Citações de sonhos
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“A morte é um sono sem sonhos”

Napoleão Bonaparte (1769–1821) monarca francês, militar e líder político

La mort est un sommeil sans rêve
Napoleão Bonaparte; Napoléon: Ses opinions et jugemens sur les hommes et sur les choses, Volume 2, página 165 https://books.google.com.br/books?id=Px5IAQAAMAAJ&pg=PA165, Napoleon I (Emperor of the French) - Duféy,1838

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“Os sonhos existem para tornar-se realidade.”

Walt Disney (1901–1966) Cofundador da The Walt Disney Company
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“Stendhal, desde infância, amou as mulheres sensualmente; projetou nelas as aspirações de sua adolescência; imaginava-se de bom grado salvando de algum perigo uma bela desconhecida e conquistando-lhe o amor. Chegando a Paris, o que desejava mais ardentemente era "uma mulher encantadora; nós nos adoraremos, ela conhecerá minha alma"… Velho, escreve na poeira as iniciais das mulheres que mais amou. "Creio que foi o devaneio que preferi a tudo", confia-nos ele. E são imagens de
mulheres que lhe alimentaram os sonhos; a lembrança delas anima as paisagens. "A linha de rochedos aproximando-se de Arbois, creio, e vindo de Dôle pela estrada principal, foi para mim uma imagem sensível e evidente da alma de Métilde." A música, a pintura, a arquitetura, tudo o que amou, amou-o com uma alma de amante infeliz; quando passeia em Roma, a cada página, uma mulher aparece; nas saudades, nos desejos, nas tristezas, nas alegrias
que elas suscitaram-lhe, conheceu o gosto do próprio coração; a elas é que deseja como juizes. Freqüenta-lhes os salões, procura mostrar-se brilhante aos seus olhos, deveu-lhes suas maiores felicidades, suas penas; foram sua principal ocupação. Prefere seu amor a toda amizade e sua amizade à dos homens; mulheres inspiram seus livros, figuras de mulheres os povoam; é em grande parte para elas que escreve. "Corro o risco de ser lido em 1900 pelas almas que amo, as Mme Roland, as Mélanie Guibert…" As mulheres foram a própria subsistência de sua vida. De onde lhe veio esse privilégio? Esse terno amigo das mulheres, e precisamente porque as ama em sua verdade, não crê no mistério feminino; nenhuma essência define de uma vez por todas a mulher; a idéia de um "eterno feminino" parece-lhe pedante e ridículo. "Pedantes repetem há dois mil anos que as mulheres têm o espírito mais vivo e os homens, mais solidez; que as mulheres têm mais delicadeza nas idéias e os homens, maior capacidade de atenção. Um basbaque de Paris que passeava outrora pelos jardins de Versalhes concluía, do que via, que as árvores nascem podadas." As diferenças que se observam entre os homens e as mulheres refletem as de sua situação. Por exemplo, por que não seriam as mulheres mais romanescas do que seus amantes? "Uma mulher com seu bastidor de bordar, trabalho insípido que só ocupa as mãos, pensa no amante, enquanto este galopando no campo com seu esquadrão é preso se faz um movimento em falso." Acusam igualmente as mulheres de carecerem de bom senso. "As mulheres preferem as emoções à razão; é muito simples: como em virtude de nossos costumes vulgares elas não são encarregadas de nenhum negócio na família, a razão nunca lhes ê útil… Encarregai vossa mulher de tratar de vossos interesses com os arrendatários de duas de vossas propriedades; aposto que as contas serão mais bem feitas do que por vós." Se a História revela-nos tão pequeno número de gênios femininos é porque a sociedade as priva de quaisquer meios de expressão: "Todos os gênios que nascem mulheres estão perdidos para a felicidade do público; desde que o acaso lhes dê os meios de se revelarem, vós as vereís desenvolver os mais difíceis talentos." O pior handicap que devem suportar é a educação com que as embrutecem; o opressor esforça-se sempre por diminuir os que oprime; é propositadamente que o homem recusa às mulheres quaisquer possibilidades. "Deixemos ociosas nelas as qualidades mais brilhantes e mais ricas de felicidade para elas mesmas e para nós." Aos dez anos, a menina é mais fina e viva do que seu irmão; com vinte, o moleque é homem de espírito e a moça "uma grande idiota desajeitada, tímida e com medo de urna aranha"; o erro está na formação que teve. Fora necessário dar à mulher exatamente a mesma instrução que se dá aos rapazes.”

The Second Sex

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“Cada pessoa é apenas o sonho de si próprio. Eu nem isso sou.”

Fernando Pessoa (1888–1935) poeta português

Livro do Desassossego I

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“A grande conquista da humanidade, até agora, é não
precisarmos mais temer continuamente os animais selvagens, os bárbaros, os deuses e os nossos sonhos.”

Friedrich Nietzsche (1844–1900) filósofo alemão do século XIX

Daybreak: Thoughts on the Prejudices of Morality

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“Um onnagata é uma criança nascida da união ilícita entre sonho e realidade.”

Yukio Mishima (1925–1970)

Death in Midsummer and Other Stories

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“Quando o grande sacerdote olha para o rico e para o nobre, ele sorri com compaixão e imagina como é possível que essas pessoas não distingam os prazeres pelos sonhos vazios que são. Quando ele percebe belas mulheres, sua única reação é a piedade que sente pelos homens que habitam o mundo de desilusão e que são lançados às ondas do prazer carnal.
A partir do momento que um homem não mais responde, da maneira que for, às razões que regulam o mundo material, este mundo lhe parece estar em total repouso. Aos olhos do grande sacerdote o mundo aparenta apenas repouso; ela torna-se uma mera figura num pedaço de papel, um mapa de uma terra distante. Quando se adquire um estado de espírito cujas paixões malignas do mundo presente foram completamente extinguidas, o medo também é extinguido. Assim o sacerdote já não é capaz de conceber porque o inferno deveria existir.”

Yukio Mishima (1925–1970)

Death in Midsummer and Other Stories
Variante: Quando o grande sacerdote olha para o rico e para o nobre, ele sorri com compaixão e imagina como é possível que essas pessoas não distingam os prazeres pelos sonhos vazios que são. Quando ele percebe belas mulheres, sua única reação é a piedade que sente pelos homens que habitam o mundo de desilusão e que são lançados às ondas do prazer carnal.
A partir do momento que um homem não mais responde, da maneira que for, às razões que regulam o mundo material, este mundo parecer estar em total repouso. Aos olhos do grande sacerdote o mundo aparenta apenas repouso; tornou-se uma mera figura num pedaço de papel, um mapa de uma terra distante. Quando se adquire um estado de espírito cujas paixões malignas do mundo presente foram completamente extinguidas, o medo também é extinguido. Assim o sacerdote já não é capaz de conceber porque o inferno deveria existir.

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“Sempre que sonhava, morria no sonho.”

Bone by Bone

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“A Etimologia tentou separar duas raízes: de um lado a raiz-lua que, com men (lua) e mensis (mes) pertence a raíz ma do sacrifício mas; e de outro, a raiz sânscrita manas, com menos (grego), mens (latim) etc., que representa o espirito por excelência.
Da raiz-espírito brota uma ampla ramificação de sentidos espirituais significativos: menos, espirito, coração, alma, coragem, ardor; menoinan, considerar, meditar, desejar; memona, ter em mente, pretender; mainomai pensar e também perder-se em pensamentos e delirar, a qual pertence mania, loucura, possessão e também manteia, profecia. Outros ramos da mesma raiz-espírito são menis, menos, raiva, menuo, indicar, revelar; meno, permanecer, demorar-se, manthano, aprender; menini, lembrar; e mentiri, mentir. Todas essas raízes-espírito originam-se de uma raiz original sânscrita Mati-h, que significa pensamento, intenção.
Em nenhum lugar, seja ele qual for, essa raiz foi colocada em oposição a raiz-lua, men, lua; mensis, mes; mas, que e ligado a ma, medir. Dessa raiz origina-se não só matra-m, medida, mas também metis, inteligência, sabedoria; matiesthai, meditar, ter em mente, sonhar; e, mais ainda, para nossa surpresa, verificamos que essa raiz-lua, pretensamente oposta a raiz-espírito, e da mesma maneira derivada da raiz sânscrita mati-h, significando medida, conhecimento.
Em conseqüência, a única raiz arquetípica subjacente a esses significados e espírito-lua, que se expressa em todas as suas ramificações diversificadas, revelando-nos assim sua natureza e seu significado primordial. O que emana do espírito-lua e um movimento emocional relacionado de perto com as atividades do inconsciente. Na erupção ativa e um espirito igneo: coragem, cólera, possessão e ira; sua auto-revelação conduz a profecia, cogitação e mentira, mas também a poesia. Junto com essa produtividade ignea, no entanto, coloca-se outra atitude mais “ medida “ que medita, sonha, espera e deseja, hesita e se retarda, que se relaciona com a memória e o aprendizado, e cujo efeito e a moderação, a sabedoria e o significado.
Discutindo o assunto em outro lugar, mencionei, como uma atividade primaria do inconsciente, o Einfall, isto e, o pressentimento ou o pensamento que “ estala “ na cabeça. O aparecimento de conteúdos espirituais que penetram na consciência com suficiente forca persuasiva para fascina-la e controla-la, representa provavelmente a primeira forma de emergência do espirito no homem. Enquanto numa consciência ampliada e num ego mais forte esse fator emergente e introjetado e concebido como uma manifestação psíquica interna, no começo parece atingir a psique “ de fora “, como uma revelação sagrada e uma mensagem numinosa dos “ poderes “ ou deuses. O ego, ao experimentar esses conteúdos como vindos de fora, mesmo quando os chama de intuitos ou inspirações, recebe o fenômeno espiritual espontâneo com a atitude característica do ego da consciência matriacal. Porque ainda e verdade, como sempre foi, que as revelações do espírito-lua são recebidas mais facilmente quando a noite anima o inconsciente e provoca a introversão do que a luz brilhante do dia.”

The Fear of the Feminine and Other Essays on Feminine Psychology

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“(Página 45)
""A enfermaria zumbe da maneira como ouvi uma fábrica de tecido zumbir uma vez, quando o time de futebol jogou com a escola secundária na Califórnia. Depois de uma boa temporada, s promotores da cidade estavam tão orgulhosos e exaltados que pagavam para que fôssemos de avião até a Califórnia para disputar um campeonato de escolas secundárias com o time de lá. Quando chegamos à cidade tivemos de visitar um indústria local qualquer. Nosso treinador era um daqueles dados a convencer as pessoas de que o atletismo era educativo por causa do aprendizado proporcionado pelas viagens, e em todas as viagens que fazíamos ele carregava com o time para visitar fábricas de laticínios, fazendas de plantação de beterraba e fábricas de conservas, antes do jogo. Na Califórnia foi uma fábrica de tecido. Quando entramos na fábrica, a maior parte do time deu uma olhada rápida e saiu para ir sentar-se no ônibus e jogar pôquer em cima das malas, mas eu fiquei lá dentro numa canto, fora do caminho das moças negras que corriam de um lado para o outro entre as fileiras de máquinas.
A fábrica me colocou numa espécie de sonho, todos aqueles zumbidos e estalos a chocalhar de gente e de máquinas sacudindo-se em espasmos regulares. Foi por isso que eu fiquei quando todos os outros se foram, por isso e porque aquilo me lembrou de alguma forma os homens da tribo que haviam deixado a aldeia nos últimos dias para ir trabalhar na trituradora de pedras para a represa. O padrão frenético, os rostos hipnotizados pela rotina… eu queria ir com o time, mas não pude.
Era de manhã, no princípio do inverno, e eu ainda usava a jaqueta que nos deram quando ganhamos o campeonato - uma jaqueta vermelha e verde com mangas de couro e um emblema com o formato de uma bola de futebol bordado nas costas, dizendo o que havíamos vencido - e ela estava fazendo com que uma porção de moças negras olhassem. Eu a tirei, mas elas continuaram olhando. Eu era muito maior naquela época. ""

(Página 46)

""Uma das moças afastou-se de sua máquina e olhou para um lado e para o outro das passagens entre as máquinas, para ver se o capataz estava por perto, depois veio até onde eu estava. Perguntou se íamos jogar na escola secundária naquela noite e me disse que tinha um irmão que jogava como zagueiro para eles. Falamos um pouco a respeito do futebol e coisas assim, e reparei como o rosto dela parecia indistinto, como se houvesse uma névoa entre nós dois. Era a lanugem de algodão pairando no ar.
Falei-lhe a respeito da lanugem. Ela revirou os olhos e cobriu a boca com a mão, para rir, quando eu lhe disse como era parecido com o olhar o seu rosto numa manhã enevoada de caça ao pato. E ela disse : "" Agora me diga para que é que você quereria nesse bendito mundo estar sozinho comigo lá fora, numa tocaia de pato?"" Disse-lhe que ela poderia tomar de conta da minha arma, e as moças começaram a rir com a boca escondida atrás das mãos na fábrica inteira. Eu também ri um pouco, vendo como havia parecido inteligente. Anda estávamos conversando e rindo quando ela agarrou meus pulsos e os apertou com as mãos. Os traços do seu rosto de repente se acentuaram num foco radioso; vi que ela estava aterrorizada por alguma coisa.
- Leve-me - disse ela num murmúrio - Leve-me mesmo garotão. Para fora desta fábrica aqui, para fora desta cidade, para fora desta vida. Me leva para uma tocaia de pato qualquer, num lugar qualquer. Num outro lugar qualquer. Hem garotão, hem?”

One Flew Over the Cuckoo's Nest

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“Viver do sonho e para o sonho, desmanchando o Universo e recompondo-o, distraidamente confere mais apego ao nosso momento de sonhar. Fazer isto consciente, muito conscientemente, da inutilidade de o fazer. Ignorar a vida com todo o corpo, perder-se da realidade com todos os sentidos, abdicar do amor com toda a alma. Encher de areia vã os cântaros da nossa ida à fonte de despejá-los para os tornar a encher e despejar, futilissimamente.

Tecer grinaldas para, logo que acabadas, as desmanchar totalmente e minuciosamente.

Pegar em tintas e misturá-las na paleta sem tela ante nós onde pintar. Mandar vir pedra para burilar sem ter buril nem ser escultor. Fazer de tudo um absurdo e requintar para fúteis todas as nossas estéreis horas. Jogar às escondidas com a nossa consciência de viver.

Ouvir as horas dizer-nos que existimos com um sorriso deliciado e incrédulo. Ver o Tempo pintar o mundo e achar o quadro não só falso mas vão.

Pensar em frases que se contradigam, falando alto em sons que não são sons e cores que não são cores. Dizer — e compreendê-lo, o que é aliás impossível — que temos consciência de não ter consciência, e que não somos o que somos. Explicar isto tudo por um sentido oculto e paradoxo que as coisas tenham no seu aspecto outro-lado e divino, e não acreditar demasiado na explicação para que não hajamos de a abandonar.

Esculpir em silêncio nulo todos os nossos sonhos de falar. Estagnar em torpor todos os nossos pensamentos de ação.

E sobre tudo isto, como um céu uno e azul, o horror de viver paira alheadamente.”

Fernando Pessoa (1888–1935) poeta português

Livro do desassossego

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“Nosso esforço para ler e visualizar um romance está relacionado com nosso desejo de ser especiais e distinguir-nos dos outros. E esse sentimento tem a ver com nosso desejo de identificar- nos com as personagens do romance, cuja vida é diferente da nossa. Lendo Ulysses, sentimo-nos bem, em primeiro lugar, porque tentamos identificar-nos com as personagens, cuja vida, cujos sonhos, ambiente, temores, planos e tradições são tão diferentes dos nossos. Mas depois esse sentimento é ampliado por nossa consciência de que estamos lendo um romance "difícil" - e, no fundo, sentimo-nos empenhados numa atividade de certa distinção. Quando lemos a obra de um escritor desafiador como Joyce, parte de nosso cérebro está ocupada se congratulando conosco por lermos um escritor como Joyce.
Quando tirou da bolsa seu volume de Proust, no dia da matrícula, Ayse pretendia não desperdiçar o tempo que passaria na fila; mas provavelmente também queria mostrar como era diferente, fazendo um gesto social que lhe permitiria encontrar outros estudantes iguais a ela. Poderíamos descrevê-Ia como uma leitora sentimental-reflexiva, consciente do significado de seu gesto. E é provável que Zeynep fosse o tipo de leitora ingênua que, comparada com Ayse, tinha menos consciência do ar de distinção que um romance pode conferir a seus leitores. Ao menos podemos imaginar, sem correr o risco de estar enganados, que assim Ayse a via. A ingenuidade e a sentimentalidade do leitor – como uma consciência do artifício do romance - estão relacionadas com um interesse pelo contexto e pela maneira como se lê um romance e com o lugar do escritor nesse contexto.”

Orhan Pamuk (1952) escritor turco, vencedor do Prêmio Nobel de literatura de 2006

The Naive and the Sentimental Novelist

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“A gente sempre tem condições de fazer o que sonha.”

The Alchemist

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“Nossos sonhos podem obscurecer as linhas intransigentes que desenham os contornos que nos aprisionam?”

Sylvia Plath (1932–1963) poetisa e escritora americana

The Collected Poems

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“DATILOGRAFIA Traço, sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano, Firmo o projeto, aqui isolado, Remoto até de quem eu sou. Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro, O tique-taque estalado das máquinas de escrever. Que náusea da vida! Que abjeção esta regularidade! Que sono este ser assim! Outrora, quando fui outro, eram castelos e cavaleiros (Ilustrações, talvez, de qualquer livro de infância), Outrora, quando fui verdadeiro ao meu sonho, Eram grandes paisagens do Norte, explícitas de neve, Eram grandes palmares do Sul, opulentos de verdes. Outrora. Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro, O tique-taque estalado das máquinas de escrever. Temos todos duas vidas: A verdadeira, que é a que sonhamos na infância, E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de névoa; A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros, Que é a prática, a útil, Aquela em que acabam por nos meter num caixão. Na outra não há caixões, nem mortes, Há só ilustrações de infância: Grandes livros coloridos, para ver mas não ler; Grandes páginas de cores para recordar mais tarde. Na outra somos nós, Na outra vivemos; Nesta morremos, que é o que viver quer dizer; Neste momento, pela náusea, vivo na outra… Mas ao lado, acompanhamento banalmente sinistro, Ergue a voz o tique-taque estalado das máquinas de escrever.”

Fernando Pessoa (1888–1935) poeta português

Fernando Pessoa - Poesia Completa de Álvaro de Campos

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“O Filósofo & O Prisioneiro - Uma Alegoria para sabedoria da vida

Condenado a pena de morte o Filósofo sentava-se solitário em sua cela, enquanto observava o céu estrelado pela pequena janela que ali havia.

Faltando apenas algumas horas para sua execução, um outro prisioneiro é arremessado em sua cela

– Faltam-te apenas duas horas! E a morte irá beijá-lo! Gritou o guarda enquanto os enjaulava sem piedade

Após levantar-se e limpar suas roupas sujas. O prisioneiro encara aquele velho homem de barbas longas que encontrava-se ali parado, observando atentamente o céu noturno

– O Guarda disse que você só tem duas horas de vida… Como se sente?

Questionou o prisioneiro de forma tímida e preocupada, tentando puxar assunto. Enquanto isso o filósofo seguia em silencio observando o céu estrelado.

O Prisioneiro por sua vez, caminhava de um lado para o outro incansavelmente preocupado

– Para mim, imagino que faltam três ou quatro horas… Droga! Eu mal consegui realizar os meus sonhos… O que você pretende fazer nas suas duas últimas horas?

Persistia o prisioneiro em uma tentativa falha de diálogo, enquanto caminhava de um lado para o outro, preocupado e com o medo da morte começa a remover sua camiseta e amarra-la na parte mais alta da cela

– Quer saber? Pode ficar ai, fingindo que está tudo bem. Eu vou me matar, eu prefiro isso do que ser condenado a cadeira elétrica!

O Filósofo, ao escutar tais palavras sórdidas volta sua atenção a aquela pobre alma.

– Antes de prosseguir com esse ato, poderia por favor vir aqui ver algo?

Disse o filósofo em tonalidade calma e serena

O Prisioneiro indaga – Ver o que? Não há nada que possa nos salvar agora

– Eu insisto, tenho algo a mostrar-te…

O Prisioneiro então caminha até a janela

– Está vendo aquela estrela? A Mais brilhante dentre elas Disse o Filósofo apontando com os dedos para o céu estrelado

– Sim, estou sim, aquela com uma tonalidade meio azulada não é? – Ela mesmo…

O Filósofo encosta-se na parede, e com a voz calma ele diz

– Observe a atentamente, imagine que naquela estrela existe também um planeta

Um planeta tal como o nosso, com heróis e vilões, deuses e homens, sábios e tolos, o quão fascinante não seria? O Quão fascinante não seria estar observando-os agora neste momento oportuno, a algumas horas antes da nossa morte…

O Prisioneiro encantado com tais palavras, observava atentamente aquela estrela, e toda aquela euforia e preocupação que havia em sua mente aos poucos se esvai

O Filósofo então, coloca as mãos nos ombros daquela pobre alma e diz

– Essa estrela, já pode ter se apagado a muito tempo embora ainda estejamos contemplando a sua luz (…) Toda a vida que um dia viveu sobre o calor daquela estrela, hoje se encontra no mais sublime silencio da doce morte que os encontra

Tal como a nossa estrela, que é um ponto luminoso no céu noturno de alguém

Quando morrermos, a luz da nossa estrela servirá como um suspiro de esperança para homens que como nós aguardam o sublime beijo da dona morte.

O Prisioneiro com os olhos cheios de lágrimas e o coração calmo, sorri, e mesmo diante da inevitável morte encontrava-se tranquilo

– Então não temes a morte? Perguntou o Prisioneiro

O Filósofo caminha até a janela, e olhando para o céu noturno com a contemplação filosófica de que a sua morte de nada importava para o universo

Sorrindo ele responde

– A realização de que vou virar pó, paradoxalmente me tranquiliza…”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro
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