Frases sobre sobra
Uma coleção de frases e citações sobre o tema da sobra.
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„Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre ideias, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas.“
— Platão filósofo grego -427 - -347 a.C.

„A maioria das pessoas, seja o que for que essas pessoas possam pensar e dizer de seu “egoísmo”, nada fazem durante sua vida por seu ego, mas somente pelo fantasma de ego que se formou com eles no espírito de seu meio antes de se comunicar a eles; — por conseguinte, vivem numa névoa de opiniões impessoais, de apreciações fortuitas e fictícias, um a respeito do outro, e assim em seqüência, um sempre no espírito do outro. Estranho mundo de fantasmas que sabe dar-se uma aparência tão razoável! Esse nevoeiro de opiniões e de hábitos cresce e vive quase independentemente dos homens que envolve; dele depende prodigiosa influencia dos juízos de ordem geral sobre “o homem”— todos esses homens que não se conhecem uns aos outros
acreditam nessa coisa abstrata que se chama “homem”, isto é, numa ficção…“
— Friedrich Nietzsche filósofo alemão do século XIX 1844 - 1900

„Eu acredito no valor supremo do indivíduo e em seu direito à vida, liberdade e a busca da felicidade.
Eu acredito que todo direito implica uma responsabilidade; toda oportunidade, uma obrigação; cada possessão, um dever.
Creio que a lei foi feita para o homem e não para o homem pela lei; esse governo é o servo do povo e não seu mestre.
Eu acredito na dignidade do trabalho, seja com a cabeça ou a mão; que o mundo não deve a ninguém viver, mas que deve a todo homem uma oportunidade de ganhar a vida.
Acredito que a economia é essencial para uma vida bem ordenada e que a economia é um requisito primordial de uma estrutura financeira sólida, seja no governo, nos negócios ou nos assuntos pessoais.
Acredito que a verdade e a justiça são fundamentais para uma ordem social duradoura.
Eu acredito na santidade de uma promessa, que a palavra de um homem deve ser tão boa quanto o seu vínculo, que o caráter - não riqueza, poder ou posição - é de valor supremo.
Creio que a prestação de serviço útil é o dever comum da humanidade e que somente no fogo purificador do sacrifício é a escória do egoísmo consumido e a grandeza da alma humana libertada.
Acredito em um Deus todo-sábio e todo-amoroso, nomeado por qualquer nome, e que a maior realização do indivíduo, maior felicidade e maior utilidade sejam encontradas em viver em harmonia com a Sua vontade.
Eu acredito que o amor é a melhor coisa do mundo; que só ele pode superar o ódio; esse direito pode e triunfará sobre o poder.“
— John Davison Rockefeller Personalidade 1839 - 1937

„O homem que não lê bons livros não tem nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler.“
— Mark Twain escritor, humorista e inventor norte-americano 1835 - 1910
Variante: O homem que não lê não tem nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler.

„Poema – Tudo que eu preciso fazer agora é dormir
Acordei as seis horas da manhã
com um vazio em meu peito
que me faz desejar um câncer em meu cérebro
Preciso devolver um livro na biblioteca
ando pela rua como um homem doente
passei tanto tempo sozinho
que eu já não sei mais conviver em sociedade
Chego até a biblioteca
o local está repleto de gente
todos eles me olham com cara de nojo
Como se eu fosse algum tipo de monstro
não posso culpá-los
talvez eu realmente seja
Na minha mente
estão todos mortos
e o diabo dança sobre os seus cadáveres
Caminho em direção a balconista
e as minhas pernas começam a falhar
sem que eu perceba caio em meio a uma pilha de livros
As pessoas correm ao meu redor
e me apontam os seus dedos sujos
Levanto-me em desespero,
e volto correndo para casa
Tranco-me em meu quarto
como quem procura se esconder das estrelas
e novamente eu sou um lobo solitário
abandonado em um ninho de ratos
As paredes do meu quarto
jorram o sangue de um suicídio inevitável
Todos os dias eu me pergunto;
O que diabos eu estou fazendo aqui?
quando foi que eu me perdi?
Rasguei as entranhas da minha própria Mãe
e a amaldiçoei com a minha vida
Eu afastei todos aqueles
que se aproximaram de mim
Como uma barata
que rasteja em meio aos vermes
sinto-me repugnante
Sozinho no mundo
um escravo da minha própria insanidade
o Cristo do meu próprio testamento
As fotos velhas na minha estante
me lembram os dias em que eu fui feliz
Sinto-me culpado por existir
e a cada segundo eu me odeio cada vez mais
Volto para o meu quarto,
tudo que eu preciso fazer agora é dormir;
Acordei as seis horas da manhã
com um vazio em meu peito
que me faz desejar um câncer em meu cérebro
Vou até o espelho e me pergunto;
por quantos anos eu ainda irei suportar
essa rotina de sofrimento?
Uma lágrima sincera escorre pelo meu rosto
volto até o meu quarto
decidido a acabar com tudo
sátiros dançam ao redor da minha cama
Pego as minhas roupas e tampo todas as
saídas de ar da minha casa
vou até a cozinha e ligo o gás
Tudo que eu preciso fazer agora
é dormir…“
— Gerson De Rodrigues poeta, escritor e anarquista Brasileiro 1995

„Impressiona-me sobre modo e deve estar impressionando os senhores telespectadores em casa, que um homem que dirigiu a República do Brasil nada tenha a dizer num momento tão importante como este em que estamos, em que se decidirá a eleição da terceira maior metrópole do mundo. Eu tenho tristeza de perceber que o senhor dirigiu o nosso País.“
— Enéas Carneiro 1938 - 2007
Diatribe entre Dr. Enéas Carneiro e Sua Excelência o ex-Presidente da República Fernando Collor de Mello no debate para Prefeitura de São Paulo em 2000

„A greve é um direito inalienável de um trabalhador. Eu nunca disse o contrário. Está no manifesto do meu partido. Isso é uma coisa. Outra coisa é viver disso, é fazer disso profissão de fé. Outra coisa é não ter feito nada além disso, na vida. Como, aliás, o jornal do senhor escreve sobre mim - não sei quem, não me lembro, que eu não gravo o nome dos senhores -; disse que a biografia do senhor candidato do PT era melhor que a minha. Mostre-me o currículo do candidato do PT, mostre-me o que ele fez ao longo da vida.“
— Enéas Carneiro 1938 - 2007
Entrevistado no Programa Roda Viva, da TV Cultura, em 1994

„Um dos meus passatempos na vida, é sentar em um banco de uma praça qualquer aonde passam bastante pessoas, gosto de sentar e observar os seres humanos. É Sempre possível observar o ‘’ Homem bem sucedido’’ de terno e gravata transitando com seu sorriso no rosto, a senhora com a bíblia na mão com esperança e amor nos olhos, a criança inocente que de nada sabe sobre a vida cuja sua preocupação é alimentar os pombos.
Cada humano que observo percebo algo incomum, nenhum deles se preocupa com o que eu me preocupo, não consigo passar nem mesmo algumas horas sem refletir em o quão inútil nós somos perante o universo, ou como irei me portar no enterro da minha mãe – ou como meu filho irá se sentir diante da minha morte.
A Habilidade que os seres humanos possuem em trabalhar como formigas, e sorrir como palhaços me parece um tanto quanto vantajosa a ignorância permite ao homem existir – pensem bem o que seria da humanidade se todos fossemos Niilistas?
Sentado naquele banco observando os humanos que transitam sem parar, sinto-me como alguém que saiu da caverna de platão, e não consegue explicar aos outros a realidade fora dela.
O Quão cruel eu seria? Como posso eu querer tirar do homem feliz a ignorância? Como posso eu tirar do homem a caverna que o protege da realidade.
Então vivo sozinho fora da caverna observando aqueles que ainda vivem nela, lamento-me por aqueles prisioneiros que morrerão sem saber que em suas pernas haviam correntes….“
— Gerson De Rodrigues poeta, escritor e anarquista Brasileiro 1995

„Poema - Isaías 14:12
Se o suicídio de um homem
os assusta
jamais olhe em seus olhos!
Neles existem dores
que jamais conseguiriam compreender;
Já não me importam as estrelas
ou os devaneios longínquos
sinto-me como se estivesse morto
Apático como a navalha
que transformou os meus pulsos
em rios de sangue e miséria
Não restou-me nada
do homem que eu fui
para o verme que eu sou hoje
Logo eu
que sempre lutei por liberdade
tornei-me o escravo do meu próprio abismo
A criança maldita
que só trouxe
miséria aos seus pais
O homem maldito
que traz em seus olhos
a luz da estrela da manhã
refletida em suas lágrimas.
Em mim vivem
monstros terríveis
adormecidos como criaturas do inferno
Todas as noites os acordo
para dançarmos com o Diabo;
Não deveria eu
lançar-me em meio
as chamas do inferno
Com uma corda em meu pescoço
gritando como um louco
- Crucifiquem-me
pois sou Judas!
trai a mim mesmo!
Não consigo pedir ajuda
aos homens
pois sou dono de uma timidez cruel
Não posso pedir ajuda
aos Deuses
pois vendi minha alma ao diabo
Sozinho em meu próprio abismo
solitário em meu próprio inferno
um Deus que perdeu sua própria fé
O amor não pode salvar um homem
que sobre o seu próprio túmulo
rogou bênçãos e sacrilégios;
- Não estão escutando estas
lindas canções?
- Como podem chorar
ao escutar estas belas sinfonias?
Não chorem
pelos meus pulsos dilacerados
Ou pelo homem enforcado
naquele quarto escuro
- Não veem que agora
estou sorrindo?
Um arcanjo de asas negras
sepultou a minha alma
sob a luz da estrela da manhã…“
— Gerson De Rodrigues poeta, escritor e anarquista Brasileiro 1995
Niilismo Morte Deus Existencialismo Vida Nietzsche

„Poema - Os Pássaros na minha janela
Em meu peito vive uma angustia
que transborda pelos meus olhos
Respiro ofegante
sentindo um aperto em meu coração
O desespero toma conta do meu corpo
com as mãos tremendo
entro no banheiro aos prantos
Sem pensar nas consequências
eu me enforco no chuveiro
O meu corpo se debate em agonia
as minhas mãos tremulas tentam
se agarrar nos azulejos
O chuveiro estoura
sou arremessado ao chão de joelhos
e as minhas lágrimas fundem-se com a água
Chorando sem saber o que fazer
eu deito na cama abraçado a solidão
Passaram-se três dias
e eu ainda não me levantei
Vejo o meu corpo
definhar-se com a fome
os meus ossos secarem com a tristeza
As baratas no meu quarto
são as únicas testemunhas
do meu fim decadente
Lá fora há um pássaro
que canta em harmonia
eu poderia morrer agora
e seus sussurros me fariam sorrir
Com o corpo fraco
sentindo todo o peso do mundo
nas minhas costas
Em passos leves
eu tento caminhar até a janela
Ao abri-la
me deparo com um mundo
sombrio e repleto de dor
Sou arremessado de joelhos
nas chamas escaldantes
do meu próprio inferno
Caminhando descalço
em meio as chamas
Eu me vejo enforcado
gritando o meu próprio nome
Cristo se arrasta
ao meu lado de joelhos
enquanto a minha alma chicoteia
as suas costas
só para vê-lo sangrar
Ao fundo
eu vejo a morte
dilacerando almas confusas
com um sorriso em seu rosto
Um diabo terrível
se esgueira sobre os meus pés
E em seus olhos
eu vejo a figura de um homem triste
Deitado na cama
definhando-se com a fome
enquanto as suas angustias
corroem os seus sonhos
e o mata aos poucos
Aquela criatura decadente
definhando-se em seu próprio abismo
era tudo que eu fui
e tudo que eu sou
Aqueles eram os meus sentimentos
minhas dores
e minhas angustias
Os ratos se alimentavam
dos meus restos podres
e as baratas faziam ninhos nas minhas entranhas
Tal como cristo que sorriu
pela ultima vez
quando foi abandonado pelo seu próprio pai
Ou como as estrelas órfãs
a vagar na escuridão
Somente morto eu poderia sorrir
para os pássaros na minha janela…
- Gerson De Rodrigues“
— Gerson De Rodrigues poeta, escritor e anarquista Brasileiro 1995
Morte Niilismo Nietzsche Suicídio Vida

„Poema – Memórias póstumas
Quando eu disser
que me cansei de todas as coisas
não tentem me salvar
Deixem-me cortar os meus punhos
e sangrar até a luz do meio dia
Quando perceberem
que já estou morto
Transformem este dia
em um feriado santo
Batizem os seus filhos
em meu sangue
Exibam o meu corpo
em um altar de glória e poder
Profiram mentiras em meu nome
lembrem-se de memórias das quais
eu nunca vivi
E tampouco
gostaria de tê-las vivido
Coloquem flores
sobre o meu tumulo
Gritem por todos os cantos
o quanto sentem a minha falta
Digam
‘’Amo-te mais do que todas
as coisas’’
Enquanto olham as minhas velhas
fotografias de momentos dos quais
poderiam ter me dito tais palavras doces
Sim! Ascendam velas
em meu nome
Digam aos meus parentes e amigos
que sentem a minha falta
Mas por favor
esqueçam das vezes
das quais eu estava ao seu lado
Esqueçam de uma vez por todas
todos os passos frios que dei por
estas ruas vazias e cheias de ódio
Não lembrem-se das minhas
unhas arranhando estas paredes sujas
enquanto clamava por ajuda
Fechem os olhos e tampem os ouvidos
tal como fizeram das vezes
que supliquei em lágrimas
Lembrem-se das poucas
vezes em que eu fui capaz de sorrir
Ah (…)
quando eu caminhar
em direção aos vales distantes
Não culparei nenhum de vocês
por não compreenderem os meus demônios
Apenas deixarei que lembrem-se
das vezes que os transformei em canções poéticas
para os seus ouvidos surdos!
Não se preocupem com as lágrimas
ou com as dores do meu ato final
Continuem rezando
para os seus deuses de mentira
Vivendo suas vidas vazias
e cheias de fortuna
Continuem!
suplico que continuem!
em suas guerras ideológicas
Esqueçam aqueles que como eu
morreram abraçando suas próprias pernas
Esqueçam-me de uma vez por todas
enquanto lembram-se
do homem que eu nunca fui…“
— Gerson De Rodrigues poeta, escritor e anarquista Brasileiro 1995
Niilismo Morte Deus Existencialismo Vida Nietzsche

„Poema - Samael
Certa vez um arcanjo
que havia sido expulso do paraíso
isolou-se em um profundo abismo
a escrever Poesias
A sua solidão
era como a morte de um buraco negro
primeiro extinguia-se toda a luz que existia em seus olhos
depois suicidava-se
na mais terrível escuridão
Nas auroras do tempo
uma jovem humana
tão bela quanto as canções angelicais
Mas tão triste
quanto ao suicídio de uma criança órfã
Se aproximou do solitário arcanjo
oferecendo a ele todo o seu amor
Durante dois dias
e duas noites
Amaram-se tão completamente
que as estrelas do universo
voltaram a brilhar
Não demorou muito
para que a escuridão voltasse a assombrar os seus corações
pois quando você passa muito tempo no abismo
a sua alma morre a cada segundo
Suas asas tornaram-se negras
e a escuridão em seu peito
afastou a única humana
capaz de amá-lo
Recluso no abismo
afogando-se em miséria
aceitou a solidão como a sua única companhia
Ela nunca foi capaz de deixa-lo
suas poesias conversavam com as suas lágrimas
E a distância em seus corações
os separavam de um amor impossível
A dor se transformou em angustia
e a tristeza em uma terrível tragédia
Ela se envenenou com as suas poesias
e ele a segurou em seus braços pela ultima vez
Existem muitas formas de morrer
mas nenhuma delas causa tanto sofrimento
quanto ao suicídio de um amor sincero
nos corações gélidos de uma alma decadente
A Culpa fez o arcanjo ir a loucura
batendo as suas asas ele viajou até o paraíso
e com as suas próprias mãos
matou todos os deuses
Caminhando descalço sobre o sangue
sagrado de cristo
enforcou com as tripas dos deuses
todos os homens
Espalhando a sua dor pelo mundo
ele se enforcou sobre o túmulo da sua amada…
- Gerson De Rodrigues“
— Gerson De Rodrigues poeta, escritor e anarquista Brasileiro 1995
Paixão Amor Niilismo Romance Poesia

„Imaginem que um Filósofo ao visitar uma velha Biblioteca se depara com um velho Sábio
- Estais perdido? Perguntou o Sábio
- Se estou perdido, como poderias tu orientar-me a razão? Disse o filósofo em tom questionador
O Sábio abaixa sua cabeça, caminha de um lado para o outro e indaga – Estais perdido!?
Filósofo: E não estamos todos?
O Completo e absoluto silencio gritava mais alto do que suas bocas caladas, embora suas mentes gritassem mais alto do que o mais feroz diabo.
Sábio: Não posso estar perdido, se eu sei exatamente aonde o verdadeiro eu estas, e deverias estar.
Filósofo: E Como poderias tu saber aonde deverias estar e aonde estas?
Sábio: Mas isso é muito simples, se estou em algum lugar, sigo a minha vontade. Está de acordo?
Filósofo: E Como saberias que segues a tua própria vontade? Se não foi influenciado pelo homem que vive em ti, o homem que crê em ti e nos deuses! Como poderias tu, saber aonde deverias ir?
O Sábio caminha a uma das muitas prateleiras e pega um livro, senta-se na frente do filósofo e diz de maneira serena
Sábio: Se leres este livro, e após a leitura tornar-se outro homem, como diferenciarias quem tu és, para quem tornou-se?
Filósofo: O Homem que leu este livro, para ti és um homem diferente antes deste mesmo livro? Digo, se hoje acredito no poder dos deuses, e amanhã perco completamente a fé por ler um livro ou dois, teria eu tornado me um homem sem fé, ou um homem diferente do que sempre fui?
Sábio: Tornarias outro homem
Filósofo: Mas isso é uma loucura, se torna-se outro homem a cada nova experiência, então tu, quem és afinal?
Sábio: Isso é muito simples…
O Sábio se levanta novamente e pega uma bíblia sagrada na escrivaninha a direita
Sábio: Se ao ler estas fábulas, e acreditares com toda as forças que és cristo, isso torna-te cristo?
Filósofo: Esse ato tornaria me um estudioso, um homem em busca de respostas
Sábio: Mas se as respostas levarem este homem a mais perguntas como poderias responde-las?
Filósofo: Não há respostas afinal.
Sábio: Quando tinhas dez anos de idade, pensavas o que?
Filósofo: Eu era uma criança comum, católico, vivia na cidade pequena, mas o que a minha infância tem a ver com tudo isso?
Sábio: Aquela criança ainda vive?
Filósofo: Eu a matei, ela tornou-se o homem que sou
Sábio: E ao matar o passado, tornou-se quem tu és!
Filósofo: Mas esse argumento não sustenta a sua teoria, que ao lermos novos livros tornamo-nos outro homem
Sábio: Ao ler as palavras de cristo, tens dois homens prontos a nascer. Se ao leres a bíblia, e acreditar com toda a sua fé que és cristo, e que cristo vives em ti, o que tornarias?
Filósofo: Um tolo
Sábio: E o que este tolo faria após tornar-se um tolo?
Filósofo: Viverias como um tolo
Sábio: Ao leres as palavras de cristo e duvidares de sua existência, o que tornarias?
Filósofo: Um sábio…
Sábio: Então tornarias tu, outro homem
O Filósofo pensativo caminha até uma seção na velha biblioteca, e pega uma série de livros matemáticos, senta-se em uma velha mesa acompanhada de uma pequena cadeira. Abre um dos velhos livros, aponta seu dedo sobre uma teoria matemática cientifica
Filósofo: O Que compreendes ao ler esta teoria?
Sábio: A Gravidade em sua mais bela e poética sinfonia matemática
Filósofo: E Quem a escreveu? Poderias me dizer?
Sábio: Isaac Newton
Filósofo: Consideravas Newton um sábio?
Sábio: Mas é claro, um homem de muitas virtudes
Filósofo: Mas este acreditava nos deuses
Sábio: E o que queres dizer com estas alegações?
O Filósofo se levanta novamente e vai a uma pilha de livros ao lado, pegando então Assim falou Zaratustra de Friedrich Nietzsche
Filósofo: Conheces Nietzsche?
Sábio: Mas é claro, estais a insultar-me?
Filósofo: Se ao leres Newton e Nietzsche, o que tornarias?
Sábio: Um novo homem…
Filósofo: Este novo homem, serias quem? Nietzsche? Ou Newton? Como este homem diferenciaria os deuses da matemática? Friedrich de Newton?
O Que eu quero dizer, como poderias tu, tornar-se outro homem ao leres dois autores distintos, se não o mesmo homem que agregou a si mesmo novas categorias do conhecimento.
Sábio: Então alegas descaradamente, que sou o mesmo homem todos os dias da minha vida?
Filósofo: E Como não poderias ser? Se ao leres mil livros, mudas-te de opinião mil vezes, és um metamorfo. Se ao escreveres mil livros, es um deus sobre os homens. Mas, se ao leres mil livros e aprenderes com estes próprios és o mesmo homem, com um intelecto refinado ao homem que eras anteriormente.
Sábio: Queres dizer que o conhecimento é como um diabo possessor?
Filósofo: Um diabo possessor?
Sábio: Um diabo que tomas o corpo de um homem, mas não toma sua verdadeira essência.
Filósofo: Estou de acordo, então voltamos a mesma questão ao nos conhecermos, como sabes que estais a seguir a sua própria vontade e não a de outros homens ou deuses
Sábio: Deixe-me responder essa questão, com uma alegoria que irá também sustentar meu outro ponto de vista
Imagines que és um crente, que acreditas no poder do divino. Vives então em templos sagrados, seu mundo é o louvor, então descobres por um telescópio apontado aos céus que lá não há deuses, e sim homenzinhos verdes em outros mundos, descobririas então que neste novo mundo há também novos deuses como saberias tu que o deus que pregas e rezas és o verdadeiro?
Filósofo: Não saberias, questionaria também os outros deuses
Sábio: E Se ao descobrires que além destes homenzinhos verdes, também existem tantos outros, e que o cosmos é repleto de deuses e vida. O Que tornarias a sua crença em um deus de carne?
Filósofo: Se tornaria insensata, ausente de razão, mas ainda questionadora pela vontade de questionar e aprender sobre esses novos deuses.
Sábio: Então responda-me, ao descobrir novos mundos tornou-se um homem diferente daquele pobre religioso de pés sujos em templos falsos?
Filósofo: Deixaria de ser um crente, e tornaria me um questionador. Mas ainda seria o mesmo homem
Sábio: Se és o mesmo homem, por que não crê nos mesmos deuses? Tornou-se um novo homem ao conhecer outros mundos, pois o homem que fois um dia, suicidou-se diante das cordas sinceras da realidade
Filósofo: Se o que diz é verdade, e somos de fato, diabos possessores, possuídos pelo conhecimento que mata o homem mas não mata sua essência, como sabes que não estás perdido? Como diferencias a decisão do homem com a decisão do diabo?
Se a cada nova experiência somos possuídos por um diabo diferente, se a cada livro torno-me um novo homem, se a cada mundo matamos um novo deus, quem eres tu afinal?
Sábio: Mas isso é muito simples, imagine comigo a seguinte alegoria
Somos todos homens vagueando em um vale sem fim, pense que cada livro desta biblioteca és um diabo, ao seres possuído pelo diabo, torna-se o diabo, embora sua essência humana ainda prevaleça
Filósofo: Então acreditas que podes matar a si mesmo, e tornar-se o homem que eras, mas renovado em sabedoria?
Sábio: Novamente estamos de acordo, poderias por favor dizer-me o que fazes em uma velha biblioteca como essa?
Filósofo: Vim em busca de conhecimento, e autoconhecimento, mas acabei perdendo-me em tamanha sabedoria e tormento
Sábio: E ao encontrar-me continua com este tormento?
Filósofo: Não
Sábio: E Por que não?
Filósofo: Porque sei quem tu és, e vós não o conheceis, mas eu o conheço, e se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós. Mas eu o conheço, e guardo a sua palavra.
Sábio: E quem sou eu?
Filósofo: Tu és o meu Deus, e eu te darei graças; tu és o meu Deus, e eu te exaltarei.
Sábio: Se eu sou o seu Deus, o único e verdadeiro Deus, sou tu enquanto falas sozinho para as paredes, divagando sobre quem tu és e o que tornou-se!
Tornas-te Deus, ao questionar a si, mas continuaste o homem que és, e que fois ao lembrar-se de si, e o que és.“
— Gerson De Rodrigues poeta, escritor e anarquista Brasileiro 1995