam que eu vinha, se viraram nas selas. Diadorim levantou o braço, bateu mão. Eu ia estugar, esporeei, queria um meio-galope, para logo alcançar os dois. Mas, aí, meu cavalo f’losofou: refugou baixo e refugou alto, se puxando para a beira da mão esquerda da estrada, por pouco não deu comigo no chão. E o que era, que estava assombrando o animal, era uma folha seca esvoaçada, que sobre se viu quase nos olhos e nas orêlhas dele. Do vento. Do vento que vinha, rodopiado. Redemoinho: o senhor sabe — a briga de ventos. O quando um esbarra com outro, e se enrolam, o dôido espetáculo. A poeira subia, a dar que dava escuro, no alto, o ponto às voltas, folharada, e ramarêdo quebrado, no estalar de pios assovios, se torcendo turvo, esgarabulhando. Senti meu cavalo como meu corpo. Aquilo passou, embora, o ró-ró. A gente dava graças a Deus. Mas Diadorim e o Caçanje se estavam lá adiante, por me esperar chegar. — “Redemunho!” — o Caçanje falou, esconjurando. — “Vento que enviesa, que vinga da banda do mar…” — Diadorim disse. Mas o Caçanje não entendia que fosse: redemunho era d’Ele — do diabo. O demônio se vertia ali, dentro viajava. Estive dando risada. O demo! Digo ao senhor. Na hora, não ri? Pensei. O que pensei: o diabo, na rua, no meio do redemunho… Acho o mais terrível da minha vida, ditado nessas palavras, que o senhor nunca deve de renovar. Mas, me escute. A gente vamos chegar lá. E até o Caçanje e Diadorim se riram também. Aí, tocamos.”

Grande Sertão: Veredas

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“A vida inteira ele viveu perambulando, mandado embora de um lugar, assim que a "gente fina" comprava toda a maconha ou haxixe que quisesse, assim que houvesse perdido na roda da fortuna todas as moedas que queria. A vida inteira ele se ouviu sendo chamado de cigano sujo. A "gente fina" cria raízes; ele não tem nenhuma. Esse sujeito, Halleck, viu tendas de lona serem incendiadas por brincadeira, nos anos 30 e 40, e talvez houvesse bebês e velhos incendiados em algumas daquelas tendas. Ele viu suas filhas ou as filhas dos amigos serem atacadas, talvez violentadas, porque toda aquela "gente fina" sabe que ciganos trepam como coelhos e que um pouco mais não fará diferença — mas mesmo que faça, quem se importa? Ele talvez tenha visto seus filhos ou os filhos dos amigos serem surrados até quase a morte… e por quê? Porque os pais dos garotos que os surraram perderam algum dinheiro nos jogos de azar. É sempre a mesma coisa: você chega na cidade, a "gente fina" fica com o que quer e depois o manda embora. Às vezes, essa "gente fina" o condena a uma semana de trabalho na fazenda local de ervilhas ou um mês entre os trabalhadores da estrada local, como medida de ensinamento. E então, Halleck, para o cúmulo das coisas, vem o estalo final do chicote. O importante advogado de três queixos e bochechas de buldogue atropela e mata sua esposa na rua. Ela tem 70, 75 anos, é meio cega, talvez apenas se aventure no meio da rua depressa demais por querer voltar para sua gente antes de se mijar nas roupas — e ossos velhos quebram fácil, ossos velhos são como vidro, e você fica por ali, pensando que desta vez,, haverá um pouco de justiça… um instante de justiça, como indenização por toda uma vida de miséria e…”

Thinner

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“Brianna olhou para seu relógio, ainda surpresa em vê-lo ali. Ainda faltava meia hora. Se pudessem evitar derramamento de sangue até…
Um grito lancinante vindo de cima e ela fez uma careta. A ajudante, menos preparada, deixou cair sua prancheta de anotações com um gritinho.
- MAMÃE! - Jem, em tom de queixa.
- O QUE FOI? - ela rugiu em resposta. - Estou OCUPADA!
-Mas mamãe! Mandy me BATEU! -veio o relato indignado do alto da escada. Erguendo os olhos, ela podia ver a parte de cima de sua cabeça, a luz da janela brilhando em seus cabelos.
- É mesmo? Bem…
- Com uma VARINHA!
- Que tipo de…
- De PROPÓSITO!
- Bem, não acho…
- E… - uma pausa antes do desfecho incriminador - ELA NÃO PEDIU DESCULPAS!
O construtor e sua ajudante desistiram de procurar larvas de caruncho para acompanhar a emocionante narrativa, e agora ambos olhavam para Brianna, sem dúvida esperando algum decreto salomônico.
Brianna fechou os olhos por um instante.
- MANDY - ela berrou. - Peça desculpas!
- Não! - veio uma recusa estridente de cima.
- Sim, tem que pedir! - veio a voz de Jem, seguida de ruídos de luta.
Brianna dirigiu-se às escadas, com um olhar assassino. Assim que botou o pé no degrau, Jem emitiu um grito agudo.
- Ela me MORDEU!
- Jeremiah Mackenzie, nem PENSE em devolver a mordida! - gritou. - Vocês dois, parem com isso agora mesmo!
Jem enfiou uma cabeça desgrenhada pelo corrimão, os cabelos arrepiados. Usava uma brilhante sombra azul nos olhos e alguém aplicara batom cor-de-rosa em uma forma tosca de boca de uma orelha à outra.
- Ela é uma pestinha - ele informou furiosamente aos fascinados espectadores embaixo. - Meu avô disse.”

A Breath of Snow and Ashes

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“Alegoria do Suicídio

Eu sei que hoje será o meu último dia na terra, eu decidi isso enquanto caminhava solitário pelas penumbras da noite. Procurei por cada canto daquela vazia avenida, e não encontrei nenhum motivo para existir.

Todos os motivos que eu supostamente haveria de encontrar eram mentiras contadas por mim mesmo afim de prolongar o castigo de viver.

Voltei para casa, peguei aquela velha corda que ficava guardada na segunda gaveta, amarrei-a sobre o teto, e me dependurei sobre a miséria.

Ali estava eu, debatendo-me enquanto sentia o nó daquela velha corda quebrando cada centímetro do meu pescoço, enquanto a minha alma escapava do meu corpo.

Eu me debatia, e meus olhos lacrimejavam-se, talvez, fossem lágrimas de arrependimento. Mas agora já era tarde demais…

Eu morri e minha alma caiu de joelhos diante da figura de um homem, aquele era eu, uma versão mais madura de mim que já havia passado por todos esses momentos de dor e agonia.

Acreditei por alguns segundos, estar diante da morte, pois o meu corpo ainda estava ali dependurado sobre a sala de estar.

Caminhei lado a lado com aquele homem misterioso, que com os dedos apontou para as estrelas e com uma voz suave ele me disse:

- Se algum dia o desejo da morte gritar em seu rosto, não aperte o gatilho! Pense nas estrelas, elas morrem não porque elas querem, e sim porque chegou a hora.



Viver sozinho é como mergulhar no infinito e voar até o céus tocando as nuvens e as estrelas

Estar sozinho é como voltar no tempo e sentir-se novamente uma criança ou um deus a vagar pelo cosmos

Andar sozinho é como viajar até o paraíso acompanhado por anjos ou dançar no inferno acompanhado por diabos

Viver sozinho… é também sentir a navalha cortar seus pulsos enquanto seu sangue jorra em alto mar é sufocar-se nas próprias lágrimas até que o seu pulmão se encha de sangue e a luz dos seus olhos se apague

Sobreviver sozinho é renascer do castigo de existir é limpar o sangue com as próprias mãos é caminhar mesmo quando já não existe mais chão é matar quando não te oferecem perdão é amar a si mesmo por compaixão

É viver sendo o único deus na escuridão…”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro
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“O Filósofo & O Prisioneiro - Uma Alegoria para sabedoria da vida

Condenado a pena de morte o Filósofo sentava-se solitário em sua cela, enquanto observava o céu estrelado pela pequena janela que ali havia.

Faltando apenas algumas horas para sua execução, um outro prisioneiro é arremessado em sua cela

– Faltam-te apenas duas horas! E a morte irá beijá-lo! Gritou o guarda enquanto os enjaulava sem piedade

Após levantar-se e limpar suas roupas sujas. O prisioneiro encara aquele velho homem de barbas longas que encontrava-se ali parado, observando atentamente o céu noturno

– O Guarda disse que você só tem duas horas de vida… Como se sente?

Questionou o prisioneiro de forma tímida e preocupada, tentando puxar assunto. Enquanto isso o filósofo seguia em silencio observando o céu estrelado.

O Prisioneiro por sua vez, caminhava de um lado para o outro incansavelmente preocupado

– Para mim, imagino que faltam três ou quatro horas… Droga! Eu mal consegui realizar os meus sonhos… O que você pretende fazer nas suas duas últimas horas?

Persistia o prisioneiro em uma tentativa falha de diálogo, enquanto caminhava de um lado para o outro, preocupado e com o medo da morte começa a remover sua camiseta e amarra-la na parte mais alta da cela

– Quer saber? Pode ficar ai, fingindo que está tudo bem. Eu vou me matar, eu prefiro isso do que ser condenado a cadeira elétrica!

O Filósofo, ao escutar tais palavras sórdidas volta sua atenção a aquela pobre alma.

– Antes de prosseguir com esse ato, poderia por favor vir aqui ver algo?

Disse o filósofo em tonalidade calma e serena

O Prisioneiro indaga – Ver o que? Não há nada que possa nos salvar agora

– Eu insisto, tenho algo a mostrar-te…

O Prisioneiro então caminha até a janela

– Está vendo aquela estrela? A Mais brilhante dentre elas Disse o Filósofo apontando com os dedos para o céu estrelado

– Sim, estou sim, aquela com uma tonalidade meio azulada não é? – Ela mesmo…

O Filósofo encosta-se na parede, e com a voz calma ele diz

– Observe a atentamente, imagine que naquela estrela existe também um planeta

Um planeta tal como o nosso, com heróis e vilões, deuses e homens, sábios e tolos, o quão fascinante não seria? O Quão fascinante não seria estar observando-os agora neste momento oportuno, a algumas horas antes da nossa morte…

O Prisioneiro encantado com tais palavras, observava atentamente aquela estrela, e toda aquela euforia e preocupação que havia em sua mente aos poucos se esvai

O Filósofo então, coloca as mãos nos ombros daquela pobre alma e diz

– Essa estrela, já pode ter se apagado a muito tempo embora ainda estejamos contemplando a sua luz (…) Toda a vida que um dia viveu sobre o calor daquela estrela, hoje se encontra no mais sublime silencio da doce morte que os encontra

Tal como a nossa estrela, que é um ponto luminoso no céu noturno de alguém

Quando morrermos, a luz da nossa estrela servirá como um suspiro de esperança para homens que como nós aguardam o sublime beijo da dona morte.

O Prisioneiro com os olhos cheios de lágrimas e o coração calmo, sorri, e mesmo diante da inevitável morte encontrava-se tranquilo

– Então não temes a morte? Perguntou o Prisioneiro

O Filósofo caminha até a janela, e olhando para o céu noturno com a contemplação filosófica de que a sua morte de nada importava para o universo

Sorrindo ele responde

– A realização de que vou virar pó, paradoxalmente me tranquiliza…”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro
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“O Conhecimento me trouxe um fardo, como uma assombração que me persegue por todos os cômodos da casa. Uma criatura negra que suga toda a felicidade que existe em mim afim de me transformar em algo tão sombrio quanto esta própria assombração (…)

Eu me lembro, sim eu me lembro! como se fosse ontem, em meus belos dias de ignorância víu, no auge de minha juventude. Aquele sorriso ao me entreter com a futilidade da vida, aqueles amigos falsos com sorrisos malditos prontos para me apunhalar pelas costas, o calor mentiroso embora aconchegante da religião. Aqueles eram dias felizes, a ignorância me trazia a paz e a felicidade que um homem precisa para viver neste planeta como mais uma formiga trabalhadora.

Mas ela veio até mim, a assombração do conhecimento. Aquela criatura negra e gélida apareceu pela primeira vez em forma de cálculos matemáticos em um livro do Stephen Hawking. E foi neste particular momento que meus olhos abriram-se pela primeira vez, como uma criança que acabou de nascer, e ao olhar para o céu eu não via apenas pontos luminosos eu via mundos inteiros, constelações e galáxias.

Algo tomou conta de mim… era aquela assombração e ela pedia por mais, ela implorava por mais e para que sua sede fosse saciada, caminhei lado a lado com aquela criatura negra até uma biblioteca.

E ao sentar em uma das cadeiras me vi embriagado em pensamentos e reflexões Filosóficas, Nietzsche, Camus, Carl Sagan e o sádico Aleister Crowley. Todos eles agora viviam em mim, o conhecimento agora havia aberto meus olhos para um mundo que sempre esteve ali, mas eu nunca pude vê-lo.

Agora eu estou aqui, sozinho em uma casa velha com as luzes apagadas e uma vela que ilumina um velho caderno, do qual escrevo textos melancólicos sobre a vida. Para que algum dia outros conheçam está assombração.

Ela… Que é a minha melhor amiga.”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro
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“Trecho do Livro Aforismos De Um Niilista por Gerson De Rodrigues​

Quando afirmo categoricamente que a vida é a maldição do homem me refiro a enorme abundante carga de sofrimento que ela guarda, trazendo consigo uma bagagem de insignificância que apenas nós meros macacos é capaz de perceber.

Posso começar com um exemplo claro, os ‘’ Animais’’

Os animais vivem suas vidas como se cada segundo valesse a pena. Caçar, correr, brincar, dormir e procriar é algo que eles fazem com esmero e dedicação. Afinal, esta é a única coisa que sabem fazer.

Nós nunca veremos a notícia de um leopardo que olhou para a lua e se questionou como aquela ‘’ Rocha brilhante’’ foi parar ali, ou que algum panda teve depressão ao perceber que sua espécie entrará em extinção.

Os animais não possuem a capacidade de raciocinar/refletir sobre sua própria existência e esta é uma maldição adquirida apenas pelo homem.

Temos a capacidade de questionar, criar, inventar, pensar.

Podemos enviar uma sonda em marte e descobrir como ele originou-se, podemos estudar os confins do Big Bang e descobrir nosso berço cósmico ou deslumbrar-nos da magnanimidade assombrosa de um buraco negro.

Habilidades estas que apena nós meros macacos podemos executar.

A vida é uma maldição…

Pois assim como uma maldição, não se pode viver com ela ignorando os pesares, e nem fugir dela sem abraça-la na morte.”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro
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“Trecho do livro 'Aforismos de um Niilista'

Quando abracei a solidão me senti livre, pois ali eu poderia ser eu mesmo, sem fingir, sem agradar, apenas sendo eu o monstro que foi jogado injustamente no mundo do qual ele não escolheu viver.

A Cada dia da minha vida, meus sentimentos se esvaem eu já não sinto ódio, ou raiva, amor, ou tristeza, felicidade para mim é uma impossibilidade sinto-me como se estivesse morto.

Todos os dias paro para refletir ‘como isso aconteceu?’

Em que determinado momento da vida eu me tornei um monstro? Um monstro que prefere a solidão a seus pais, um monstro que não sente, um monstro que não chora, um monstro cuja monstruosidade é o seu próprio ser.

Minha última lembrança de felicidade se dá aos meus cinco anos de idade brincando de bonequinhos com a minha mãe, e mais tarde com meu pai – mas em um determinado momento da minha infância eu dei início a metamorfose ambulante que se tornaria futuramente o monstro que sou hoje. Penso se isso está em meu DNA, ou se apenas sou o culpado por tamanha monstruosidade.

Eu afasto de mim amigos, namoradas e amantes, afasto também o amor sincero de meus pais; A Troco de que? A troco de nada! só puro e absoluto nada! O Nada Niilista seguido de uma solidão que apenas agrada a mim mesmo.

Confesso que preferia ter me enforcado no cordão umbilical e morrido no parto. O Puro e simples fato de ser eu mesmo, faz com que aqueles ao meu redor sofram com isso, é como carregar uma maldição da qual a cura é sua própria morte.

Mas fazer o que se sozinho é o que eu sou? Eu sou a solidão, eu sou o homem que caminha por ruas solitárias admirando a imensidão do cosmos. E Isso é tudo que eu sou….

Apenas um sozinho

E não lamento por isso, me orgulho de ser o que sou. Apenas lamento que minha existência possa ferir tantas pessoas pelo simples fato de existir.

Na vida temos duas escolhas, viver como quiser, ou viver para agradar os outros e cada escolha obviamente tem uma consequência.

‘’ Viver para agradar os outros’’ – seria o ato de viver como as pessoas ao seu redor escolhem

‘’ Viver como quiser’’ – é o ato de viver para si mesmo, ser o seu próprio deus, um soldado de Thelema como diria o ocultista Aleister Crowley

‘’ faz o que tu queres há de ser o todo da lei''

Por mais que as minhas escolhas pessoais possam afetar negativamente aqueles que se ‘importam’ comigo – de nada posso fazer pois não vivo para eles, vivo minha própria lei, sou o dono de mim mesmo.

Sinto-me um monstro, mas um monstro livre.

A Monstruosidade não é de todo mal, quem disse que os monstros são maus?

Somos vistos como monstros por aqueles que não entendem nossa humanidade”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro
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Esta tradução está aguardando revisão. Está correcto?
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“Eu não tenho 102 parentes. Como é que eu botei 102 parentes no gabinete dos meus filhos? Não dá para entender, é uma mentira deslavada ali. Já botei parentes no meu gabinete, já botei no passado sim. Antes da decisão de que nepotismo seria crime. Qual o problema?”

Jair Bolsonaro (1955) 38º Presidente do Brasil

[...] Que mania que tudo quanto é parente de político não presta. [...] Eu parto do princípio que, se eu indicar um filho meu, como já indiquei, no passado ele trabalhou na liderança do partido, não é nepotismo, pô, ele tinha competência para isso. Confiança. [...] É natural quando alguém vai embora do meu gabinete, alguém morre até, já aconteceu, no velório tem dez pedindo emprego, tudo parente que está do meu lado. E é natural botar quem está do seu lado."
Década de 2010, 2019, Agosto

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“O que eu entendi ali da Preta Gil, por Deus que está no céu, era como eu reagiria no caso do meu filho tivesse um relacionamento com um gay. Foi isso que eu entendi.”

Jair Bolsonaro (1955) 38º Presidente do Brasil

Em 30/03/2011, durante o velório do ex-vice-presidente José Alencar, sobre sua resposta à pergunta de Preta Gil no dia anterior no programa CQC.
Década de 2010, 2011
Fonte: 'Estou me lixando para esse pessoal', diz Bolsonaro sobre movimento gay http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/03/estou-me-lixando-para-esse-pessoal-diz-bolsonaro-sobre-movimento-gay.html

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“Essa foi a idéia. Trazer a tona essas situações. Eu morei em Minas Gerais durante uma época da minha vida, numa região bem no interior chamada Serra de Ijaci. Ali eu VI muita coisa invisível ao resto do mundo.”

como citado in Revista Galileu http://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2015/11/com-clip-novo-rapper-rashid-fala-sobre-discriminacao-no-brasil.html; entrevista a Nathan Fernandes, 13/11/2015 - 14H11/ atualizado 10H0707

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“Com certeza! Ao longo da história a música tem associado a figura do negro ao cara bem sucedido, ao talentoso, ao gênio, ao guerreiro, ao cara que quebrou barreiras. Isso não significa que os problemas acabam ali, mas mostra que é possível passar por cima disso com a cabeça erguida.”

como citado in Revista Galileu http://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2015/11/com-clip-novo-rapper-rashid-fala-sobre-discriminacao-no-brasil.html; entrevista a Nathan Fernandes, 13/11/2015 - 14H11/ atualizado 10H0707

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“Era uma mentira muito grande, ali pendurada, que ele tinha.”

" Revolta por causa do dia das mentiras ", Mixórdia de Temáticas 02-04-2012

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“QUANDO BUSCO AS CRIANÇAS NA ESCOLA

Quando busco as crianças na escola A curiosidade me consome por inteiro Porque lá existe um universo
De pessoas e de diferenças Aviltantes
Observo ao chegar mais cedo Tantas e tantas mulheres
Com as infinitas faces
E os seus arroubos tão distintos.

Noto a mãe mais devotada
Cuja principal beleza é indisfarçável Por entre as roupas informais
E os cabelos presos
E que levam as imaginações ao infinito.

Há também aquela executiva
Sempre muito bem vestida
E que se adorna de frieza altiva
Disfarçando que é só menina desejosa de amor sincero E de alguém que lhe proteja.

Vejo as mulheres participativas
Criadoras de debates e polêmicas
Organizando o teatrinho do colégio
Para que olvidem rotinas melancólicas
Amargadas como fel daquilo que em tese deveria ser um lar em harmonia.

Não existe como não notar
A genitora que ao mesmo tempo em que recebe os filhotes e os beija com saudades e sorrisos (quase que em desespero)
Vive um dia-a-dia atropelado entre compromissos e maternidade
Já que tem um ex-marido cafajeste e descomprometido.

Sinto o perfume enjoativo
Da mulher que busca o filho
Com indiferença e mau-humor contagiosos Vez que não queria estar ali buscando o filho E ainda muito menos ter o tal do filho.

Eu também desvendo mães que foram já colegas minhas Na infância ou na adolescência
Algumas até me reconhecem
Outras reconhecem, mas me ignoram
E assim me questiono como se daria Se tivéssemos ficado juntos
Construindo vidas em uníssono.

E divirto-me, no fim de tudo
Com alguns homens estúpidos
Que puxam as conversas mais estúpidas
A fim de seduzirem as mulheres - nada estúpidas - que estão ali na escola (Esses, com certeza, necessitam é de muito mais maturidade)

Porque desconhecem o lirismo da conversa casual
E que inflama os nossos corações e almas Demonstrando que a vida nos reserva várias surpresas
E, quiçá, famílias novinhas em folha
Esculpidas
E escritas
Entalhadas
Costuradas
Na escola das crianças.”

“NAMORO À DISTÂNCIA


Na quinta feira eu a busco na rodoviária
E a gente vai para casa
E não se acanha nem mesmo no elevador do prédio
E espalha as roupas e sapatos e mochilas pelo chão do apartamento E ali ficamos, em silêncio de pequena morte.

Já na sexta feira levantamos tarde Só que acordamos cedo Despertados pelo maior dos desejos Quando assim começa o dia
Entre gozos e gemidos
E com a cama antiga rangendo desesperada Cada vez mais alto.

Sábado é dia de receber amigos sempre tão queridos E eu fico orgulhoso de mãos dadas
Quase que me exibindo aos convidados
Com a minha namorada tão maravilhosa
E que veio para estar no feriado
Ao meu lado
Fazendo o nosso almoço italiano
E encantando com o seu sorriso
A todos os ali presentes.

Domingo bem cedo andamos de bicicleta lá no parque da cidade Visitamos os meus pais idosos
Almoçamos uma barca de comida japonesa
Mas alguma coisa
(Eu já sinto)
Está severamente errada.
O dia transcorre
O meu enfado já está patente
A minha irritação fica notória

O mau-humor impera
E a minha namorada inaugura o pranto mais discreto
Disfarçado e silencioso
Sem saber o que de fato
Está conosco acontecendo.

Não se culpe, namorada
Porque a distância é que não permite
Que entremos
Com recíproca e com entrega
Na estranha liturgia de nossas rotinas
A centenas de quilômetros distantes

E assim eu sinto que sou invadido
Alcunhando-lhe covardemente como Invasiva
Estrangeira
Forasteira

E você, por consequência
Sente medo e insegurança
Acionando a perigosa chave de ciúmes
Com as reações de defensiva clássicas.

E é quando, então, a gente briga de verdade
E a gente chora junto
E eu deixo você na rodoviária no início da noite Em silêncio de sepulcro

E dessa maneira o feriado acaba.

Eu preciso ter você mais perto
Eu preciso ter você no dia-a-dia
Eu preciso viajar mais vezes
Eu preciso que retorne muitas outras vezes
E que nos comprometamos com o fato de que somos a prioridade um do outro.
Eu preciso lhe pedir desculpas
E dizer mil vezes o quanto eu a cada dia mais
Te amo.

E dizer também que a sua mera existência dá sentido à minha vida.”