“Eu queria era dormir, dormi, dormir,
Longo dormir, meio sentindo em sono,
E dormir sempre, sem consciência ter
Do tempo, só do sono sonolento
E da vacuidade do meu ser;
Dormir sem vir a morte, nem sonhar
Mas dormir só dormir, sempre dormir.
Que hoje já de dormir desaprendi.
Cansado de pensar, a pensar fico,
E as noites longas, longas, longas, longas,
E o pálido raiar de inda doutro dia…
Inda outro dia que trará ainda
Uma outra noite e essa mais dias, mais…
Insone sentir isto, e o deslizar
Suave e horroroso do tempo.
Cai então sobre mim todo o horror claro
E nítido e visível do mistério,
E eu tal fico em abalo e em comoção
Que durmo — sim que durmo de pesar-me
Tudo de mais p'ra mais poder sentir.
Então durmo… e antes eu não dormisse
Porque desordenadas incoerências
Mas não visões, só abstracções terríveis
(…)”
Tópicos
consciência , poder , meio , morte , morte , visão , dia , noite , tempo , sono , ser , comoção , cais , todo , claro , outro , então , longe , sempre , ainda , pesar , sobra , hoje , horror , sim , incoerência , sentir , mistério , sentindo-me , dormirFernando Pessoa 931
poeta português 1888–1935Citações relacionadas

“Dormir bem é minha arma secreta. Eu tento dormir, sempre, oito horas por dia.”
Fonte: Revista ISTOÉ Gente, edição 340 http://www.terra.com.br/istoegente/340/frases/index.htm (27/02/2006)
“O pior castigo é uma noite sem dormir.”
Variante: Nenhum castigo é pior do que passar uma noite sem dormir.