“Na margem do rio Piedra…

Eu me sentei e chorei.

Conta a lenda que tudo que cai nas águas deste rio - as folhas, os insetos, as penas das aves - se transforma nas pedras do seu leito.


Ah, quem dera eu pudesse arrancar o coração do meu peito e atira-lo na correnteza, e então não haveria mais dor, nem saudade, nem lembranças.

Ás margens do rio Piedra eu me sentei e chorei.

O frio do inverno fez com que eu sentisse as lágrimas em meu rosto, e elas se misturaram com as aguas geladas que correm diante de mim.

Em algum lugar este rio se junta com outro, depois com outro, até que - distante dos meus olhos e do meu coração - todas estas águas se misturam com o mar.

Que as minhas lágrimas corram assim para bem longe, para que meu amor nunca saiba que um dia chorei por ele. Que minhas lágrimas corram para bem longe, e então eu esquecerei do rio Piedra, do mosteiro, da igreja nos Pirineus, da bruma, dos caminhos que percorremos juntos.

Eu esquecerei as estradas, as montanhas, e os campos de meus sonhos - sonhos que eram meus, e que eu não conhecia.”

—  Paulo Coelho

A Orillas Del Rio Piedra Me Senté Y Lloré

Última atualização 25 de Fevereiro de 2024. História
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Paulo Coelho 390
escritor e letrista brasileiro 1947

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“A língua é como um rio: sem margens, desaparece.”

João Carreira Bom (1945–2002)

citação da abertura no site ciberduvidas.pt http://www.ciberduvidas.pt/aberturas.php?id=169, onde era consultor

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“(…)
Que as margens do rio
Nos assemelhem, pai e filho.”

Valter Bitencourt Júnior (1994) poeta e escritor brasileiro

Fonte: https://www.pensador.com/frase/MjU0ODU0NA/
Fonte: Fragmento da poesia "Pai", Toque de Acalanto: Poesias, Valter Bitencourt Júnior, 2017, Clube de Autores/Amazon, Pág. 54, ISBN: 9781549710971.
Fonte: https://www.escritas.org/pt/n/t/82230/pai

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