Gerson De Rodrigues: Vida (página 2)

Gerson De Rodrigues é poeta, escritor e anarquista Brasileiro. Explore frases interessantes em vida.
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“Imaginem que um Filósofo ao visitar uma velha Biblioteca se depara com um velho Sábio

- Estais perdido? Perguntou o Sábio

- Se estou perdido, como poderias tu orientar-me a razão? Disse o filósofo em tom questionador

O Sábio abaixa sua cabeça, caminha de um lado para o outro e indaga – Estais perdido!?

Filósofo: E não estamos todos?

O Completo e absoluto silencio gritava mais alto do que suas bocas caladas, embora suas mentes gritassem mais alto do que o mais feroz diabo.

Sábio: Não posso estar perdido, se eu sei exatamente aonde o verdadeiro eu estas, e deverias estar.

Filósofo: E Como poderias tu saber aonde deverias estar e aonde estas?

Sábio: Mas isso é muito simples, se estou em algum lugar, sigo a minha vontade. Está de acordo?

Filósofo: E Como saberias que segues a tua própria vontade? Se não foi influenciado pelo homem que vive em ti, o homem que crê em ti e nos deuses! Como poderias tu, saber aonde deverias ir?

O Sábio caminha a uma das muitas prateleiras e pega um livro, senta-se na frente do filósofo e diz de maneira serena

Sábio: Se leres este livro, e após a leitura tornar-se outro homem, como diferenciarias quem tu és, para quem tornou-se?

Filósofo: O Homem que leu este livro, para ti és um homem diferente antes deste mesmo livro? Digo, se hoje acredito no poder dos deuses, e amanhã perco completamente a fé por ler um livro ou dois, teria eu tornado me um homem sem fé, ou um homem diferente do que sempre fui?

Sábio: Tornarias outro homem

Filósofo: Mas isso é uma loucura, se torna-se outro homem a cada nova experiência, então tu, quem és afinal?

Sábio: Isso é muito simples…

O Sábio se levanta novamente e pega uma bíblia sagrada na escrivaninha a direita

Sábio: Se ao ler estas fábulas, e acreditares com toda as forças que és cristo, isso torna-te cristo?

Filósofo: Esse ato tornaria me um estudioso, um homem em busca de respostas

Sábio: Mas se as respostas levarem este homem a mais perguntas como poderias responde-las?

Filósofo: Não há respostas afinal.

Sábio: Quando tinhas dez anos de idade, pensavas o que?

Filósofo: Eu era uma criança comum, católico, vivia na cidade pequena, mas o que a minha infância tem a ver com tudo isso?

Sábio: Aquela criança ainda vive?

Filósofo: Eu a matei, ela tornou-se o homem que sou

Sábio: E ao matar o passado, tornou-se quem tu és!

Filósofo: Mas esse argumento não sustenta a sua teoria, que ao lermos novos livros tornamo-nos outro homem

Sábio: Ao ler as palavras de cristo, tens dois homens prontos a nascer. Se ao leres a bíblia, e acreditar com toda a sua fé que és cristo, e que cristo vives em ti, o que tornarias?

Filósofo: Um tolo

Sábio: E o que este tolo faria após tornar-se um tolo?

Filósofo: Viverias como um tolo

Sábio: Ao leres as palavras de cristo e duvidares de sua existência, o que tornarias?

Filósofo: Um sábio…

Sábio: Então tornarias tu, outro homem

O Filósofo pensativo caminha até uma seção na velha biblioteca, e pega uma série de livros matemáticos, senta-se em uma velha mesa acompanhada de uma pequena cadeira. Abre um dos velhos livros, aponta seu dedo sobre uma teoria matemática cientifica

Filósofo: O Que compreendes ao ler esta teoria?

Sábio: A Gravidade em sua mais bela e poética sinfonia matemática

Filósofo: E Quem a escreveu? Poderias me dizer?

Sábio: Isaac Newton

Filósofo: Consideravas Newton um sábio?

Sábio: Mas é claro, um homem de muitas virtudes

Filósofo: Mas este acreditava nos deuses

Sábio: E o que queres dizer com estas alegações?

O Filósofo se levanta novamente e vai a uma pilha de livros ao lado, pegando então Assim falou Zaratustra de Friedrich Nietzsche

Filósofo: Conheces Nietzsche?

Sábio: Mas é claro, estais a insultar-me?

Filósofo: Se ao leres Newton e Nietzsche, o que tornarias?

Sábio: Um novo homem…

Filósofo: Este novo homem, serias quem? Nietzsche? Ou Newton? Como este homem diferenciaria os deuses da matemática? Friedrich de Newton?

O Que eu quero dizer, como poderias tu, tornar-se outro homem ao leres dois autores distintos, se não o mesmo homem que agregou a si mesmo novas categorias do conhecimento.

Sábio: Então alegas descaradamente, que sou o mesmo homem todos os dias da minha vida?

Filósofo: E Como não poderias ser? Se ao leres mil livros, mudas-te de opinião mil vezes, és um metamorfo. Se ao escreveres mil livros, es um deus sobre os homens. Mas, se ao leres mil livros e aprenderes com estes próprios és o mesmo homem, com um intelecto refinado ao homem que eras anteriormente.

Sábio: Queres dizer que o conhecimento é como um diabo possessor?

Filósofo: Um diabo possessor?

Sábio: Um diabo que tomas o corpo de um homem, mas não toma sua verdadeira essência.

Filósofo: Estou de acordo, então voltamos a mesma questão ao nos conhecermos, como sabes que estais a seguir a sua própria vontade e não a de outros homens ou deuses

Sábio: Deixe-me responder essa questão, com uma alegoria que irá também sustentar meu outro ponto de vista

Imagines que és um crente, que acreditas no poder do divino. Vives então em templos sagrados, seu mundo é o louvor, então descobres por um telescópio apontado aos céus que lá não há deuses, e sim homenzinhos verdes em outros mundos, descobririas então que neste novo mundo há também novos deuses como saberias tu que o deus que pregas e rezas és o verdadeiro?

Filósofo: Não saberias, questionaria também os outros deuses

Sábio: E Se ao descobrires que além destes homenzinhos verdes, também existem tantos outros, e que o cosmos é repleto de deuses e vida. O Que tornarias a sua crença em um deus de carne?

Filósofo: Se tornaria insensata, ausente de razão, mas ainda questionadora pela vontade de questionar e aprender sobre esses novos deuses.

Sábio: Então responda-me, ao descobrir novos mundos tornou-se um homem diferente daquele pobre religioso de pés sujos em templos falsos?

Filósofo: Deixaria de ser um crente, e tornaria me um questionador. Mas ainda seria o mesmo homem

Sábio: Se és o mesmo homem, por que não crê nos mesmos deuses? Tornou-se um novo homem ao conhecer outros mundos, pois o homem que fois um dia, suicidou-se diante das cordas sinceras da realidade

Filósofo: Se o que diz é verdade, e somos de fato, diabos possessores, possuídos pelo conhecimento que mata o homem mas não mata sua essência, como sabes que não estás perdido? Como diferencias a decisão do homem com a decisão do diabo?

Se a cada nova experiência somos possuídos por um diabo diferente, se a cada livro torno-me um novo homem, se a cada mundo matamos um novo deus, quem eres tu afinal?

Sábio: Mas isso é muito simples, imagine comigo a seguinte alegoria

Somos todos homens vagueando em um vale sem fim, pense que cada livro desta biblioteca és um diabo, ao seres possuído pelo diabo, torna-se o diabo, embora sua essência humana ainda prevaleça

Filósofo: Então acreditas que podes matar a si mesmo, e tornar-se o homem que eras, mas renovado em sabedoria?

Sábio: Novamente estamos de acordo, poderias por favor dizer-me o que fazes em uma velha biblioteca como essa?

Filósofo: Vim em busca de conhecimento, e autoconhecimento, mas acabei perdendo-me em tamanha sabedoria e tormento

Sábio: E ao encontrar-me continua com este tormento?

Filósofo: Não

Sábio: E Por que não?

Filósofo: Porque sei quem tu és, e vós não o conheceis, mas eu o conheço, e se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós. Mas eu o conheço, e guardo a sua palavra.

Sábio: E quem sou eu?

Filósofo: Tu és o meu Deus, e eu te darei graças; tu és o meu Deus, e eu te exaltarei.

Sábio: Se eu sou o seu Deus, o único e verdadeiro Deus, sou tu enquanto falas sozinho para as paredes, divagando sobre quem tu és e o que tornou-se!

Tornas-te Deus, ao questionar a si, mas continuaste o homem que és, e que fois ao lembrar-se de si, e o que és.”

“Homem e o Conhecimento – Uma Alegoria dialética.

Certa vez, um filósofo em busca de conhecimento e sabedoria foi ao encontro de um velho Monge, conhecido por seus grandes feitos na literatura e no conhecimento mundial.

Esse monge, conhecido como ‘’ Thoth o Sábio’’ Vivia no alto de um monte em uma biblioteca pessoal de livros escritos por ele mesmo.

Ao subir o grande monte com muito esforço e dedicação e adentrar os portões de ouro da sagrada biblioteca, o Filósofo se surpreende com aquele velho monge. Que se encontrava sentado em meio aos livros em posição de Lótus expressando tamanha sabedoria.

Com cautela, o Filósofo calmamente indaga uma forte questão ao sábio monge. Questão da qual, nunca a ele foi dirigida antes

― Como podes um homem tão sábio, possuir tamanha certeza de sua vasta sabedoria? Poderias tu, me guiar a sabedoria do mundo?

O Monge, abre calmamente seus olhos que antes estavam fechados e meditando calmamente. Ainda sentado na posição de Lótus, respondeu friamente

― Quem eres essa tola alma que ousas dirigir-me a palavra?

O Filósofo, ao ser chamado de tolo sorriu de maneira irônica com o canto de sua boca.

― Sou apenas um jovem poeta, um velho filósofo, muitas histórias eu escutei sobre ti. Homens que o seguem como um deus, mulheres que o idolatram como um símbolo, crianças que leem seus livros e tornam-se jovens revolucionários. Pensei, se tamanha mente existe, o que seria de mim então? Um tolo. Tu és de fato, o mais sábio dos homens por isso escalei o mais alto dos montes, com o único objetivo de conhecer o mais sábio dos homens.

O Sábio monge, orgulhoso de sua vasta sabedoria sendo elogiada por um jovem Filósofo. Se levanta, e caminha a um de seus muitos livros naquela vasta biblioteca. Pega um deles, intitulado ‘’ A Sabedoria do mundo’’ e então, abre em uma página com uma precisa marcação começando então a leitura de sua citação

― E era a sabedoria de Salomão maior do que a sabedoria de todos os do oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios. Tudo isto provei-o pela sabedoria; eu disse: Sabedoria adquirirei; mas ela ainda estava longe de mim. E vinham de todos os povos a ouvir a sabedoria de Salomão, e de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria. Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo. Com ele está a sabedoria e a força; conselho e entendimento

Após escutar tal citação, o Filósofo reconhece que tal pensamento, não poderia ter advindo de tal homem, ele então indagou

― Essa citação do seu livro, não eres da Bíblia sagrada? Tenho certeza que eu poderia encontra-la em Jó 12:13.

O Monge, cai em gargalhadas. Colocando seu livro sobre uma velha mesa, perguntou ao Filósofo.

― E não são os homens diabos copiadores? Todo conhecimento adquirido pelo homem, adveio de outro homem mais sábio.

O Filósofo furioso, começa a caminhar por toda a biblioteca pegando todos os livros e abrindo-os de um a um.

― Friedrich Nietzsche, Zaratustra, William Godwin, Schopenhauer, mas isso é um absurdo! Como pode se dizer o grande sábio? Se nenhum destes livros foi escrito por você, são apenas ideias de outros homens! Você é uma grande fraude!!

Gritava o filósofo enquanto verificava e arremessava cada livro nas estantes.

O Monge, ainda mantendo sua plena calma, indaga ao Filósofo uma simples questão.

― Poderia me dizer, o que achas sobre Deus?

O Filósofo, escutando tal pergunta simples e tola responde rapidamente sem pestanejar

― Uma fantasia criada por homens, um mero mito, uma ideia, deus a muito tempo morreu e somos hoje homens da ciência!

O Monge caindo em gargalhadas responde

― Ainda não percebeu não é? Tudo o que disse, veio de outras mentes eu poderia categorizar sua resposta com o nome e o livro de cada pensador.

O Filósofo, escutando tal resposta começa a refletir, refletindo ele responde calmamente

― Não… essa resposta veio da minha mente, eu apenas a aprendi ao longo dos anos. No entanto, não me intitulo o grande sábio.

― Então poderia me dar uma resposta a respeito da existência de Deus, sem mencionar ou pensar sobre alguma literatura que leu ou aprendeu durante seus longos anos de vida? Perguntou o Monge.

O Filósofo caminha de um lado para o outro, seus neurônios queimando como um vulcão

― Mas é impossível! Desde os pré-socráticos a mente do homem… vem aprendendo e evoluindo como um coletivo, esse desafio que me propôs é humanamente impossível.

Respondeu o Filósofo com uma tonalidade séria em sua voz.

O Monge calmamente pega um caderno velho, com anotações por todas suas folhas e entrega nas mãos do Filósofo.

― Esta vendo cada anotação? Cada ideia? Todas as ideias que eu tive, toda a reflexão, em algum momento ela nasceu de algum outro homem. Até mesmo Nietzsche se inspirou em Stirner, todos os homens compartilham de uma filosofia coletiva, de uma ciência mental. Não se pode ser sábio, se negar o conhecimento preestabelecido pela humanidade.

O Filósofo confuso, vendo tais anotações enquanto sua mente conectava cada referência literária, coloca o caderno sobre a mesa e pergunta

― Como um monge, intitulado o sábio, nada mais é do que qualquer outro Filósofo, escritor ou homem que pisou nesse planeta? Me diga, o que diferencia você dos outros homens?

O Monge, caminha até o Filósofo enquanto desvia das pilhas de livros, coloca a mão em seu ombro e pede que o siga. Ambos sobem uma escada, que leva ao segundo andar daquela biblioteca. Aonde um grande telescópio apontando para o céu os aguardava

― Por favor, veja com seus próprios olhos

O Filósofo, se aproxima do telescópio e ao observar a imensidão do cosmos é chocado por uma realidade assustadora. Diante de seus olhos, foram apresentadas incontáveis galáxias, planetas e mundos distantes.

O Filósofo é claro, já havia lido em livros de astronomia sobre a imensidão do cosmos, mas nunca de fato o viu com seus próprios olhos.

O Filósofo então, ao tornar-se o sábio monge realizou em sua primitiva mente de macaco, que mesmo lendo todos os livros já escritos. O conhecimento realizado pelo homem, de nada importa para o universo.

Pois tudo que conhecemos, ou iremos conhecer não passa de um leve suspiro de uma criança que acabou de nascer mas morreu logo depois do parto.

A vida, a existência tudo o que conquistamos, ou iremos conquistar. É apenas um grito ecoante de desespero para nos convencer que somos importantes, mas no fundo todos nós sabemos que somos inúteis.

O Velho filósofo, tornou-se o sábio monge.

Sábio, por reconhecer o seu lugar no nada, como um nada. Pois mesmo com todo o conhecimento do mundo, o nosso mundo é apenas um pontinho luminoso no céu…”

“Poema – Sloniec

Nas auroras do tempo
muito antes dos homens
caminharem pela terra

Um arcanjo que odiava
todos os deuses
batia as suas asas na mais ríspida solidão

Certa vez,
enquanto vagava pelo universo
escutou os lamentos de um anjo;

Sloniec chorava,
e as suas lágrimas partiram
o seu coração

Aquele arcanjo de asas negras
que viveu toda a sua vida
atormentado pelas suas angustias

Comoveu-se com as lágrimas
daquele anjo

E ao perguntar porque
ela estava chorando

O anjo respondeu que havia
cometido o maior de todos os pecados

Ela havia se apaixonado pelo Arcanjo
enquanto observava ele vagando
em sua própria solidão

Assustado com o Amor
que nunca havia sentido

O Arcanjo bateu as suas asas
e isolou-se nos confins
de um buraco negro

Devido ao pecado de Amar
os deuses baniram a alma
daquele anjo
no corpo de uma criança humana

O Arcanjo enfurecido,
se rebelou
contra os deuses

E com as suas próprias mãos
derrubou os portões dos céus

Enforcando todos os deuses e arcanjos
em suas próprias tripas
fazendo das suas vísceras
poesias de sangue

E como um último ato
enquanto chorava olhando
as estrelas

Baniu a si mesmo
para o reino dos homens

Reencarnando
em um jovem Poeta;

Ele havia crescido sem lembrar
do seu passado

Mas durante toda a sua vida
afogava-se em lágrimas
que ele nunca soube
de onde vinham

Sloniec era a mais bela
humana que já havia caminhado pela terra
o seu sorriso era como a Lua e as Estrelas
lábios que nos beijam e nos levam a loucura

Mas o seu coração era triste
e o suicídio vagava ao seu lado;

Enquanto planejava se enforcar
em uma destas noites solitárias

O jovem poeta foi atraído
pela mais bela das sinfonias

Uma voz tão doce
que fariam flores nascer
em um coração suicida

Sem compreender
aquele nefasto sentimento
o jovem poeta jurou pelos deuses
que havia matado

Que iria amar e proteger
aquela garota
que fez suas asas
crescerem novamente…

- Gerson De Rodrigues”

Niilismo Morte Deus Existencialismo Vida Nietzsche

“Poema – Depressão

Estive ao seu lado em suas
noites de insônia

E quando você se sentiu sozinho
e clamou aos deuses
quem atendeu suas preces fui eu

Caminhei ao seu lado
durante noites infernais

Mas ao contrário da sua sombra
eu não te abandonei na escuridão

Roubei a sua alma
e conquistei a sua fé

Sou o seu novo Deus
você queira ou não

Fiz ateus dobrarem os joelhos
e cristãos clamarem pelo diabo

Dancei na frente de judas
quando ele se arrependeu
pelos seus pecados

Tomei o sangue dos seus pulsos
quando você o dilacerou pela
última vez

Eu sou o monstro que
te impede de viver

A voz presa em sua garganta
querendo fugir desta prisão

A timidez rasgando suas vísceras
quando olhos de julgamento
te encaram em publico

Eu sou a insegurança
que faz você odiar o seu corpo

Transformo os seus sonhos
em pesadelos terríveis
que fariam de mim
o seu melhor amigo

Eu sou a corda
esmagando o seu pescoço
enquanto você se debate em agonia

Eu sou os olhares de pena
quando colocarem em você
camisas de força

O seu único companheiro
quando os remédios
não fizerem efeito

Te contarei piadas infames
que transformarão suas risadas
em gritos de dor

E quando tentarem falar de mim
para alguém

Farei da sua insegurança
um ninho de incertezas
até que a morte seja sua única amiga

Você irá implorar para que
eu te deixe em paz

Gritará pelas ruas para que
tirem a sua vida
como um ato de misericórdia

Farei com que todos aqueles
que te amam
se afastem e o deixem no limbo

E quando na mais negra escuridão
você se encontrar
tirarei também as suas esperanças

Pelas asas podres
de Ba‘al
o rei das moscas e das pestilências

Direi o meu nome em segredo…

Eu sou aquele
diante do espelho!
- Gerson De Rodrigues”

Niilismo Morte Deus Existencialismo Vida Nietzsche

“Poema - O Equinócio part 2

Não sou um homem de virtudes
Tampouco acredito que desta vida
Levarei alguma honraria

Morrerei tal como tenho vivido
Um Diabo a dançar nas labaredas
Do meu próprio inferno

Estou hoje convencido de todas as minhas incertezas
Lúcido como um homem que perdeu a razão

Nunca obtive sucesso na vida
Destas falhas que colecionei por este longo caminho
Transformei o meu ninho de desprezo e decepções
Em um paraíso de Tolos e Suicidas

Se a criança que eu fui um dia
Soubesse o monstro que eu me tornei

Arrancaria suas próprias tripas com as mãos
E se enforcaria até que não sobrasse um único suspiro;

E há tantos caminhos que eu poderia ter percorrido
Mas quais destes caminhos me levariam ao céu?
Se a alma que um dia eu tive
A vendi só pelo prazer de vê-la queimar!

Aonde se perdeu aquela inocente criança?
Que dizia com lágrimas em seus olhos

‘"Subirei aos céus e erguerei o meu trono
acima do cadáver de Deus
eu me assentarei no monte da assembleia
no ponto mais elevado e matarei todos os arcanjos

Subirei mais alto que as mais altas nuvens
serei como o Altíssimo espirito santo"

Mas fui condenado as profundezas de Sheol
E fui levado ao mais profundo abismo!

Eu que sempre sonhei em ser o filho da alvorada!
Sou hoje a escuridão no coração dos loucos e dos suicidas (…)

‘’ Na ala psiquiátrica a insanidade e a razão
Tiveram um filho e o chamaram de Deus

Hoje devo chama-lo de pai
Porque estas são as chamas da minha loucura’’

O mundo é feito para as almas que desejam viver
Não para os suicidas que mutilam seu próprio corpo
Com a esperança de que algum dia fecharão os seus olhos
E a morte beijará os seus lábios

Tenho sonhado todas as noites com uma nova vida
Um novo rumo, até mesmo um novo nome

Filosofei com sofistas e poetas gregos
Sobre a origem e o renascimento do universo

Dialoguei com cristo sobre o seu sacrifício
E invejei seu amor pelos homens

Nesta longa jornada descobri que sou só uma criança
Com medo do escuro e sonhos que nunca vão se realizar

Serei sempre esta alma vazia
Sentada no lado escuro da Lua

Admirando a luz das estrelas
Que há muito tempo já se apagou…
- Gerson De Rodrigues”

Fonte: Lúcifer fernando pessoa poesias maldições
nietzche

“Poema – Sodoma

No esgoto dos ratos
Os suicidas trepam com as baratas
Para esquecer o seu medo da morte

Enquanto aqueles que já se mataram
Participam de orgias com a mãe de cristo
Em busca de salvação
Da condenação divina;

Há uma jovem neste exato momento
Que teve o seu coração partido

Ela jura que a arma na gaveta do seu pai
Pode solucionar todos os seus problemas

Enquanto o seu vizinho ao lado
Chora todas as manhãs

Com uma única chance
De faze-la sorrir

O quão irônica é a vida?
Enquanto padres estupram crianças

Mães rezam para que cristo as protejam
Do homem que as violentam todos os dias

Como uma sinfonia composta por
Beethoven e apreciada pelo Diabo
A vida e a morte caminham de mãos dadas

Enquanto nós meros mortais
Clamamos por um abraço daqueles
Que nos apunhalaram pelas costas

Um homem de sessenta anos
Teve o seu coração partido
Mais vezes do que todos os seus filhos

Hoje ele chora sozinho em sua sala de estar
Se perguntando por que não teve coragem
De se matar aos dezesseis anos

Talvez porque a dor em seu coração
Não fosse tão forte
Quanto a sua vontade de viver mais um dia?

Vivemos vidas miseráveis
Enquanto nos perdemos em ambições
De uma vida feliz e um amor sincero

Existe um boato no inferno
Que todas as almas felizes são condenadas
Ao abismo da melancolia

Enquanto aqueles que sofreram em vida
São abraçados pelo acalanto amor
De um anjo apaixonado

Mas todos nós sabemos que
Os contos bíblicos são mentiras

Contadas por homens que queimavam
Mulheres inocentes
Em fogueiras de pura covardia e terror

Blasfêmias ofendem mais
Do que crianças morrendo de fome

Ou adolescentes cortando seus pulsos
Enquanto seus pais dizem que o sangue
Que escorre pelas suas veias
É pura frescura

Uma mulher inocente
Foi estuprada por um monstro imundo

Ela se enforca se sentindo culpada
E o crápula é aplaudido pelos vermes
Que chamam de amigos

Vivemos em uma sociedade doente
E o suicídio para alguns é o remédio
Menos doloroso…
- Gerson De Rodrigues”

Fonte: Filosofia Niilismo

“Poema - 1 Reis 19:3-4

Sinfonias tristes
vagam pelo universo
como as lágrimas nos olhos
daqueles que sofrem em silencio

Acolhida pelas trevas
e renegada pelos deuses

Lilith havia sido amaldiçoada
com um abismo em seu coração

A sua vida
era como uma alegoria ao suicídio

Enforcava-se na escuridão
todas as vezes
que não conseguia encontrar
a luz das estrelas

Sentindo-se
sozinha em um mundo
do qual não escolheu viver

Trancafiada nos cárceres privados
da sua própria mente
era assombrada pelos mais terríveis demônios

As paredes do seu quarto
jorravam o sangue
das suas tentativas de suicídio

Embora as suas lágrimas
clamassem pela salvação
daquele terrível abismo

A sua essência
banhava-se na escuridão

Em seus olhos habitavam
o desejo de dilacerar os seus punhos
enquanto afogava-se em uma banheira
repleta de sangue e lágrimas

Mas em seu coração
haviam as chamas negras de uma fênix
que renascia a cada segundo

Então ela se enforcava
em seus sonhos sublimes

Deitava-se na cama
com os olhos fechados
imaginando-se dependurada
enquanto matava as suas dores

E ao abrir os olhos
repletos de lágrimas
havia renascido mais uma vez

As feridas em seu peito
espalhavam-se como um câncer

Gritos ensurdecedores emanavam
das janelas daquele quarto hostil

– Já tive o bastante, Senhor!
matem-me sem nenhum perdão!
pois não estão matando uma alma inocente
apenas crucificando as suas dores

Mas quem poderia escutá-la?
quem poderia salvá-la?

Não se pode salvar uma alma
que sorri para o abismo
e se banha em seu próprio sangue

Gritando aos deuses
ela sorriu pela ultima vez
enquanto as suas angustias
tornavam-se sinfonias tristes

A vagar pelo universo
como as lágrimas nos olhos
daqueles que sofrem em silencio…

- Gerson De Rodrigues”

Niilismo Morte Existencialismo Ateísmo Deuses Nietzsche

“Muitos pseudo intelectuais ao redor do mundo vem ‘’ Propagando o Niilismo’’ e o tratando como depressão – e isso é de uma estupidez sem tamanho.

Existe uma linha tênue que separa a depressão do niilismo; e comparar os dois é um risco a saúde pública e ao intelectualismo.

Niilismo basicamente é a rejeição de todos os princípios religiosos e morais, tendo como base uma linha de pensamento filosófica de que a vida não tem sentido

Um Niilista nada mais é do que um intelectual, que através da leitura, da música ou da arte chegou a conclusão filosófica ou pessoal de que a vida e seus valores não tem sentido.

O Niilismo é uma escolha do homem – muito diferente da depressão.

A Depressão não envolve a rejeição de princípios morais ou religiosos. Você pode ser profundamente devoto e deprimido ao mesmo tempo – A Depressão é uma doença comum e grave que afeta negativamente como você se sente, a forma como você pensa e como você age. E ela pode levar a uma variedade de problemas físicos e emocionais e pode diminuir a capacidade de uma pessoa para funcionar no trabalho e em casa – podendo também levar ao suicídio.

A Depressão não é um traço de intelectualidade, e nem algo a ser almejado. É uma doença e precisa ser tratada – não a confunda com Niilismo.

É Claro que existem depressivos que são Niilistas e Niilistas que são depressivos – Mas as duas linhas vivem em caminhos diferentes, e o fato de ocasionalmente elas se cruzarem não quer dizer que são a mesma coisa.”

“Poema - 2 Coríntios 11:14

Viajei entre galáxias vivas
e cheias de vida
que de nada aprendi

Mas conheci buracos negros
cheios de morte
e sai de lá um sábio

Eu sou o filho do nada
e o herdeiro de todas as coisas

Tenho mais anos de vida
do que estrelas no universo
tenho muitos nomes
e alguns confesso que já foram reais

Conheci certa vez
uma criatura estranha que veio até mim
em busca de respostas

Cujas perguntas
estavam ali nela explicitas

Durante todos esses anos de vida
viajando por ai
eu finalmente aprendi

Que as resposta
para todas as minhas perguntas
estavam na noite em que eu me matei;

Eu havia acordado
em uma destas noites frias e solitárias
sentindo o meu sangue ferver
como um veneno que me matava aos poucos

Com olheiras nos olhos
e o cansaço do mundo nas minhas costas

Sentado nas beiradas sujas
de uma cama
repleta de angustias e sonhos perdidos

Sentia-me excluído
de todas as coisas

Quantas vezes
você já não chorou
com as cordas em seu pescoço?

Sentindo as suas mãos tremulas
enquanto decidia
se colocava ou não um fim em sua vida

Sinto-me assim todos os dias…

Forçado a buscar
refugio na solidão

Ao caminhar por ruas lotadas
sinto-me a mais terrível das criaturas

A ansiedade me atormenta
e eu não consigo olhar em ninguém nos olhos

Todas as vezes
que eu tentei amar alguém
lágrimas escorreram pelos seus rostos

O que é mais cruel?

O Suicídio prematuro
de uma alma infeliz

Ou os martírios
de um monstro solitário
cuja as dores o matam aos poucos

Sentado nas janelas
do décimo terceiro andar
do meu prédio

Eu me lancei em meio ao abismo

Um anjo de luz
me segurou em seus braços

E em minha mente
ele profetizou

- Antes de queimar em suas chamas
Subiras aos céus;
ergueras o seu trono acima das estrelas dos Deuses

E se sentará em meio aos arcanjos
o ponto mais elevado do monte
se elevará mais alto do que as nuvens;

Serás a estrela da manhã
o filho das alvoradas

E a luz no final do Abismo!

Para se livrar das trevas
que vive em seu peito

Deves matar o homem que és hoje!

- Gerson De Rodrigues”

Morte Suicídio Nietzsche Niilismo Vida

“Poema – Daforin

Eu sou um parasita
Para aqueles que me amam
Desgracei as suas vidas
Com o meu nascimento

Agora vos entrego o meu suicídio
Para que vocês possam sorrir por um dia;

Não veem que estou
Destruindo suas vidas?

Me enforquem
Para que eu possa faze-los viver!

Há uma assombração
Que caminha ao meu lado
Desde os primórdios da minha infância

Todas as vezes que eu tento ser feliz
Ela começa a chorar

Suas lágrimas transformam-se em
Maldições que transformam o meu
Sorriso em gritos de dor

Gritando como um lunático
Eu suplico para que todos
Vocês vão embora

Eu só quero ficar sozinho
Com o diabo e ouvi-lo chorar

Sentindo a sujeira do mundo
Corroer a minha pele

Não entendo como vocês
Podem amar um monstro como eu;

Há uma assombração
Que caminha ao meu lado
Desde os primórdios da minha infância

Todas as vezes que eu tento
Levantar da cama

Ela se deita em meu lugar
Me prendendo a este quarto
Um escravo das suas paranoias

Escutei os sussurros de
Uma criança maldita
Lamentando o seu nascimento

Como a morte pré-matura
De estrelas incandescentes

Desejamos a escuridão do nada
E o martírio de todas as coisas

Me usem!
Como um porco
Pronto ao abate!

Me odeiem!
Como o diabo odeia
O crucifixo!

Eu sou as trevas
Nos olhos daqueles
Que perderam as suas esperanças

Nas minhas poesias
Há metáforas que escondem
A data do meu suicídio

Mas vocês só se importam
Com o poeta

E não com o sangue
Jorrado dos meus punhos;

Há uma assombração
Que caminha ao meu lado
Desde os primórdios da minha infância

E ela faz todos que eu amo sofrer
Todas as vezes que eu tento abrir
O meu coração

Ela me transforma em um monstro
Capaz de corroer as suas entranhas
E sugar a sua felicidade

Eu sou um parasita
Para aqueles que me amam
Desgracei as suas vidas
Com o meu nascimento

Agora vos entrego o meu suicídio
Para que vocês possam sorrir por um dia…
- Gerson De Rodrigues”

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