“Em um cubilo bem no centro
da cidade,
debruçado em cima
de uma mesinha
de madeira,
sem grana para os cigarros,
com um prato de arroz
e ovo
e muitos,
muitos papeis jogados sobre
ela.
Não existe nada que ensine
mais sobre a poesia para
um homem
do que o fracasso.
Esqueça o resto.
Tudo o que nasce ao contrário
disso
não passa de literatura para
vender,
para enduzir,
para massagear o ego
de algum miserável
que se sente importante o bastante
ou especial
diante da tal beleza
que ele consegue ver
na vida.
Quer ver um homem sem máscaras?
O jogue dentro do calabouço,
o empurre para dentro dos
vulcões,
das favelas,
dos vales assombrados
pelos demônios.
Tire tudo o que ele tem,
deixe seu estomago roncar
ou as pálpebras abertas
por duas,
três noites seguidas.
Tire seu teto, sua cama,
largue-o dentro de um buraco
e não volte
para buscá-lo.
O deixe sozinho.
Um homem não possuí mascaras
quando está apenas
diante de si
mesmo.
O resto é história, faixada,
adaptação para o que o mundo
pede.
O dia a dia é complicadíssimo,
e eu sei que uma porrada
de gente não sabe como lidar
com eles.
Enquanto o Sol finje que vem e se vai,
mas sempre sem sair
do lugar.
Um farsante,
como nós.
Mas não há farsa dentro
desse quartinho,
não há farsa nesse prato
de comida,
e nem na falta de perspectiva.
Tudo é verdadeiro, e a verdade
é um horror,
e talvez, por isso as máscaras,
pois elas amenizam a tristeza
dessa coisa tenebrosa
que a gente é.”

Última atualização 8 de Outubro de 2019. História

Citações relacionadas

Carlos Ruiz Zafón photo
Vergílio Ferreira photo
Aristoteles photo
Esta tradução está aguardando revisão. Está correcto?
Michael Behe photo
Baltasar Gracián photo
Dalmo Dallari photo
Charles Dickens photo
Cindy Adams photo

Tópicos relacionados