Eça de Queiroz: Arte

“A arte, para os que não se enclausuraram todos nela como nos muros de um mosteiro, poetiza singularmente a existência.”

“A arte é um resumo da natureza feito pela imaginação.”

“Na arte, quando forte fina e superior, a simplicidade resulta sempre de um violento esforço. Não se coordena com clara inteligência uma concepção, não se atinge uma expressão fácil, concisa e harmoniosa, sem longas e tumultuárias lutas em que arquejam juntos, espírito o vontade.”

“O homem põe tanto do seu carácter e da sua individualidade nas invenções da cozinha, como nas da arte.”

“O apreço exterior pela arte é a sobrecasaca da inteligência. Quem se quererá apresentar diante dos seus amigos com uma inteligência nua?”

“As duas qualidades mais preciosas em Arte, que mais raramente se reúnem: Realidade e Poesia.”

“A agricultura aqui (em Portugal) é a arte de assistir impassível ao trabalho da natureza.”

“O sentimento mais artificial posto num verso maravilhosamente feito é uma obra de arte: o mais verdadeiro grito de paixão num alexandrino desajeitado é uma sensaboria. Só há Beleza onde há Ordem.”

“A arte oferece-nos a única possibilidade de realizar o mais legítimo desejo da vida - que é não ser apagada de todo pela morte.”

“A arte é tudo porque só ela tem a duração - e tudo o resto é nada! As sociedades, os impérios são varridos da Terra, com os seus costumes, as suas glórias, as suas riquezas.”

“Em arte, a copiosa, exuberante, luxuosa e florida fantasia cansa, esquece e passa - e só há eternidade para a beleza pura e simples.”

“O apreço exterior pela arte é a sobrecasaca da inteligência.”

“Na arte só têm importância os que criam almas, e não os que reproduzem costumes.”

“A arte idealista esquece que há no homem - nervos, fatalidades hereditárias, sujeições às influências determinantes de hora, alimento, atmosfera, etc.; irresistíveis «teimas» físicas, tendências de carnalidade fatais; resultantes lógicas de educação; acções determinantes ao meio, etc., etc.”

“Na arte, a indisciplina dos novos, a sua rebelde força de resistência às correntes da tradição, é indispensável para a revivescência da invenção e do poder criativo, e para a originalidade artística.”

“Em todas as evoluções da arte, nós (portugueses) nunca aproveitamos com os princípios, e ficamos sempre com os maneirismos.”