Frases de Paulo Franchetti

“Quintal do sítio - A única forma geométrica É a linha de um varal.”

“Mesmo molhado Resplandece ao pôr-do-sol O campo de algodão.”

“Crescem mais pêlos Nas minhas orelhas - Mais um ano chega ao fim…”

“Parou de chover: No ar lavado, as árvores Parecem mais verdes.”

“Trezentos quilômetros Para não vos contemplar - Mangueiras da minha infância!”

“Tão pequena E desbotada de chuva A casa da infância!”

“Na casa do avô Havia tantos pernilongos Em noites como esta!”

“Pelo espelho do carro, Os campos que outrora foram A casa do avô.”

“Entre as antenas E as casas todas iguais - Quaresmeiras!”

“Sempre do mesmo lado, O dia todo e a noite inteira, O vento da montanha.”

“O lago da montanha - Termina do lado leste A tarde dos patos”

“Os pássaros cantam Monotonamente - Feriado do ano-novo.”

“Tardes de Cuiabá: Garças e periquitos Voando pra noroeste.”

“Perfume de pinho - Nascem, no fumante convicto, Firmes projetos de saúde.”

“Ruído de chinelos No quintal do lado - Mas que calor…”

“A velha ponte - No pó ajuntado entre as tábuas, Brota o capim.”

“Chove de novo - As vacas e os carros Devagar, em fila indiana.”

“Ao virar a esquina, Saindo de trás do prédio - A lua cheia.”

“Entre os mugidos do gado E o cheiro de capim, Nasce a lua cheia.”

“A porteira bate - Do meu lado esquerdo, A lua de verão.”

“Os grilos cantam Apenas do meu lado esquerdo - Estou ficando velho.”

“Demorou este ano, Mas de repente, em toda a parte - Primavera!”

“Também para eles Está chegando o natal - Ah, os leitõezinhos…”

“Mesmo o velho eucalipto Parece feliz - Névoa da manhã.”

“Limpo o rosto na camisa - O vento começa a trazer As primeiras gotas de chuva”

“Choveu há pouco - O sol baixa das nuvens Finas cortinas de névoa.”

“Árvores da infância - E depois a monotonia verde Dos canaviais…”

“Com o vento frio percebo: Semanas e semanas Sem ouvir insetos.”

“Ao longo da estrada: A próxima descida trará Mais quaresmeiras em flor!”

“O chofer de táxi - Meu pai também, nos dias quentes, Assobiava assim.”

“A igreja branca Sufocada entre eucaliptos - Aldeia de minha mãe…”

“Patos selvagens. Por que iriam dois para o norte E dois para o sul?”

“Pardais No meio da garoa - Está chegando o inverno.”

“É quase noite - As cigarras cantam Nas folhas escuras.”

“Apenas vós, Árvores de tronco branco, Me garantis que retornei.”

“Ao pôr-do-sol O brilho humilde Das folhas de capim.”

“Acordo molhado de suor - O sonho do banho No tanque do quintal!”

“Aqui e ali, Sobre os campos florescem As quaresmeiras.”

“O sol se põe Sobre o riozinho sujo - Ah, infância!”

“A princípio: O que é aquilo?, Mas depois… Campos de arroz!”

“Mamonas estalam. Os cachos da acácia Parecem imóveis.”

“Olhando bem O cafezal, na verdade, São laranjeirinhas…”

“Até os pernilongos Vão ficando silenciosos - Como os anos passam…”

“Em toda a longa viagem, Só agora encontrei Um cafezal!”

“O calor sufoca. De pouco em pouco, Fogo e fumaça.”

“Um susto matinal: na caixa do correio, duas mariposas!”

“Cidade natal: Até as flores do espinheiro, No mesmo lugar.”

“Casebres todos pintados Na fazenda Cambuí - Como é bom estar aqui!”

“A chuva passou. A noite um instante volta A ser fim-de-tarde.”

“Ao sol da manhã, Imóvel como se dormisse, A coruja no fio.”

“Às dez da manhã O cheiro de eucalipto Atravessa a estrada”

“À beira da estrada Com o pêlo tão sedoso O cachorro morto.”

“Quando me canso da paisagem Do leste, viro a cadeira Para oeste.”

“Manhã de frio. Se fosse menino escrevia Meu nome no vidro.”

“A chuva parou - Na voz do pássaro, Que frio!”

“Não há comida E as moscas se ocupam Em fazer mais moscas.”

“A serra em chuva Sob o sol poente - Como não agradecer?”

“Dentro da mata - Até a queda da folha Parece viva.”

“No terreno baldio Ainda cheias de orvalho, Campânulas!”

“Porque não sabemos o nome Tenho de exclamar apenas: Quantas flores amarelas!”

“Em Cuiabá Suando e matando mosquitos, Que cruel zazen!”

“Azul e verde e cinza - Olhando bem, o céu É de todas as cores!”