“Falava de Ego, jovem artesão que fabricava lindíssimos bonecos, e dos seres que o atormentavam: Id, anão fescenino e peludo (espécie de curupira); Superego, autoritário e aristocrático patrão. Depois de um dia de estafante trabalho, Ego deitava-se mas não podia dormir: Id vinha do porão e punha-se a dançar em torno ao catre, fazendo caretas obscenas. Ego levantava-se e seguia o anão pelos campos, até o que
parecia ser a boca de um buraco de tatu, mas era na realidade a entrada para o fabuloso palácio subterrâneo da Fada Morgana. Nos grandes salões iluminados por tochas bailavam, diante dos olhos maravilhados de Ego, moças loiras e nuas. Estendiam-lhe os braços, mas, quando o rapaz ia se atirar a elas, surgia Superego, com seu fraque, sua cartola, seus lábios finos. A um sinal de sua bengala de castão de prata as bailarinas sumiam. Ele então se punha a zurzir o pobre Ego, repetindo monotonamente, não pecarás, não pecarás. O final era propositadamente otimista, com Ego livrando-se de seus algozes e casando com a Fada Morgana.”
Max and the Cats
Tópicos
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1937–2011Citações relacionadas

“No momento estou em uma grande missão: desinflar meu ego.”

“Artistas têm o ego muito grande: nunca elogie outra pessoa famosa na sua frente.”

Sigmund Freud como citado em O encontro de si mesmo - Página 116, Arthur Salles - Livraria Freitas Bastos, 1974, 168 páginas