“Tomada de surpresa ela deixou-se ir, e no beijo se rompeu a frágil e delgada casca da vergonha. A mão do esposo descera da anca para a perna, por sobre a camisola, e tocou sua borda de cambraia; e, mal dando tempo para que dona Flor de todo se abrisse e se soltasse do recato, lhe suspendeu rendas e babados. Sem gastar tempo em despi-la e em se despir, ou em carícias de deboche de cama de castelo, sempre pelo lençol coberto, se pôs sobre ela e logo a possuiu com vontade, força e encantamento. Foi tudo muito rápido e pudibundo, por assim dizer; muito diverso de quanto conhecera dona Flor, e por isso mesmo ela se perdeu e não o alcançou em tão mudo e quase austero possuir-se. Apenas se desamarrara no pasto do desejo e já ouvia o canto de vitória do marido no outro extremo da campina. Ficou dona Flor como perdida, opressa, uma vontade de chorar.”
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Jorge Amado
,
livro
Dona Flor e Seus Dois Maridos
Dona Flor and Her Two Husbands
Última atualização 22 de Maio de 2020.
História
Tópicos
perna , desejo , marido , mão , surpresa , força , flor , vontade , vitória , cama , renda , tempo , canto , castelo , dona , vergonha , esposo , dizer , todo , outro , sempre , bordo , sobra , casca , beijo , tomada , pasta , campina , carícia , logo , coberto , extremo , lençolJorge Amado 144
escritor brasileiro 1912–2001Citações relacionadas

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