Frases sobre cordão

Uma coleção de frases e citações sobre o tema da cordão, ser, dia, toda.

Frases sobre cordão

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“Poema - Esquizofrenias & Metáforas

Se as estrelas fossem
capazes de escrever poesias
escreveriam sobre a morte do universo
não há nada mais poético
do que a arte de morrer

Se os deuses descessem dos céus
e me oferecessem uma nova vida
eu a aceitaria!
só pelo prazer de me enforcar
nos cordões umbilicais
e apodrecer nas entranhas
da minha própria mãe

Achas que eu sou louco?
me consideras insano?

Não tentem compreender os meus poemas
se não consegues ouvir as vozes em sua mente

Os Filósofos e os Poetas
são como os Deuses e os Diabos
eles podem elevar os homens aos céus,
ou submetê-los a vermes insignificantes

Sinto o vírus da vida corroer as minhas entranhas
desde as auroras do meu nascimento

Eu sou um homem falho
um anjo caído que não foi capaz amar

Fazem dias que eu não consigo dormir
nos devaneios da minha mente insana
mato-me todas as noites
para suportar a dor

A Filosofia e a insônia
são como a noite e as estrelas
lábios que nos beijam e nos levam a loucura

É Por isso que as mentes mais insanas
compartilham com a noite
o desejo da morte que apenas as estrelas podem compreender

Em uma destas noites frias
uma sinfonia terrível rasgou os céus
anjos e demônios caíram sem as suas asas
crianças choravam e gritavam

- Deus! Deus!
gritavam os fiéis

Aquela silenciosa e melancólica noite
havia se tornado um terrível pesadelo

A Morte e o Diabo
invadiram o meu quarto com o seu cavalo de fogo
beijaram-se sobre a minha cama
enquanto gargalhavam sobre as minhas descrenças

Acreditei fielmente que a morte iria
me poupar deste inferno
lancei-me aos seus pés de joelhos

Gritando como um homem louco!

- Joguem-me em uma vala qualquer!
me enterrem vivo!
mesmo que eu grite por misericórdia
ou arranque as minhas próprias tripas em desespero
matem-me sem nenhum perdão

Ela sorriu de tal maneira
e com uma voz cruel gritou em meus ouvidos

- Se queres morrer
Viva intensamente!

Viva até que os vermes tenham pena da sua carcaça
viva até que os deuses desçam dos céus em suas carruagens
e implorem a ti pelo suicídio final”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro

Fonte: Niilismo Poesia Fernando Pessoa

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“Há um morcego de papel da festa das bruxas pendurado num cordão acima de sua cabeça; ele levanta o braço e dá um piparote no morcego, que começa a girar.
- Dia de outono bem agradável - continua ele.
Fala um pouco do jeito como papai costumava falar, voz alta, selvagem mesmo, mas não se parece com papai; papai era um índio puro de Columbia - um chefe - e duro e brilhante como uma coronha de arma. Esse cara é ruivo, com longas costeletas vermelhas, e um emaranhado de cachos saindo por baixo do boné, está precisando de dar um corte no cabelo há muito tempo, e é tão robusto quanto papai era alto, queixo, ombros e peitos largos, um largo sorriso diabólico, muito branco e é duro de uma maneira diferente do que papai era, mais ou menos do jeito que uma bola de beisebol é dura sob o couro gasto. Uma cicatriz lhe atravessa o nariz e uma das maçãs do rosto, o luga em que alguém o acertou numa briga, e os pontos ainda estão no corte. Ele fica de pé ali, esperando, e, quando ninguém toma a iniciativa de lhe responder alguma coisa, começa a rir. Ninguém é capaz de dizer exatamente por que ele ri; não há nada de engraçado acontecendo. Mas não é da maneira como aquele Relações Públicas ri, é um riso livre e alto que sai da sua larga boca e se espalha em ondas cada vez maiores até ir de encontro às paredes por toda a ala. Não como aquele riso do gordo Relações Públicas. Este som é verdadeiro. Eu me dou conta de repente de que é a primeira gargalhada que ouço há anos.
Ele fica de pé, olhando para nós, balançando-se para trás nas botas, e ri e ri. Cruza os dedos sobre a barriga sem tirar os polegares dos bolsos. Vejo como suas mãos são grandes e grossas. Todo mundo na ala, pacientes, pessoal e o resto, está pasmo e abobalhado diante dele e da sua risada. Não há qualquer movimento para faze-lo parar, nenhuma iniciativa para dizer alguma coisa. Ele então interrompe a risada, por algum tempo, e vem andando, entrando na enfermaria. Mesmo quando não está rindo, aquele ressoar do seu riso paira a sua volta, da mesma maneira com o som paira em torno de um grande sino que acabou de ser tocado - está em seus olhos, na maneira como sorri, na maneira como fala. [1]
- Meu nome é McMurphy, companheiros, R. P. McMurphy, e sou um jogador idiota. - Ele pisca o olho e canta um pedacinho de uma canção : -…. " e sempre eu ponho… meu dinheiro… na mesa " - e ri de novo.”

One Flew Over the Cuckoo's Nest

“(Cont.. Página 46)

O seu rosto negro, bonito, cintilava ali na minha frente. Fiquei boquiaberto, tentando pensar em alguma maneira de responder. Ficamos juntos, enlaçados daquela maneira durante alguns segundos; então o som da fábrica saltou num arranco, e alguma coisa começou a puxá-la para trás, afastando-a de mim. Um cordão em algum lugar que eu não via se havia prendido naquela saia vermelha florida e a puxava para trás. As unhas dela foram arranhando as minhas mãos e, tão logo ela desfez o contato comigo, seu rosto saiu novamente de foco, tornou-se suave e escorregadio como chocolate derretendo-se atrás daquela neblina de algodão que soprava. Ela riu e girou depressa, deixando que eu visse a perna amarela, quando a saia subiu. Lançou-me uma piscadela de olho por sobre o ombro enquanto corria para sua máquina, onde uma pilha de fibra deslizava da mesa para o chão; ela apanhou tudo e saiu correndo sem barulho pela fileira de máquinas para enfiar as fibra num funil de enchimento; depois, desapareceu no meu ângulo de visão virando num canto.

(Página 47)

"Todos aqueles fusos bobinando e rodando, e lançadeiras saltando por todo lado, e carretéis fustigando o ar com fios, paredes caiadas e máquinas cinza-aço e moças com saias floridas saltitando para a frente e para trás e a coisa toda tecida como uma tela, com linhas brancas corrediças que prendiam a fábrica, mantendo-a unida - aquilo tudo me marcou e de vez em quando alguma coisa na enfermaria o traz de volta à minha mente
Sim. Isto é o que sei.. A enfermaria é uma fábrica da Liga. Serve para reparar os enganos cometidos nas vizinhanças, nas escolas e nas igrejas, isso é o que o hospital é. Quando um produto acaba, volta para a sociedade lá fora - todo reparado e bom como se fosse novo, às vezes melhor do que se fosse novo, traz alegria ao coração da Chefona; algo que entrou deformado, todo diferente, agora é um componente em funcionamento e bem-ajustado, um crédito para todo esquema e uma maravilha para ser observado. Observe-o se esgueirando pela terra com um sorriso, encaixando-se em alguma vizinhançazinha, onde estão escavando valas agora mesmo, por toda a rua, para colocar encanamento para a água da cidade. Ele está contente com isso. Ele finalmente está ajustado ao meio-ambiente…”

One Flew Over the Cuckoo's Nest

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“Trecho do livro 'Aforismos de um Niilista'

Quando abracei a solidão me senti livre, pois ali eu poderia ser eu mesmo, sem fingir, sem agradar, apenas sendo eu o monstro que foi jogado injustamente no mundo do qual ele não escolheu viver.

A Cada dia da minha vida, meus sentimentos se esvaem eu já não sinto ódio, ou raiva, amor, ou tristeza, felicidade para mim é uma impossibilidade sinto-me como se estivesse morto.

Todos os dias paro para refletir ‘como isso aconteceu?’

Em que determinado momento da vida eu me tornei um monstro? Um monstro que prefere a solidão a seus pais, um monstro que não sente, um monstro que não chora, um monstro cuja monstruosidade é o seu próprio ser.

Minha última lembrança de felicidade se dá aos meus cinco anos de idade brincando de bonequinhos com a minha mãe, e mais tarde com meu pai – mas em um determinado momento da minha infância eu dei início a metamorfose ambulante que se tornaria futuramente o monstro que sou hoje. Penso se isso está em meu DNA, ou se apenas sou o culpado por tamanha monstruosidade.

Eu afasto de mim amigos, namoradas e amantes, afasto também o amor sincero de meus pais; A Troco de que? A troco de nada! só puro e absoluto nada! O Nada Niilista seguido de uma solidão que apenas agrada a mim mesmo.

Confesso que preferia ter me enforcado no cordão umbilical e morrido no parto. O Puro e simples fato de ser eu mesmo, faz com que aqueles ao meu redor sofram com isso, é como carregar uma maldição da qual a cura é sua própria morte.

Mas fazer o que se sozinho é o que eu sou? Eu sou a solidão, eu sou o homem que caminha por ruas solitárias admirando a imensidão do cosmos. E Isso é tudo que eu sou….

Apenas um sozinho

E não lamento por isso, me orgulho de ser o que sou. Apenas lamento que minha existência possa ferir tantas pessoas pelo simples fato de existir.

Na vida temos duas escolhas, viver como quiser, ou viver para agradar os outros e cada escolha obviamente tem uma consequência.

‘’ Viver para agradar os outros’’ – seria o ato de viver como as pessoas ao seu redor escolhem

‘’ Viver como quiser’’ – é o ato de viver para si mesmo, ser o seu próprio deus, um soldado de Thelema como diria o ocultista Aleister Crowley

‘’ faz o que tu queres há de ser o todo da lei''

Por mais que as minhas escolhas pessoais possam afetar negativamente aqueles que se ‘importam’ comigo – de nada posso fazer pois não vivo para eles, vivo minha própria lei, sou o dono de mim mesmo.

Sinto-me um monstro, mas um monstro livre.

A Monstruosidade não é de todo mal, quem disse que os monstros são maus?

Somos vistos como monstros por aqueles que não entendem nossa humanidade”

Gerson De Rodrigues (1995) poeta, escritor e anarquista Brasileiro
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