“Nós não tivemos esse erro, ao contrário, usamos e abusamos da pimenta que nos veio da África, mas, por outro lado, temos como política imigratória, o não Ter política e, sim, um open door imprevidente e perigoso. No caminho que adotamos, podemos dar numa maionese perfeita, mas, como estes molhos, quando mal batidos - podemos desandar. O Brasil é sempre menos de portugueses e emigrantes e mais de indesejáveis entrantes - esquecendo que cada galego, por mais bruto e rude que seja, traz-nos cromossomos semelhantes aos navegadores, colonizadores e degredados - mantendo a nossa possibilidade de repetir um Nunálvares, um Mestre de Alviz, um Camões, um Herculano, um Egas Moniz, um Eça, um Antônio Nobre, um Fernando Pessoa. E não são eles mesmos que já repontaram aqui nos que escorraçaram o batavo e o francês e no gênio de José de Alencar, Machado de Assis, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade? Eu sei que não é possível princípios racistas no Brasil. Mas ao menos tenhamos uma imigração onde se procure manter a boa unidade do galinheiro. Não falo em unidade racial, Deus me livre! Peço é unidade cultural. Impossível é continuar nessa tentativa absurda de cruzar galinha com papagaio e pato com pomba-rola. Isso que se vê por aí não é democracia nem falta de preconceito, não, meus quindins. Isso não dá ovo e chama-se burrice. Mantenhamo-nos um pouco caboclos (orgulhosamente), bastante mulatos (gloriosamente), mas, principalmente, sejamos lusitanos. Vinde a nós portugas, galegos, mondrongos - mesmo se fordes da mesma massa de degredados que chegaram com os primeiros povoadores. O que esses tão degredados eram, não tinha nada demais. Ladrões? Assassinos? Nada disto. Criminosos sexuais, simpáticos bandalhos. Baste ler as Ordenanças e verificar a maioria dos motivos de degredo para o Brasil: comer mulher alheia, deflorar, estuprar, ser corno complacente e mais, e mais, e mais ainda - entretanto, nada de se temer. Fazer lembrar as delinqüências brejeiras de que um juiz mineiro que conheci, dizia, com inveja e depois de julgar -serem, exatamente, as que ele, juiz, tinha vontade de perpetrar.”

—  Pedro Nava , livro Baú de Ossos

Baú de Ossos

Obtido da Wikiquote. Última atualização 6 de Setembro de 2022. História

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“Não podemos mais nos dar ao luxo de sermos tão politicamente corretos.”

Donald Trump (1946) político e empresário estadunidense, 45º presidente dos Estados Unidos da América

Discurso, 21 de Julho de 2016

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“A Liberdade é a única coisa que não podemos ter, a menos que estejamos dispostos a partilhá-la com os outros.”

William Allen White (1868–1944)

Liberty is the only thing you cannot have unless you are willing to give it to others
Selected Letters of William Allen White, 1899-1943: 1899-1943‎ - Página 411, de William Allen White, Walter Johnson - Publicado por H. Holt and Company, 1947 - 460 páginas

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“Todo político em busca da reeleição é um animal perigoso.”

Julio María Sanguinetti (1937) Jornalista, advogado e político uruguaio, Ex-presidente do Uruguai

Fonte: Revista Veja http://veja.abril.com.br/030997/p_015.html

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“Se você não quiser um homem politicamente infeliz, não lhe dar dois lados de uma questão a preocupá-lo, dar-lhe uma. Melhor ainda, dar-lhe nenhuma.”

If you don't want a man unhappy politically, don't give him two sides to a question to worry him; give him one. Better yet, give him none.
"Fahrenheit 451‎" - Página 61, Ray Bradbury - Ballantine Books, 1991, ISBN 0345342968, 9780345342966 - 179 páginas

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“A vontade é a de ser a si mesmo o criador de seu destino - tanto quanto nós podemos, nós podemos muito mais do que comumente se acredita. Não é ser imposta por dentro, ou fora, ou simplesmente pelo incidente do dia. É uma política deliberada, destinada, especificamente, ao que nos definimos. Ser aplicada à sua política também está sendo prevista para recolher, em cada ação, a única desvantagem.”

Maurice Couve de Murville (1907–1999) político francês

La volonté, c'est celle d'être soi-même l'artisan de son destin - autant qu'on le peut, et on le peut bien davantage qu'on ne le croit communément. C'est de ne s'en laisser imposer ni du dedans, ni du dehors, ni tout simplement par l'incident du jour. C'est de pratiquer une politique délibérée, voulue précisément, que l'on définit soi-même. Se laisser imposer sa politique, c'est d'ailleurs être assuré de recueillir, de chaque action, les seuls désavantages.
Une politique étrangère, 1958-1969 - página 17, Maurice Couve de Murville - Plon, 1971 - 499 páginas

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