Frases sobre leveza

Uma coleção de frases e citações sobre o tema da leveza, vida, vida, coisa.

Frases sobre leveza

Victor Hugo photo

“As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade.”

Victor Hugo (1802–1885) poeta, romancista e dramaturgo francês
António Lobo Antunes photo

“Por vezes, ao sexto ou sétimo cálice, sinto que quase o consigo, que estou prestes a consegui-lo, que as pinças canhestras do meu entendimento vão colher, numa cautela cirúrgica, o delicado núcleo do mistério, mas
logo de imediato me afundo no júbilo informe de uma idiotia pastosa a que me arranco no dia seguinte, a golpes de aspirina e sais de frutos, para tropeçar nos chinelos a
caminho do emprego, carregando comigo a opacidade irremediável da minha existência,
tão densa de um lodo de enigmas como pasta de açúcar na chávena matinal. Nunca lhe aconteceu isto, sentir que está perto, que vai lograr num segundo a aspiração adiada e eternamente perseguida anos a fio, o projeto que é ao mesmo tempo o seu desespero e a sua esperança, estender a mão para agarrá-lo numa alegria incontrolável e tombar, de súbito, de costas, de dedos cerrados sobre nada, à medida que a aspiração ou o projecto se afastam tranquilamente de si no trote miúdo da indiferença, sem a fitarem sequer?
Mas talvez que você não conheça essa espécie horrorosa de derrota, talvez que a
metafísica constitua apenas para si um incômodo tão passageiro como uma comichão efémera, talvez que a habite a jubilosa leveza dos botes ancorados, balouçando devagar
numa cadência autônoma de berços. Uma das coisas, aliás, que me encanta em si, permita-me que lho afirme, é a inocência, não a inocência inocente das crianças e dos
polícias, feita de uma espécie de virgindade interior obtida à custa da credulidade ou da
estupidez, mas a inocência sábia, resignada, quase vegetal, diria, dos que aguardam dos
outros e deles próprios o mesmo que você e eu, aqui sentados, esperamos do empregado
que se dirige para nós chamado pelo meu braço no ar de bom aluno crônico: uma vaga
atenção distraída e o absoluto desdém pela magra gorjeta da nossa gratidão.”

Os Cus de Judas

Arthur Schopenhauer photo
Milan Kundera photo
Hans Christian Andersen photo
Milan Kundera photo

“Sentiu um peso, mas não era o peso do fardo e sim da insustentável leveza do ser”

A Insustentável Leveza do Ser
A Insustentável Leveza do Ser

Fernando Pessoa photo
Alicia Silverstone photo

“Acho que é muito profundo. Profundo no sentido de que é muito leve. Acho que leveza, para ser verdadeira, tem de vir de um lugar muito profundo.”

Alicia Silverstone (1976) Atriz americana

Alicia Silverstone, atriz, sobre seu filme Clueless, numa frase que lhe rendeu na Inglaterra o prêmio Pés pelas Mãos, como a declaração mais absurda do ano
Fonte: Revista Veja http://veja.abril.com.br/131200/vejaessa.html, Edição 1 679 - 13 de dezembro de 2000

Horacio photo
Chi­ma­man­da Ngo­zi Adi­chie photo

“Eu sorrira, correra, ria. Meu peito estava repleto de alguma coisa parecida com espuma de banho. Leve. A leveza era tão doce que eu podia sentir seu gosto na língua, tinha a doçura de um caju maduro, amarelo-vivo.”

Purple Hibiscus
Variante: Eu sorrira, correra, rira. Meu peito estava repleto de alguma coisa parecida com espuma de banho. Leve. A leveza era tão doce que eu podia sentir seu gosto na língua, tinha a doçura de um caju maduro, amarelo-vivo.

Milan Kundera photo
Milan Kundera photo

“A idéia do eterno retorno é uma idéia misteriosa, e uma idéia com a qual Nietzsche muitas vezes deixou perplexos outros filósofos: pensar que tudo se repete da mesma forma como um dia o experimentamos, e que a própria repetição repete-se ad infinitum! O que significa esse mito louco? De um ponto de vista negativo, o mito do eterno retorno afirma que uma vida que desaparece de uma vez por todas, que não retorna, é feito uma sombra – sem peso, morta de antemão; quer tenha sido horrível, linda ou sublime, seu horror, sublimidade ou beleza não significam coisa alguma. Uma tal vida não merece atenção maior do que uma guerra entre dois reinos africanos no século XIV, uma guerra que nada alterou nos destinos do mundo, ainda que centenas de milhares de negros tenham perecido em excruciante tormento. Algo se alterará nessa guerra entre dois reinos africanos do século XIV, se ela porventura repetir-se sempre, retornando eternamente? Sim: ela se tornará uma massa sólida, constantemente protuberante, irreparável em sua inanidade. Se a Revolução Francesa se repetisse eternamente, os historiadores franceses sentiriam menos orgulho de Robespierre. Como, porém, lidam com algo que jamais se repetirá, os anos sangrentos da Revolução transformaram-se em meras palavras, teorias e discussões; tornaram-se mais leves que plumas, incapazes de assustar quem quer que seja. Há uma diferença infinita entre um Robespierre que ocorre uma única vez na história e outro que retorna eternamente, decepando cabeças francesas. Concordemos, pois, em que a idéia do eterno retorno implica uma perspectiva a partir da qual as coisas mostram-se diferentemente de como as conhecemos: mostram-se privadas da circunstância atenuante de sua natureza transitória. Essa circunstância atenuante impede-nos de chegar a um veredicto. Afinal, como condenar algo que é efêmero, transitório? No ocaso da dissolução, tudo é iluminado pela aura da nostalgia, até mesmo a guilhotina. Não faz muito tempo, flagrei-me experimentando uma sensação absolutamente inacreditável. Folheando um livro sobre Hitler, comovi-me com alguns de seus retratos: lembravam minha infância. Eu cresci durante a guerra; vários membros de minha família pereceram nos campos de concentração de Hitler; mas o que foram suas mortes comparadas às memórias de um período já perdido de minha vida, um período que jamais retornaria? Essa reconciliação com Hitler revela a profunda perversidade moral de um mundo que repousa essencialmente na inexistência do retorno, pois, num tal mundo, tudo é perdoado de antemão e, portanto, cinicamente permitido. Se cada segundo de nossas vidas repete-se infinitas vezes, somos pregados à eternidade feito Jesus Cristo na cruz. É uma perspectiva aterrorizante. No mundo do eterno retorno, o peso da responsabilidade insuportável recai sobre cada movimento que fazemos. É por isso que Nietzsche chamou a idéia do eterno retorno o mais pesado dos fardos (das schwerste Gewicht). Se o eterno retorno é o mais pesado dos fardos, então nossas vidas contrapõem-se a ele em toda a sua esplêndida leveza. Mas será o peso de fato deplorável, e esplêndida a leveza? O mais pesado dos fardos nos esmaga; sob seu peso, afundamos, somos pregados ao chão. E, no entanto, na poesia amorosa de todas as épocas, a mulher anseia por sucumbir ao peso do corpo do homem. O mais pesado dos fardos é, pois, simultaneamente, uma imagem da mais intensa plenitude da vida. Quanto mais pesado o fardo, mais nossas vidas se aproximam da terra, fazendo-se tanto mais reais e verdadeiras. Inversamente, a ausência absoluta de um fardo faz com que o homem se torne mais leve do que o ar, fá-lo alçar-se às alturas, abandonar a terra e sua existência terrena, tornando-o apenas parcialmente real, seus movimentos tão livres quanto insignificantes. O que escolheremos então? O peso ou a leveza? (…) Parmênides respondeu: a leveza é positiva; o peso, negativo. Tinha ou não razão?”

Milan Kundera (1929–2023)
Philippa Gregory photo
Gerson De Rodrigues photo