“Liguei para Carmen García Mallo, uma das minhas melhores amigas, com o ânimo sombrio e furibundo:
— Hoje eu queria escrever, tinha o dia todo para escrever, e desperdicei o tempo respondendo e-mails.
— Por quê?
— Sei lá. Às vezes a gente evita começar o trabalho. É uma coisa esquisita.
— Por preguiça?
— Não, não.
— Por quê?
— Por medo.
Não soube explicar, mas ontem, na desproteção extrema da noite, na claridade alucinada da noite, enquanto me revirava na cama, entendi exatamente o que queria dizer. Por medo de tudo o que você deixa sem escrever uma vez que parte para a ação. Por medo de concretizar a ideia, de aprisioná-la, deteriorá-la, mutilá-la. Enquanto permanecem no rutilante limbo do imaginário, enquanto são somente ideias e projetos, seus livros são absolutamente maravilhosos, os melhores livros que já foram escritos. E só depois, quando você os vai cravando na realidade palavra por palavra, como Nabokov cravava suas pobres borboletas na cortiça, é que se transformam em coisas inevitavelmente mortas, em insetos crucificados, por mais que sejam recobertos por um triste pó de ouro.”

La loca de la casa

Última atualização 22 de Maio de 2020. História

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“Eu broxei algumas vezes. Uma delas foi com uma ninfomaníaca. Dei seis numa noite e ela ainda queria mais. Aí, não deu…”

Erasmo Carlos (1941)

citado em "Fala Rock" - página 117, de Carmem Cacciacarro, Editora Garamond,ISBN 8576170744, 9788576170747, 144 páginas

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“Você vê coisas; e você diz: Por quê? Mas um designer sonha coisas que nunca existiram; e diz: Por quê não?”

George Bernard Shaw (1856–1950)

Variante: Você vê coisas e diz: Por quê? Mas eu, sonho coisas que nunca existiram e digo: Por que não?

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