Frases sobre enquanto
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“uma vaca se perdeu nos campos com a sua cria de leite, e se viu rodeada de lobos durante doze dias e doze noites, e foi obrigada a defender-se e a defender o filho, uma longuíssima batalha, a agonia de viver no limiar da morte, um círculo de dentes, de goelas abertas, as arremetidas bruscas, as cornadas que não podiam falhar, de ter de lutar por si mesma e por um animalzinho que ainda não se podia valer, e também aqueles momentos em que o vitelo procurava as tetas da mãe, e sugava lentamente, enquanto os lobos se aproximavam, de espinhaço raso e orelhas aguçadas. Subhro respirou fundo e prosseguiu, ao fim dos doze dias a vaca foi encontrada e salva, mais o vitelo, e foram levados em triunfo para a aldeia, porém o conto não vai acabar aqui, continuou por mais dois dias, ao fim dos quais, porque se tinha tornado brava, porque aprendera a defender-se, porque ninguém podia já dominá-la ou sequer aproximar-se dela, a vaca foi morta, mataram-na, não os lobos que em doze dias vencera, mas os mesmos homens que a haviam salvo, talvez o próprio dono, incapaz de compreender que, tendo aprendido a lutar, aquele antes conformado e pacífico animal não poderia parar nunca mais. (…) o primeiro a falar foi o soldado que sabia muito de lobos, a tua história é bonita, disse (…), a vaca não poderia resistir a um ataque concertado de três ou quatro lobos, já não digo doze dias, mas uma única hora, Então, na história da vaca lutadora é tudo mentira, Não, mentira são só os exageros, os arrebiques de linguagem, as meias verdades que querem passar por verdades inteiras, Que crês tu então que se passou, (…), Creio que a vaca realmente se perdeu, que foi atacada por um lobo, que lutou com ele e o obrigou a fugir talvez mal ferido, e depois se deixou ficar por ali pastando e dando de mamar ao vitelo, até ser encontrada, E não pode ter sucedido que viesse outro lobo, Sim, mas isso já seria muito imaginar, para justificar a medalha ao valor e ao mérito um lobo já é bastante. A assistência aplaudiu pensando que, bem vistas as coisas, a vaca merecia a verdade tanto quanto a medalha.”

A Viagem do Elefante

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“Enquanto está na garrafa, o vinho é meu escravo; fora da garrafa, sou escravo dele.”

Juan Luis Vives (1492–1540)

citado em "Vinhos‎" - Página 204, de Sérgio de Paula Santos - T.A. Queiroz, Editor, 1982 - 260 páginas

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“Um homem energético terá sucesso, enquanto um indolente vegetará e inevitavelmente sucumbirá.”

Jules Verne (1828–1905) escritor francês

A Viagem ao Centro da Terra (1864), A Ilha Misteriosa (1875)

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“Escreve. Seja uma carta, um diário ou umas notas enquanto falas ao telefone, mas escreve.”

Paulo Coelho (1947) escritor e letrista brasileiro

Paulo Coelho in: "Fazendo anotações" Mensagem do dia; Portal G1 http://g1.globo.com/platb/paulocoelho/2009/08/31/fazendo-anotacoes/
Pessoais

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“Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade.”

Pearl S. Buck (1892–1973)

citado em "Frases Geniais" - Página 14, de PAULO BUCHSBAUM - Editora Ediouro Publicações, ISBN 8500015330, 9788500015335

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“Aquele que se deixa prender por uma Alegria / Rasga as asas da vida; / Aquele que beija a Alegria enquanto ela voa / Vive no amanhecer da Eternidade.”

William Blake (1757–1827)

He who binds to himself a joy / Does the winged life destroy / But he who kisses the joy as it flies / Lives in eternity's sun rise
"Eternity" of the "Songs and Ballads"

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“A mercadoria é o núcleo econômico do sistema capitalista e, enquanto ela existir, seus efeitos se farão sentir na organização da produção e, conseqüentemente, na consciência.”

Che Guevara (1928–1967) guerrilheiro e político, líder da Revolução Cubana

La mercancía es la célula económica de la sociedad capitalista; mientras exista, sus efectos se harán sentir en la organización de la producción y, por ende, en la conciencia
La revolución latinoamericana - página 131, Ernesto Guevara - Editorial Encuadre, 1973 - 188 páginas

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“Lembrando-se destas coisas enquanto aprontavam o baú de José Arcadio, Úrsula se perguntava se não era preferível se deitar logo de uma vez na sepultura e lhe jogarem a terra por cima, e perguntava a Deus, sem medo, se realmente acreditava que as pessoas eram feitas de ferro para suportar tantas penas e mortificações; e perguntando e perguntando ia atiçando a sua própria perturbação e sentia desejos irreprimíveis de se soltar e não ter papas na língua como um forasteiro e de se permitir afinal um instante de rebeldia, o instante tantas vezes desejado e tantas vezes adiado, para cortar a resignação pela raiz e cagar de uma vez para tudo e tirar do coração os infinitos montes de palavrões que tivera que engolir durante um século inteiro de conformismo.”

Gabriel García Márquez (1927–2014)

Porra! — gritou.
Amaranta, que começava a colocar a roupa no baú, pensou que ela tinha sido picada por um escorpião.
Onde está? — perguntou alarmada.
O quê?
O animal!— esclareceu Amaranta.
Úrsula pôs o dedo no coração.
Aqui — disse.
Cem anos de solidão, Capítulo 13
Variante: Úrsula se perguntava se não era preferível se deitar logo de uma vez na sepultura e lhe jogarem a terra por cima, e perguntava a Deus, sem medo, se realmente acreditava que as pessoas eram feitas de ferro para suportar tantas penas e mortificações. E perguntando e perguntando ia atiçando sua própria perturbação e sentia desejos irreprimíveis de se soltar e não ter papas na língua como um forasteiro e de se permitir afinal um instante de rebeldia, o instante tantas vezes desejado e tantas vezes adiado, para cortar a resignação pela raiz e cagar de uma vez para tudo e tirar do coração os infinitos montes de palavrões que tivera que engolir durante um século inteiro de conformismo.
– Porra! – gritou.
Amaranta, que começava a colocar a roupa no baú, pensou que ela tinha sido picada por um escorpião.
– Onde está? – perguntou alarmada.
– O quê?
– O animal! – esclareceu Amaranta.
Úrsula pôs o dedo no coração.
– Aqui – disse

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“Enquanto odiares, haverá gente para odiar.”

George Harrison (1943–2001) Cantor, compositor, produtor musical e cinematográfico britânico

"As long as you hate, there will be people to hate"

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“Se uma pergunta tão irrelevante fosse feita a George Washington, ele teria varado Starr com sua espada, enquanto Abraham Lincoln o teria jogado pela janela.”

Gore Vidal (1925–2012)

Gore Vidal, escritor americano, referindo-se ao interrogatório do promotor Kenneth Starr sobre a atividade sexual do presidente Clinton; como citado em Revista Veja http://veja.abril.com.br/231298/p_012.html, edição retrospectiva 98, 23/12/98

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“Neste mundo, companheiros, o pecado que paga seu percurso pode viajar livremente, mesmo sem passaporte; enquanto a virtude, como uma pobre, é detida em todas as fronteiras.”

Variante: Neste mundo, o pecado que paga a passagem pode viajar tranquilamente e sem passaporte, enquanto que a virtude em um pobre é detida em todas as fronteiras.
Fonte: Moby Dick

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“Vocês me matarão dez homens, enquanto eu lhes matarei um, mas, mesmo com essa conta, vocês não poderão agüentar e eu ganharei.”

Ho Chi Minh (1890–1969)

Ho Chi Minh, líder comunista vietnamita, avisando aos franceses, em 1946, que seu país estava preparado para lutar pela independência; como citado em Revista Veja http://veja.abril.com.br/especiais/seculo20/vejaessa.html, Século 20

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“Qualquer um enquanto indivíduo é toleravelmente sensível e razoável - como membro de uma multidão, torna-se de imediato um bruto.”

Friedrich Schiller (1759–1805)

Anyone, taken as an individual, is tolerably sensible and reasonable. As a member of a crowd he at once becomes a blockhead.
Schiller em "Gelehrte Gesellschaften", conforme citado por "Psychology of war: lectures. With appendix: Causes of war" - página 31, Army Service Schools Press, 1918 - 172 páginas
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“Continuarás a ser jovem enquanto aprendes, criares novos hábitos e não te importares que te contradigam.”

Man bleibt jung so lange man noch lernen, neue Gewohnheiten annehmen und einen Widerspruch ertragen kann.
Gesammelte Schriften: Aphorismen. Parabeln, Märchen und Gedichte - Volume 1 de Gesammelte Schriften, página 64, Marie von Ebner-Eschenbach - Paetel, 1893

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“Enquanto o nosso governo é administrado para o bem das pessoas, e é regulamentado por sua vontade, enquanto é protegido os direitos das pessoas e dos bens, a liberdade de consciência e de imprensa, valerá defender.”

Andrew Jackson (1767–1845) político estadunidense, 7° presidente dos Estados Unidos da América

As long as our government is administered for the good of the people, and is regulated by their will; as long as it secures to us the rights of persons and of property, liberty of conscience, and of the press, it will be worth defending.
First Inaugural Address (4 de março de 1829)

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“Você tem-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em ti.”

Aurélio Agostinho (354–430) bispo, teólogo e filósofo cristão

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“Nem a minha mãe sabe, eu misturei a cabeça dela. Enquanto as pessoas estão preocupadas com a minha idade, elas vão despencando e eu vou ficando cada vez mais inteira.”

Glória Maria (1949) jornalista brasileira

assumindo não revela quantos anos tem, apesar de ter nascido em 1949
Fonte: Revista Isto É Gente! n. 327

“Eu penso que Jesus devia de nascer em Belém na Paraíba. Sim, em Belém, perto de Guarabira e vizinho de Pirpirituba. E se não bastasse a vizinhança a indicar a rima e o caminho, perto de Nova Cruz. Teria sido filho caçula de uma Dona Maria, mulher dona de beleza e inspiradora de bondade nas pessoas. Teria sido menino moreno, muito esperto, embalado em rede de algodão cru. Teria tido sandálias com currulepo entre os dedos e cajus, em dezembro, a lhe matar a sede. E seu pastor… um vaqueiro nordestino, de gibão e perneira e guarda-peito, para livrar as suas carnes da Jurema. Teriam vindo adorar o deus-menino os Santos Reis entrelaçados de bom jeito: um negro, um índio e um branco português. Teria sido fácil encontrar espinhos, para coroar a fronte de Jesus, e um pau de arara em São José do Egito para levá-lo, retirante, para São Paulo. Um santo feito para as grandes secas! 'Meu Deus, meu Deus, por que nos abandonaste…', exclamaria enquanto repartiria com o povo nu as suas vestes, multiplicadas como pães ou peixes. Quando criança, o Jesus da Paraíba teria sido carpinteiro como seu pai, teria feito caixões azuis para os anjos do lugar. E proezas num cavalo de pau. Sim, num cavalo de pau, pois seu jumento teria sido muito magro e nem teria servido para carne de jabá. Jesus teria sido um menino desnutrido a fazer o bem, desnutrido como os outros da região, onde as coisas só vão na base do milagre ou da força parida da vontade. Eu penso que Jesus devia de nascer em Belém, na Paraíba!""..”

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“Enquanto houver miséria e opressão, ser comunista é a nossa decisão”

Oscar Niemeyer (1907–2012) Arquiteto brasileiro

citado em "PCB, 80 anos de luta" - página 167, Hiran Roedel - Fundação Dinarco Reis, 2002 - 183 páginas

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“Todos aqueles quatro dele são em grama, enquanto eu tenho que disputar alguns em quadras duras!”

Roger Federer (1981) Jogador de ténis suíço

Federer explicando, de maneira bem-humorada, por que é mais difícil ele ganhar todos os torneios do Grand Slam em tênis do que Tiger Woods ganhar no golfe. http://thestar.com.my/news/story.asp?file=/2007/2/5/apworld/20070205075903&sec=apworld

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“A ata também contradiz a presidente em relação às contas públicas. Enquanto a primeira mandatária garante que a "política fiscal é robusta", o Copom vê o "balanço do setor público em posição expansionista", com crescente elevação dos gastos públicos, o que acaba elevando a pressão inflacionária.”

Aécio Neves (1960) político brasileiro

Aécio Neves artigo do senador publicado dia 22 de julho de 2013.
Fonte Folha de S.Paulo http://www1.folha.uol.com.br/colunas/aecioneves/2013/07/1314599-validade.shtml

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“De tudo, ao meu amor serei atento antes, e com tal zelo, e sempre e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento e em seu louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto ao seu pesar ou seu contentamento. É assim, quando mas tarde me procure quem sabe a morte, angústia de quem vive quem sabe a solidão, fim de quem ama eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama mas seja infinto enquanto dure.”

Vinícius de Moraes (1913–1980) cantor, poeta, compositor e diplomata brasileiro

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Variante: De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Fonte: ** (MORAES, VINICIUS DE. Poesia completa e prosa.3.ed. Rio de Janeiro: Nova aguilar, 1998,p. 289, ISBN 9788581811949)

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“César, grande em tudo,
não acreditava em nada efectivamente enquanto existisse algo por fazer.”

Lucano (39–65)

Variante: César, grande em tudo,
não acreditava em nada efetivamente enquanto existisse algo por fazer.

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“Nunca conseguimos fazer nada correctamente enquanto não pararmos de pensar em como o fazer.”

William Hazlitt (1778–1830)

Variante: Nunca conseguimos fazer nada corretamente enquanto não pararmos de pensar em como o fazer.

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“Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no facto de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.”

Bertrand Russell (1872–1970)

Variante: Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.

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“Enquanto houver sangue em meu corpo, não paro de atuar.”

Tônia Carrero (1922–2018) atriz brasileira de teatro, novelas, televisão e cinema
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“Fiz a descida toda no escuro. Agora via-se a Lua entre nuvens ralas de rebordos claros e a noite estava perfumada, ouvia-se o ruído hipnótico das ondas. Já na praia tirei os sapatos, a areia era fria, uma luz azul-cinza alongava-se até ao mar e depois espalhava-se pela extensão trémula da água. Pensei: sim, a Lila tem razão, a beleza das coisas é uma caracterização, o céu é o trono do medo; estou viva, neste momento, aqui a dez passos da água e na verdade isso não é belo, é aterrador; faço parte, juntamente com esta praia, com o mar, com o fervilhar de todas as formas animais, do terror universal; neste momento sou a partícula infinitesimal através da qual o terror de cada coisa toma consciência de si; eu; eu que oiço o ruído do mar, que sinto a humidade e a areia fria; eu que imagino Ischia inteira, os corpos abraçados de Nino e Lila, Stefano a dormir sozinho na casa nova cada vez menos nova, as Fúrias a favorecerem a felicidade de hoje para alimentarem a violência de amanhã. Sim, é verdade, tenho muito medo e por isso desejo que tudo acabe depressa, que as imagens dos pesadelos me comam a alma. Desejo que desta obscuridade saiam bandos de cães raivosos, víboras, escorpiões, enormes serpentes marinhas. Desejo que enquanto estou aqui sentada, à beira do mar, surjam da noite assassinos que me martirizem o corpo. Oh, sim, que eu seja castigada pela minha inadaptação, que me aconteça o pior, algo tão devastador que me impeça de fazer frente a esta noite, ao dia de amanhã, às horas e aos dias que me confirmarão, com provas cada vez mais esmagadoras, a minha constituição inadequada.”

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“Os romances nunca serão totalmente imaginários nem totalmente reais. Ler um romance é confrontar-se tanto com a imaginação do autor quanto com o mundo real cuja superfície arranhamos com uma curiosidade tão inquieta. Quando nos refugiamos num canto, nos deitamos numa cama, nos estendemos num divã com um romance nas mãos, nossa imaginação passa a trafegar o tempo entre o mundo daquele romance e o mundo no qual ainda vivemos. O romance em nossas mãos pode nos levar a um outro mundo onde nunca estivemos, que nunca vimos ou de que nunca tivemos notícia. Ou pode nos levar até as profundezas ocultas de um personagem que, na superfície, parece semelhante às pessoas que conhecemos melhor. Estou chamando atenção para cada uma dessas possibilidades isoladas porque há uma visão que acalento de tempos em tempos que abarca os dois extremos. Às vezes tento conjurar, um a um, uma multidão de leitores recolhidos num canto e aninhados em suas poltronas com um romance nas mãos; e também tento imaginar a geografia de sua vida cotidiana. E então, diante dos meus olhos, milhares, dezenas de milhares de leitores vão tomando forma, distribuídos por todas as ruas da cidade, enquanto eles lêem, sonham os sonhos do autor, imaginam a existência dos seus heróis e vêem o seu mundo. E então, agora, esses leitores, como o próprio autor, acabam tentando imaginar o outro; eles também se põem no lugar de outra pessoa. E são esses os momentos em que sentimos a presença da humanidade, da compaixão, da tolerância, da piedade e do amor no nosso coração: porque a grande literatura não se dirige à nossa capacidade de julgamento, e sim à nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro.”

Orhan Pamuk (1952) escritor turco, vencedor do Prêmio Nobel de literatura de 2006
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“O único referente que ainda funciona é o da maioria silenciosa. Todos os sistemas atuais funcionam sobre essa entidade nebulosa, sobre essa substância flutuante cuja existência não é mais social mas estatística, e cujo único modo de aparição é o da sondagem. Simulação no horizonte do social, ou melhor, no horizonte em que o social já desapareceu.

O fato de a maioria silenciosa (ou as massas) ser um referente imaginário não quer dizer que ela não existe. Isso quer dizer que não há mais representação possível. As massas não são mais um referente porque não têm mais natureza representativa. Elas não se expressam, são sondadas. Elas não se refletem, são testadas.
(…)Bombardeadas de estímulos, de mensagens e de testes, as massas não são mais do que um jazigo opaco, cego, como os amontoados de gases estelares que só são conhecidos através da análise do seu espectro luminoso - espectro de radiações equivalente às estatísticas e às sondagens. Mais exatamente: não é mais possível se tratar de expressão ou de representação, mas somente de simulação de um social para sempre inexprimível e inexprimido. Esse é o sentido do seu silêncio. Mas esse silêncio é paradoxal - não é um silêncio que fala, é um silêncio que proíbe que se fale em seu nome. E, nesse sentido, longe de ser uma forma de alienação, é uma arma absoluta.

Ninguém pode dizer que representa a maioria silenciosa, e esta é sua vingança. As massas não são mais uma instância à qual se possa referir como outrora se referia à classe ou ao povo. Isoladas em seu silêncio, não são mais sujeito (sobretudo, não da história), elas não podem, portanto, ser faladas, articuladas, representadas, nem passar pelo “estágio do espelho” político e pelo ciclo das identificações imaginárias. Percebe-se que poder resulta disso: não sendo sujeito, elas não podem ser alienadas - nem em sua própria linguagem (elas não têm uma), nem em alguma outra que pretendesse falar por elas. Fim das esperanças revolucionárias. Porque estas sempre especularam sobre a possibilidade de as massas, como da classe proletária, se negarem enquanto tais. Mas a massa não é um lugar de negatividade nem de explosão, é um lugar de absorção e de implosão.”

In the Shadow of the Silent Majorities

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