“Era nisso que ele acreditava, em que sempre acreditou quando eu falava e falava sobre a bondade? Estaria ele fazendo o violino dizer isso? Estaria criando deliberadamente aquelas notas longas, puras e transparentes para dizer que a beleza não significava nada porque vinha do desespero dentro dele e que afinal não tinha nada a ver com o desespero, porque o desespero não era belo e então a beleza não passava de uma horrível ironia? A beleza não era a traição que ele imaginava ser, era mais uma terra desconhecida na qual se poderiam cometer mil erros fatais, um paraíso selvagem e indiferente sem indicações claras do bem e do mal. Apesar de todos os refinamentos da civilização que conspiraram para produzir a arte — a estonteante perfeição do quarteto de cordas ou o exuberante esplendor das telas de Fragonard — a beleza era selvagem. Era tão perigosa e sem lei quanto a terra fora milênios antes que o homem tivesse elaborado um único pensamento coerente ou escrevesse códigos de conduta em tábuas de argila. A beleza era um Jardim Selvagem. Assim, por que iria feri-lo o fato de mesmo a música mais desesperadora estar cheia de beleza? Por que isso iria magoá-lo, torná-lo cínico, triste e desconfiado? O bem e o mal são conceitos criados pelo homem. E o homem é melhor, de fato, do que o Jardim Selvagem. Mas talvez bem no íntimo, Nicki sempre tenha sonhado com uma harmonia entre todas as coisas, que eu sempre soube ser impossível. Nicki não sonhara com a bondade, mas sim com a justiça.”

—  Anne Rice , livro O Vampiro Lestat

O Vampiro Lestat

Obtido da Wikiquote. Última atualização 4 de Junho de 2021. História

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“A definição da beleza é fácil: é tudo aquilo que desespera”

Paul Valéry (1871–1945)

La définition du Beau est facile : il est ce qui désespère
Poësie: essais sur la poëtique et le poëte - Página 125, Paul Valéry - Bertrand Guégan, 1928 - 197 páginas

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“O mundo é da força e também da beleza, porque, em suma, a beleza é uma força.”

na obra "A Carne", capítulo VIII (veja wikisource)

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