“mas o amor, essa palavra… Moralista Horacio, temeroso de paixões sem uma razão de águas fundas, desconcertado e arisco na cidade onde o amor se chama com todos os nomes de todas as ruas, de todas as casas, de todos os andares, de todos os quartos, de todas as camas, de todos os sonhos, de todos os esquecimentos ou recordações. amor meu, não te amo por ti nem por mim nem pelos dois juntos, não te amo porque meu sangue me faça te amar, amo te porque tu não és minha, porque tu estás do outro lado, desse lado pra onde me convidas a saltar e não posso dar o salto, porque no mais profundo de tudo tu não estás em mim, e não te alcanço, não consigo passar pra lá do teu corpo, do teu riso, há horas em que me atormento por saber que tu me amas (…), atormento me com o teu amor que não me serve de ponte, pois uma ponte não se apoia de um só lado, Wright ou Le Corbusier jamais farão uma ponte apoiada de um só lado e não me olhes com esses olhos de pássaro, pra ti a operação do amor é muito fácil, tu ficarás curada antes de mim, e a verdade é que não amo aquilo que amas em mim.”
Última atualização 25 de Agosto de 2022.
História