“Poema – Astaroth

‘’ Quando um homem
se entrega as feridas
que existem em sua alma

Um abismo se abre
em seu coração
e de lá nascem os mais perversos demônios

Uma vez que o primeiro
demônio se liberta
mata-se o homem
e nasce a besta… ‘’

Os suicidas caminham em horizontes
entre os sonhos da vida
e os desejos da morte

Através deste desfiladeiro
tenho em mim as angustias de um homem morto

Se algum dia eu chorei por amor,
foi porque me entreguei a este sentimento sórdido
até transformá-lo em repulsa

Constantemente me encaro nos espelhos da vida
e me arrependo por não ter enforcado aquela maldita criança
no útero da minha mãe

Poupando a mim mesmo da miséria dos deuses
e os homens dos meus sonhos infantis

Se eu estou calado em um canto escuro
com o destino selado por uma corda em meu pescoço
é porque se eu falar sobre os meus sentimentos
vou faze-los se matarem em meu lugar

Me entreguei a rebeldia de judas
cuspindo em mim mesmo
como um verme miserável

Ainda que eu ame os meus familiares
mais do que as estrelas amam as constelações

Me odeio de maneira tão intensa
que prefiro dar a eles um lindo funeral
com o meu corpo pregado em uma cruz
do que flores para me chamarem de Jesus

'' - Lembram-se quando vocês eram jovens
e cheios de sonhos?
e hoje são produtos da própria derrota;''

Fracassei até mesmo em amar
só me resta a vitória dos meus sonhos perdidos
em um mar de baratas e podridão

Em palavras inocentes
revelarei com plena honestidade
ainda que na epiderme imunda
de uma infância hostil
e claramente sem futuro

Fui feliz
sem saber que algum dia
desejaria ter enforcado aquela
criança inocente em frente ao espelho

Finalizo estes versos
com uma dor que não pode
ser descrita em Poesias, Filosofias
ou maldições

Mas vocês vão se lembrar de mim
quando lerem a carta de suicídio
que eu cravei em seus corações
- Gerson De Rodrigues”

Niilismo Morte Deus Existencialismo Vida Nietzsche

Última atualização 22 de Maio de 2020. História

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“O carácter do homem é o seu demônio.”

Heráclito (-535) filósofo pré-socrático considerado o "Pai da dialética"
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“(…) O homem é inferior ao desejo, porque é do desejo que nasce o homem.”

O Bizantino (romance - 1984)

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