Frases sobre encosta

Uma coleção de frases e citações sobre o tema da encosta, outro, então, deus.

Frases sobre encosta

Ulysses Guimarães photo
Bertolt Brecht photo

“Sente-se.
Está sentado?
Encoste-se tranquilamente na cadeira.
Deve sentir-se bem instalado e descontraído.
Pode fumar.
É importante que me escute com muita atenção.
Ouve-me bem?
Tenho algo a dizer-lhe que vai interessá-lo.

Você é um idiota.

Está realmente a escutar-me?

Não há pois dúvida alguma de que me ouve com clareza e distinção?
Então repito: você é um idiota. Um idiota.
I como Isabel;
D como Dinis;
outro I como Irene;
O como Orlando;
T como Teodoro;
A como Ana.
Idiota.

Por favor não me interrompa.
Não deve interromper-me.
Você é um idiota.
Não diga nada.
Não venha com evasivas.
Você é um idiota.
Ponto final.

Aliás não sou o único a dizê-lo.
A senhora sua mãe já o diz há muito tempo.
Você é um idiota.
Pergunte pois aos seus parentes.
Se você não é um idiota…
claro, a você não lho dirão, porque você se tornaria vingativo como todos os idiotas.
Mas os que o rodeiam já há muitos dias e anos sabem que você é um idiota.
É típico que você o negue.
Isso mesmo: é típico que o Idiota negue que o é.
Oh, como se torna difícil convencer um idiota de que é um Idiota.
É francamente fatigante.
Como vê, preciso de dizer mais uma vez que você é um Idiota e no entanto não é desinteressante para você saber o que você é e no entanto é uma desvantagem para você não saber o que toda a gente sabe.
Ah sim, acha você que tem exactamente as mesmas ideias do seu parceiro.
Mas também ele é um idiota.
Faça favor, não se console a dizer que há outros Idiotas: Você é um Idiota.
De resto isso não é grave.
É assim que você consegue chegar aos 80 anos.
Em matéria de negócios é mesmo uma vantagem.
E então na política!
Não há dinheiro que o pague.
Na qualidade de Idiota você não precisa de se preocupar com mais nada.
E você é Idiota

(Formidável, não acha?)”

Bertolt Brecht (1898–1956)
Plínio Marcos photo
João da Cruz photo
Antero de Quental photo
Machado de Assis photo

“A serenidade e a vitalidade da nossa juventude baseiam-se em parte no fato de que nós, ao subirmos a montanha, não vermos a morte, pois ela encontra-se do outro lado da encosta.”

Variante: A serenidade e a vitalidade da nossa juventude baseiam-se em parte no facto de que nós, ao subirmos a montanha, não vermos a morte, pois ela encontra-se do outro lado da encosta.

Jorge Amado photo
Fernando Pessoa photo
Gerson De Rodrigues photo

“O Filósofo & O Prisioneiro - Uma Alegoria para sabedoria da vida

Condenado a pena de morte o Filósofo sentava-se solitário em sua cela, enquanto observava o céu estrelado pela pequena janela que ali havia.

Faltando apenas algumas horas para sua execução, um outro prisioneiro é arremessado em sua cela

– Faltam-te apenas duas horas! E a morte irá beijá-lo! Gritou o guarda enquanto os enjaulava sem piedade

Após levantar-se e limpar suas roupas sujas. O prisioneiro encara aquele velho homem de barbas longas que encontrava-se ali parado, observando atentamente o céu noturno

– O Guarda disse que você só tem duas horas de vida… Como se sente?

Questionou o prisioneiro de forma tímida e preocupada, tentando puxar assunto. Enquanto isso o filósofo seguia em silencio observando o céu estrelado.

O Prisioneiro por sua vez, caminhava de um lado para o outro incansavelmente preocupado

– Para mim, imagino que faltam três ou quatro horas… Droga! Eu mal consegui realizar os meus sonhos… O que você pretende fazer nas suas duas últimas horas?

Persistia o prisioneiro em uma tentativa falha de diálogo, enquanto caminhava de um lado para o outro, preocupado e com o medo da morte começa a remover sua camiseta e amarra-la na parte mais alta da cela

– Quer saber? Pode ficar ai, fingindo que está tudo bem. Eu vou me matar, eu prefiro isso do que ser condenado a cadeira elétrica!

O Filósofo, ao escutar tais palavras sórdidas volta sua atenção a aquela pobre alma.

– Antes de prosseguir com esse ato, poderia por favor vir aqui ver algo?

Disse o filósofo em tonalidade calma e serena

O Prisioneiro indaga – Ver o que? Não há nada que possa nos salvar agora

– Eu insisto, tenho algo a mostrar-te…

O Prisioneiro então caminha até a janela

– Está vendo aquela estrela? A Mais brilhante dentre elas Disse o Filósofo apontando com os dedos para o céu estrelado

– Sim, estou sim, aquela com uma tonalidade meio azulada não é? – Ela mesmo…

O Filósofo encosta-se na parede, e com a voz calma ele diz

– Observe a atentamente, imagine que naquela estrela existe também um planeta

Um planeta tal como o nosso, com heróis e vilões, deuses e homens, sábios e tolos, o quão fascinante não seria? O Quão fascinante não seria estar observando-os agora neste momento oportuno, a algumas horas antes da nossa morte…

O Prisioneiro encantado com tais palavras, observava atentamente aquela estrela, e toda aquela euforia e preocupação que havia em sua mente aos poucos se esvai

O Filósofo então, coloca as mãos nos ombros daquela pobre alma e diz

– Essa estrela, já pode ter se apagado a muito tempo embora ainda estejamos contemplando a sua luz (…) Toda a vida que um dia viveu sobre o calor daquela estrela, hoje se encontra no mais sublime silencio da doce morte que os encontra

Tal como a nossa estrela, que é um ponto luminoso no céu noturno de alguém

Quando morrermos, a luz da nossa estrela servirá como um suspiro de esperança para homens que como nós aguardam o sublime beijo da dona morte.

O Prisioneiro com os olhos cheios de lágrimas e o coração calmo, sorri, e mesmo diante da inevitável morte encontrava-se tranquilo

– Então não temes a morte? Perguntou o Prisioneiro

O Filósofo caminha até a janela, e olhando para o céu noturno com a contemplação filosófica de que a sua morte de nada importava para o universo

Sorrindo ele responde

– A realização de que vou virar pó, paradoxalmente me tranquiliza…”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro
José Saramago photo

“Afinal, o Porto, para verdadeiramente honrar o nome que tem, é, primeiro que tudo, este largo regaço aberto para o rio, mas que só do rio se vê, ou então, por estreitas bocas fechadas por muretes, pode o viajante debruçar-se para o ar livre e ter a ilusão de que todo o Porto é Ribeira. A encosta cobre-se de casas, as casas desenham ruas, e, como todo o chão é granito sobre granito, cuida o viajante que está percorrendo veredas de montanha.”

Viagens. Contos. Romances, José Saramago, Lello & Irmão, 1991, p. 136 https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&id=f2RfAAAAMAAJ&dq=inauthor%3A%22Jos%C3%A9+Saramago%22+Viagem+a+portugal&focus=searchwithinvolume&q=%22Afinal%2C+o+Porto%2C+para+verdadeiramente+honrar+o+nome+que+tem%2C+%C3%A9%2C+primeiro+que+tudo%2C+este+largo+rega%C3%A7o+aberto+para+o+rio%2C+mas+que+s%C3%B3+do+rio+se+v%C3%AA%2C+ou+ent%C3%A3o%2C+por+estreitas+bocas+fechadas+por+muretes%2C+pode+o+viajante+debru%C3%A7ar-se+para+o+ar+livre+e+ter+a+ilus%C3%A3o+de+que+todo+o+Porto+%C3%A9+Ribeira.+A+encosta+cobre-se+de+casas%2C+as+casas+desenham+ruas%2C+e%2C+como+todo+o+ch%C3%A3o+%C3%A9+granito+sobre+granito%2C+cuida+o+viajante+que+est%C3%A1+percorrendo+veredas+de+montanha.%22
Viagem a Portugal