Esta tradução está aguardando revisão. Está correcto?

Entrar para revisão

“Vale a pena destacar [vários] pontos ao mesmo tempo [que desafiam a Loucura e a Civilização de Foucault]: (1) Há ampla evidência de crueldade medieval em relação aos insanos; (2) No final da Idade Média e do Renascimento, os loucos já estavam confinados, em celas, prisões ou até gaiolas; (3) 'diálogo' ou nenhum 'diálogo', até a loucura naqueles tempos estava freqüentemente relacionada ao pecado - mesmo na mitologia do navio dos tolos; e, nessa medida, era considerado sob uma luz muito menos benevolente do que sugerida por Foucault (mentes pré-modernas aceitavam a realidade da loucura - "loucura como parte da verdade" - assim como aceitavam a realidade do pecado; mas isso não significa que eles valorizavam a loucura, mais do que o pecado; (4) como Martin Schrenk (ele próprio um crítico severo Foucault) mostrou, os primeiros hospícios modernos se desenvolveram em hospitais e mosteiros medievais, em vez de leprosária reaberta; (5) o Grande O confinamento visava primariamente não ao desvio, mas à pobreza - pobreza criminal, pobreza louca ou simplesmente pobreza; a noção de que ela anunciava (em nome da crescente burguesia) uma segregação moral não suporta um exame minucioso; (6) nota, como salientou Klaus Doerner, outro crítico de Foucault (Madmen e a Burguesia, 1969), que não havia um confinamento controlado pelo Estado uniforme: os padrões inglês e alemão, por exemplo, se desviaram bastante do Grande Renfermínio Louis Quatorziano; (7) Fouca A periodização de ult parece-me errada. No final do século XVIII, o confinamento dos pobres era geralmente considerado um fracasso; mas é então que o confinamento dos loucos realmente avançou, como tão conclusivamente mostrado nas estatísticas relativas à Inglaterra, França e Estados Unidos; (8) Tuke e Pinel não 'inventaram' a doença mental. Em vez disso, eles devem muito a terapias anteriores e, com frequência, também se baseiam em seus métodos; (9) além disso, na Inglaterra do século XIX, o tratamento moral não era tão central na medicalização da loucura. Longe disso: como demonstrado por Andrew Scull, os médicos viam a terapia moral tukeana como uma ameaça leiga à sua arte e esforçavam-se para evitá-la ou adaptá-la à sua própria prática. Mais uma vez, os monólitos da época de Foucault desmoronam diante da riqueza contraditória da evidência histórica.”

Original

[A] number of points are worth making at once [that challenge Foucault’s Madness and Civilization]: (1) There is ample evidence of medieval cruelty towards the insane; (2) In the late Middle Ages and the Renaissance, the mad were already confined, to cells, jails or even cages; (3) ‘dialogue’ or no ‘dialogue’, even madness during those times was frequently connected with sin -- even in the Ship of Fools mythology; and, to that extent, it was regarded in a far less benevolent light than suggested by Foucault (pre-modern minds accepted the reality of madness -- ‘madness as a part of truth’ -- just as they accepted the reality of sin; but this does not mean they valued madness, any more than sin; (4) as Martin Schrenk (himself a severe critic Foucault) has shown, early modern madhouses developed from medieval hospitals and monasteries rather than as reopened leprosaria; (5) the Great Confinement was primarily aimed not at deviance but at poverty -- criminal poverty, crazy poverty or just plain poverty; the notion that it heralded (in the name of the rising bourgeoise) a moral segregation does not bear close scrutiny; (6) at any rate, as stressed by Klaus Doerner, another of critic of Foucault (Madmen and the Bourgeoisie, 1969), that there was no uniform state-controlled confinement: the English and German patterns, for example, strayed greatly from the Louis Quatorzian Grand Renfermement; (7) Foucault’s periodization seems to me amiss. By the late eighteenths century, confinement of the poor was generally deemed a failure; but it is then that confinement of the mad really went ahead, as so conclusively shown in statistics concerning England, France, and the United States; (8) Tuke and Pinel did not ‘invent’ mental illness. Rather, they owe much to prior therapies and often relied also on their methods; (9) moreover, in nineetenth-century England moral treatment was not that central in the medicalization of madness. Far from it: as shown by Andrew Scull, physicians saw Tukean moral therapy as a lay threat to their art, and strove to avoid it or adapt it to their own practice. Once more, Foucault’s epochal monoliths crumble before the contradictory wealth of the historical evidence.

Fonte: Foucault (1985), pp. 28-29

Última atualização 9 de Fevereiro de 2021. História

Citações relacionadas

Helge Krog photo
Vergílio Ferreira photo
Augusto Cury photo

“Não vela a pena pressionar quem não está disposto ao diálogo.”

Augusto Cury (1958) Psiquiatra e Escritor brasileiro

O Futuro da Humanidade

Esta tradução está aguardando revisão. Está correcto?
Jacques Derrida photo
François de La  Rochefoucauld photo
John Dryden photo
Woody Allen photo

“A loucura é relativa. Quem pode definir o que é verdadeiramente são ou insano?”

Woody Allen (1935) cineasta, roteirista, escritor, ator e músico norte-americano

No conto Que Loucura!

André Gide photo

“Nessa época eu dei um tempo geral. Mas eu já enfiei muito meu pé na jaca por aí, já fiz muita besteira, muita loucura.”

Cássia Eller (1962–2001) cantora e compositora brasileira

Cássia Eller, quando perguntada se na época de sua gravidez deu um tempo nas drogas, em entrevista à Folha Ilustrada, do dia 01/01/2002, às 03h49.

Tópicos relacionados