“Urubus são denúncias negras que voam sobre o Juqueri. Se nada nos fosse dado a ver, lá nos escondidos do hospício, os urubus serviriam para que pudéssemos imaginar o que acontece. Por que eles agitam tanto as asas sobre os pátios do que já foi um hospital? A resposta está aqui dentro: todos os pátios do Juqueri são de muros altos, muito altos, a modo de esconder muita miséria humana. Chão nu, duro de pisado por muitos passos aflitos. Alguns têm outra árvore (sempre coalhadas de urubus) a derramar um pouco de sombra sobre muita infelicidade. O que completa a paisagem dos pátios são criaturas humanas - nossos desamados irmãos loucos - que choram, gritam, urram, blasfemam, rezam ou fazem gestos sem beleza. Sobre elas, manchando o azul do céu, os urubus.”
Sobre o Hospício do Juqueri, em Franco da Rocha (SP). Superlotação, tratamento desumano, o caos total, enfim, eram alguns dos problemas de um manicômio que tinha apenas 76 médicos para cerca de 13 mil internos.
Citações de Obras Literárias
Fonte: DANTAS, Audálio. O circo do desespero. São Paulo: Símbolo, 1976, p. 33.
Tópicos
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1929–2018Citações relacionadas

Ciclo; (veja texto integral no Wikisource)

reportagem de Miguel Roberto Nítolo, Revista Problemas Brasileiros, nº 333 http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=60&breadcrumb=1&Artigo_ID=453&IDCategoria=689&reftype=1; mai/jun 1999

“É uma cidade suja [Paris]. Há pombos e pátios escuros. As pessoas têm a pele branca.”
Camus, Albert. O estrangeiro; tradução de Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010. p. 47
O Estrangeiro