Frases sobre santo
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“Ó santa simplicidade!”
O sancta simplicitas!

Jan Hus (1369–1415) pensador e reformador religioso
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“Não sou um santo, a menos que vejam um santo como um pecador que continua a tentar.”

Nelson Mandela (1918–2013) político e ativista sul-africano, Ex-presidente da África do Sul
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“Do bem e do mal
Todos tem seu encanto: os santos e os corruptos.
Não há coisa na vida inteiramente má.
Tu dizes que a verdade produz frutos…
Já viste as flores que a mentira dá?”

Mário Quintana (1906–1994) Escritor brasileiro

Do bem e do mal
Variante: Todos tem seu encanto: os santos e os corruptos. Não há coisa na vida inteiramente má. Tu dizes que a verdade produz frutos... Já viste as flores que a mentira dá?

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“MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO

(1890-1916)

Atque in perpetuum, frater, ave atque vale!
CAT.

Morre jovem o que os Deuses amam, é um preceito da sabedoria antiga. E por certo a imaginação, que figura novos mundos, e a arte, que em obras os finge, são os sinais notáveis desse amor divino. Não concedem os Deuses esses dons para que sejamos felizes, senão para que sejamos seus pares. Quem ama, ama só a igual, porque o faz igual com amá-lo. Como porém o homem não pode ser igual dos Deuses, pois o Destino os separou, não corre homem nem se alteia deus pelo amor divino; estagna só deus fingido, doente da sua ficção.

Não morrem jovens todos a que os Deuses amam, senão entendendo-se por morte o acabamento do que constitui a vida. E como à vida, além da mesma vida, a constitui o instinto natural com que se a vive, os Deuses, aos que amam, matam jovens ou na vida, ou no instinto natural com que vivê-la. Uns morrem; aos outros, tirado o instinto com que vivam, pesa a vida como morte, vivem morte, morrem a vida em ela mesma. E é na juventude, quando neles desabrocha a flor fatal e única, que começam a sua morte vivida.

No herói, no santo e no génio os Deuses se lembram dos homens. O herói é um homem como todos, a quem coube por sorte o auxílio divino; não está nele a luz que lhe estreia a fronte, sol da glória ou luar da morte, e lhe separa o rosto dos de seus pares. O santo é um homem bom a que os Deuses, por misericórdia, cegaram, para que não sofresse; cego, pode crer no bem, em si, e em deuses melhores, pois não vê, na alma que cuida própria e nas coisas incertas que o cercam, a operação irremediável do capricho dos Deuses, o jugo superior do Destino. Os Deuses são amigos do herói, compadecem-se do santo; só ao génio, porém, é que verdadeiramente amam. Mas o amor dos Deuses, como por destino não é humano, revela-se em aquilo em que humanamente se não revelara amor. Se só ao génio, amando-o, tornam seu igual, só ao génio dão, sem que queiram, a maldição fatal do abraço de fogo com que tal o afagam. Se a quem deram a beleza, só seu atributo, castigam com a consciência da mortalidade dela; se a quem deram a ciência, seu atributo também, punem com o conhecimento do que nela há de eterna limitação; que angústias não farão pesar sobre aqueles, génios do pensamento ou da arte, a quem, tornando-os criadores, deram a sua mesma essência? Assim ao génio caberá, além da dor da morte da beleza alheia, e da mágoa de conhecer a universal ignorância, o sofrimento próprio, de se sentir par dos Deuses sendo homem, par dos homens sendo deus, êxul ao mesmo tempo em duas terras.

Génio na arte, não teve Sá-Carneiro nem alegria nem felicidade nesta vida. Só a arte, que fez ou que sentiu, por instantes o turbou de consolação. São assim os que os Deuses fadaram seus. Nem o amor os quer, nem a esperança os busca, nem a glória os acolhe. Ou morrem jovens, ou a si mesmos sobrevivem, íncolas da incompreensão ou da indiferença. Este morreu jovem, porque os Deuses lhe tiveram muito amor.

Mas para Sá-Carneiro, génio não só da arte mas da inovação nela, juntou-se, à indiferença que circunda os génios, o escárnio que persegue os inovadores, profetas, como Cassandra, de verdades que todos têm por mentira. In qua scribebat, barbara terrafuit. Mas, se a terra fora outra, não variara o destino. Hoje, mais que em outro tempo, qualquer privilégio é um castigo. Hoje, mais que nunca, se sofre a própria grandeza. As plebes de todas as classes cobrem, como uma maré morta, as ruínas do que foi grande e os alicerces desertos do que poderia sê-lo. O circo, mais que em Roma que morria, é hoje a vida de todos; porém alargou os seus muros até os confins da terra. A glória é dos gladiadores e dos mimos. Decide supremo qualquer soldado bárbaro, que a guarda impôs imperador. Nada nasce de grande que não nasça maldito, nem cresce de nobre que se não definhe, crescendo. Se assim é, assim seja! Os Deuses o quiseram assim.

Fernando Pessoa, 1924.”

Fernando Pessoa (1888–1935) poeta português

Loucura...

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“As massas conservaram dele somente a imagem, nunca a Idéia. Elas jamais foram atingidas pela Idéia de Deus, que permaneceu um assunto de padres, nem pelas angústias do pecado e da salvação pessoal. O que elas conservaram foi o fascínio dos mártires e dos santos, do juízo final, da dança dos mortos, foi o sortilégio, foi o espetáculo e o cerimonial da Igreja, a imanência do ritual - contra a transcendência da Idéia. Foram pagãs e permaneceram pagãs à sua maneira, jamais freqüentadas pela Instância Suprema, mas vivendo das miudezas das imagens, da superstição e do diabo. Práticas degradadas em relação ao compromisso espiritual da fé? Pode ser. Esta é a sua maneira, através da banalidade dos rituais e dos simulacros profanos, de minar o imperativo categórico da moral e da fé, o imperativo sublime do sentido, que elas repeliram. Não porque não pudessem alcançar as luzes sublimes da religião: elas as ignoraram. Não recusam morrer por uma fé, por uma causa, por um ídolo. O que elas recusam é a transcendência, é a interdição, a diferença, a espera, a ascese, que produzem o sublime triunfo da religião. Para as massas, o Reino de Deus sempre esteve sobre a terra, na imanência pagã das imagens, no espetáculo que a Igreja lhes oferecia. Desvio fantástico do princípio religioso. As massas absorveram a religião na prática sortílega e espetacular que adotaram.”

In the Shadow of the Silent Majorities

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“Poema – Lágrimas de quem nunca chorou

Oh Noite
musa dos meus devaneios
o sonho inquietante de uma criança solitária

Que o seu manto frio
sirva como um cobertor aos vermes
que se alimentam do meu cadáver;

A minha alma
vagou até o meu passado
sentou-se ao meu lado na minha velha infância

E proclamou palavras
que não deveriam ser ditas
a nenhuma criança

- Por que nasceste?
Oh praga imunda!

Me matei aos dez anos de idade
e até hoje eu posso ouvir
os meus gritos de desespero

Eu sempre fui uma criança maldita
olhavam-me como um monstro
que desejavam matar

Isolavam-me dos outros
como uma praga que corrói
as entranhas dos santos

E fazem das freiras
ninfas perversas

Ah tanta dor em mim
dores que eu nem mesmo sei explicar

E estas dores
que me fazem sentir e chorar
são parte de quem sou
forças que me ajudam a lutar

Rasguei os meus punhos
na frente de todos os deuses
e os afoguei em meu próprio sangue

Agora os seus filhos
recitam os meus poemas
sobre o túmulo dos seus pais

Sintam em meus versos
a minha dor!

Deixem que o diabo
que vive em seu peito
destrua o que restou das suas vida

Transformando-os nos sonhos
de um futuro que nunca aconteceu

Nas harmonias poéticas
destas metáforas
há verdades tão cruéis

Que fariam de Pilatos um santo
e de Cristo o próprio Diabo

Se os meus poemas são gritos de ajuda
e as suas leituras pedidos de socorro

Então deixem-me morrer em seu nome
derramem sobre o meu cadáver
todas as suas dores

Dancem com as bruxas
sobre o luar da meia noite!

Sintam o pecado fluir em seu sangue
como os vermes que se alimentaram
dos despojos podres de Cristo

Deixem que a minha loucura
infecte a sua alma
e mate o seu espirito

Viajei entre galáxias vivas
cheias de vida
mas somente na morte das estrelas
eu encontrei a mim mesmo

Eu não sou um homem!
tampouco um Poeta

Eu sou a miséria que vive em seu peito
e o suicídio de todas as suas convicções!”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro

Fonte: Niilismo Poesia Existencialismo Morte

Esta tradução está aguardando revisão. Está correcto?
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“Poema – Lúcifer

‘’ Enquanto os padres são
executados em praça pública

As freiras dançam
ao lado do diabo

Mas quem de fato
aproveitou a vida?

Os homens pedindo esmola
em frente as igrejas

Ou os padres enforcados
em crucifixos? ‘’

A depressão
que se alastra pelo meu corpo
faz de mim um santo

Preso em um paraíso
no qual todos os deuses
estão mortos

Enquanto eu me afogo
em sonhos
dos quais nunca irei realizar

Eu deveria dizer adeus
e com os pés descalços
e cheios de feridas

Caminhar sobre cacos de vidro
em busca do homem
que eu fui um dia

Eu deveria buscar
em cada um dos meus passos
sentido para esta depravação
que chamamos de vida

Mas o que seriam os sentidos?

Senão os motivos
pelos quais
não nos suicidamos;

Deveríamos aproveitar
cada segundo de nossas vidas

Transformando os dias
que sucedem o amanhã
em feriados que vangloriam
nosso próprio nome

Então rasguem suas bíblias
e transformem suas catedrais
em templos de orgia

Doem suas fortunas
aos pobres

Purifiquem suas almas
cometendo pecados
em seu próprio nome

Resgatem a criança que vive
em seu interior
e brinquem com o Diabo

Mas jamais
permitam que te apontem
os dedos sujos
e zombem da sua dor

Quando duvidarem
das suas angustias
mostrem a eles os seus
pulsos cheios de sangue

Se disserem que
somente o amor dos deuses
podem salvá-los

Mostrem a eles
sua coroa de espinhos

Louvores e bênçãos
serão rogadas em seu nome

Mas só vão compreender
suas dores

Quando encontrarem
seus corpos podres
dependurados na parte
mais elevado do seu quarto

Ah…
Os nossos quartos…

Somente estas paredes frias
conhecem nossas dores

Então até que a morte
grite mais alto
do que a vida

Dançarei ao lado
das freiras
canções antigas
compostas pelo Diabo

E em hipótese alguma
deixarei que zombem
da minha dor

Pois eu sou o homem
pedindo esmola
em frente as suas igrejas…
- Gerson De Rodrigues”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro

Niilismo Morte Deus Existencialismo Vida Nietzsche

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“Cada brasileiro é um pouco rubro-negro. E a alegria rubro-negra não se parece com nenhuma outra, não sei se é mais funda ou mais dilacerada ou mais santa, só sei que é diferente.”

Artur da Távola (1936–2008)

Nelson Rodrigues como citado por Artur da Távola; pronunciamento https://www25.senado.leg.br/web/atividade/pronunciamentos/-/p/texto/178347 no Senado, 05/12/1995

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“A minha avó estava sempre a lambuzar o santo.”

" Grelado Coração de Gregório ", Mixórdia de Temáticas 09-03-2015

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“O Concelho de Santa Maria da Feira podia apostar noutro tipo de proposições.”

" Miss Morcela ", Mixórdia de Temáticas 03-07-2012

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“É o único bi-santo a nível mundial, mesmo.”

" São Ribeiro ", Mixórdia de Temáticas 11-06-2012

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“Somos obrigados a exortar pela nossa fé para acreditar e assegurar firmemente que cremes e simplesmente confessamos que existe uma Igreja santa católica e apostólica, fora da qual nã há salvação nem remissão dos pecados.”

Unam sanctam ecclesiam catholicam et ipsam apostolicam urgente fide credere cogimur et tenere, nosque hanc frmiter credimus et simpliciter confitemur, extra quam nec salus est, nec remissio peccatorum
Unam sanctam (1302)

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“A princípio o taumaturgo descreveu as delícias do céu, os querubins tocando harpa e uma nuvem de incenso vagando no azul, entre anjos e santos. A multidão ouvia em silêncio, maravilhada e boquiaberta. Então, de repente, o frade mudou. Sacudiu os braços e soltou a maldição terrível: - Homens sem Deus, mergulhados na lama do pecado. Amancebados! Mentirosos! Adúlteros! Arrependei-vos de vossos pecados!”

E passou a descrever as torturas do inferno. Labaredas subiam, tochas ardendo, um relógio marcando: Sempre! Sempre! Nunca! Nunca! Que são as horas da Eternidade. E no meio da fornalha, o suplício do fumaceiro de enxofre sufocando tudo. Aí a multidão se abateu, lábias ciciavam. "Eu pecador, me confesso a Deus", almas tremendo de pavor, como corpos sacudidos de maleita. Junto de mim um matuto de Quitimbu tinha os olhos esgazeados. Cheguei mesmo a ver o suor lhe empastando a fronte morena. Uma velha traçou o xale com força, cobrindo a cabeça tôda, temendo a baforada do satanás. E ao meu lado um soldado desatou o lenço que trazia ao pescoço, como se a coisa lhe abafasse a respiração. E, voltando-se para um companheiro, avisou que ia tomar uma "bicada" pois o cheiro de enxofre estava lhe sufocando a garganta. Depois, Frei Damião baixou os braços, serenou a voz. Nunca, na minha vida, vi silêncio maior. A praça parada, o povo de lábios chumbados, os ohos fitos no frade (...) então o frade rezou. E a multidão respondeu, contrita e imóvel, como se, ao invés de milhares de vozes ali estivesse apenas uma só pessoa, postada diante do pregador famoso, na hora do juízo final, prestando contas ao Altíssimo."
Sobre pregações de Frei Damião
Crônica do livro - Frei Damião - O Missionário dos Sertões (1953)

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“Quando dou comida aos pobres chamam-me de santo.”

Dom Hélder Câmara (1909–1999) Arcebispo de Olinda e Recife

Quando pergunto por que eles são pobres chamam-me de comunista."
citado em "Helder, o dom: uma vida que marcou os rumos da Igreja no Brasil"‎ - Página 53, de Zildo Rocha - Publicado por Editora Vozes, 2000, ISBN 8532622135, 9788532622136 - 208 páginas
Atribuídas

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“A história de muitos santos, beatificados pela igreja, é repugnante. Mostra nada mais do que uma profunda aberração do espírito humano em busca de quimeras extraterrestres.”

Benito Mussolini (1883–1945) político italiano

Deus não existe https://fascismoblog.wordpress.com/2016/07/24/deus-nao-existe/ — 1904.

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“Poema – Vozes e Goétia

‘’ Se todos os meus pensamentos
Fossem revelados ao mundo

Pedófilos, estupradores, e ditadores
Seriam considerados santos
Diante da minha miséria

Ah em mim tanta podridão
Que as lágrimas que escorrem
Dos meus olhos causam náusea aos Deuses’’

- Não ouviram falar do homem louco?
Que arrancou os seus tímpanos com as unhas

E com eles nas mãos em plena manhã
Lançou-se em meio à multidão gritando

– Não estão escutando estes sussurros?
- As janelas batendo ao vento?
- Andem matem uns aos outros e enforquem-se até que
A sua alma pare de gritar!

E lá,
Em meio à praça publica
Enquanto gritava como um lunático

Encontrou homens e mulheres
Prontos para julga-lo

Haviam aqueles que zombavam das suas roupas
Porque eram velhas e surradas

Outros gargalhavam sobre a cor da sua pele
E também haviam aqueles que zombavam do seu cabelo

E como se não bastassem!
Jogavam no homem louco
Frutas podres, pedras e pedaços de pau

Enquanto zombavam também
Da sua sexualidade

O homem louco perdido em meio a multidão
Chorava e gritava para que aqueles que o cercavam
Pudessem ajuda-lo a cessar as vozes na sua cabeça.

- E o que aconteceu com o homem louco?
Deves estar se perguntando!

Naquela mesma noite
Refugiou-se em meio as colinas
Trancafiou-se no mais terrível abismo
E nunca mais foi visto

Mas dizem as lendas
Rogadas por Padres, Poetas e Filósofos

Que o homem louco
Arrancou os seus próprios olhos com uma colher
Para que nunca mais pudesse se olhar no espelho

Então ele ateou fogo em seu cabelo
Para que nunca mais pudessem zombar dele

Dilacerou até mesmo suas genitálias
E rasgou sua pele com as unhas
Para que nenhuma alma
Possa julga-lo novamente

Dizem que até hoje
Ele se arrasta com os seus tímpanos nas mãos
Atrás de almas perdidas como a sua
Implorando para que cessem as vozes na sua mente

Mas as vozes nunca cessaram
Elas sempre estiveram lá

Como uma assombração
Perseguindo-o por todos os cantos

Tal como as vozes
Na sua cabeça…
- Gerson De Rodrigues”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro

Fonte: Filosofia Niilista

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“Poema – Paganini part 2

‘’ Os suicidas inventaram a música
Pois não conseguiam sobreviver todos os dias
Com os martírios de suas almas’’

Certa vez um musico
Cujo os olhos foram arrancados pelos Deuses
Em uma falha tentativa de suicídio

Compôs um Poema
Que futuramente se transformaria em uma canção

Nela ele vomitou todas as suas angustias
Até mesmo aquelas das quais
Nem mesmo ousaria contar para sua própria sombra

A única criatura capaz de ler
Aqueles versos compostos por um homem cego e sem alma
Eram o próprio Asmodeus e as criaturas da velha Goétia

Diziam as lendas
Que até hoje
Diabos lamentadores choravam ao lerem os seus versos…

‘’ Sentado nas estreitas vielas
De sentimentos profundos
Que dilaceram a minha alma

Enjaulado na mais ríspida solidão
Abandonado pelas próprias crenças e convicções
Me tornei órfão de Mãe, Pai, Filho e Espirito Santo

Nesta ríspida solidão
Sou um monstro

Um Padre a devorar criancinhas
Um Thelemita cuja as leis de Therion foram quebradas

Nesta acostumada porém virtuosa solidão
Guardo segredos que se revelados
Trariam ao mundo mais miséria que toda a fome e a praga
Jamais ousariam trazer aos pobres

Não suporto os espelhos da vida
Pois ao me olhar nos olhos
Revelo a mim mesmo, o monstro que tento esconder

Escondo-me em mentiras
Escondo-me em crenças e ideologias

Ao mundo revelo um personagem
Pois o monstro que o controla

Através destas cordas de mentira
Que compõe este paraíso de loucos e lunáticos
É tão somente uma pobre e vil criatura

Cuja a pele esgrouvinhada e os dedos podres
Revelam uma terrível e nojenta peste
De um homem, que aos olhos de Deus e da Sociedade
Deveria estar morto.

Os suicidas e os Diabos
Talvez sejam os únicos capazes
De me olhar com brilho nos olhos

Não porque compreendem as minhas dores
E sim porque no ápice de sua amargura

Suas almas chorariam de felicidade e euforia
Ao descobrirem que existe neste mundo
Algo tão podre, tão sórdido e imundo
Quanto as suas almas negras e corrompidas

Se não fosse a música
E estes olhos cegos

O monstro que corrói a minha alma todas as noites
Transbordaria em um rio de sangue…
E lágrimas!

- Gerson De Rodrigues”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro

Fonte: Gerson De Rodrigues Poesias & Maldições Nietsche

Esta tradução está aguardando revisão. Está correcto?
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