“Lembrei-me do jogo das crianças. Cara ou cunho? Se desse cara, sim; se desse cunho, não. Mergulharia a mão na terra úmida, tiraria uma moeda, acenderia um fósforo. Se saísse cunho, iria deitar-me, não tornaria a ver Marina. Tantos tormentos por causa de uma fêmea! Dormir, dormir. Senti as pálpebras pesadas; julgo que, fascinado pelos olhos do gato, deixei a cabeça inclinar-se num cochilo. Se saísse cara, acabaria depressa com aquilo e iria ao teatro. Tinha quase a certeza de que, indo ao teatro, tudo se arranjaria: Marina voltaria para mim, Julião Tavares se achataria, se desagregaria, como um pouco de azeite em água corrente. Meter a mão na terra, agarrar um dobrão do império, riscar um fósforo.
Afastei a ideia.”

—  Graciliano Ramos , livro Angústia

Angústia

Última atualização 11 de Maio de 2022. História

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“Euclides da Cunha foi um gênio verbal.”

Milton Hatoum (1952)

Evento Euclides da Cunha 360º, Ciclo da Amazônia, TV Estadão

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“Era desses caras que cruzam cabra com periscópio pra ver se conseguem um bode expiatório.”

Stanislaw Ponte Preta (1923–1968)

Atribuídas
Fonte: Revista Caras, Edição 665.

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“A frase do Otto é mais importante do que Os sertões de Euclides da Cunha. ritinha”

Nélson Rodrigues (1912–1980) escritor e dramaturgo brasileiro

Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária: Peça em três atos: tragédia carioca

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