“Nós não tivemos esse erro, ao contrário, usamos e abusamos da pimenta que nos veio da África, mas, por outro lado, temos como política imigratória, o não Ter política e, sim, um open door imprevidente e perigoso. No caminho que adotamos, podemos dar numa maionese perfeita, mas, como estes molhos, quando mal batidos - podemos desandar. O Brasil é sempre menos de portugueses e emigrantes e mais de indesejáveis entrantes - esquecendo que cada galego, por mais bruto e rude que seja, traz-nos cromossomos semelhantes aos navegadores, colonizadores e degredados - mantendo a nossa possibilidade de repetir um Nunálvares, um Mestre de Alviz, um Camões, um Herculano, um Egas Moniz, um Eça, um Antônio Nobre, um Fernando Pessoa. E não são eles mesmos que já repontaram aqui nos que escorraçaram o batavo e o francês e no gênio de José de Alencar, Machado de Assis, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade? Eu sei que não é possível princípios racistas no Brasil. Mas ao menos tenhamos uma imigração onde se procure manter a boa unidade do galinheiro. Não falo em unidade racial, Deus me livre! Peço é unidade cultural. Impossível é continuar nessa tentativa absurda de cruzar galinha com papagaio e pato com pomba-rola. Isso que se vê por aí não é democracia nem falta de preconceito, não, meus quindins. Isso não dá ovo e chama-se burrice. Mantenhamo-nos um pouco caboclos (orgulhosamente), bastante mulatos (gloriosamente), mas, principalmente, sejamos lusitanos. Vinde a nós portugas, galegos, mondrongos - mesmo se fordes da mesma massa de degredados que chegaram com os primeiros povoadores. O que esses tão degredados eram, não tinha nada demais. Ladrões? Assassinos? Nada disto. Criminosos sexuais, simpáticos bandalhos. Baste ler as Ordenanças e verificar a maioria dos motivos de degredo para o Brasil: comer mulher alheia, deflorar, estuprar, ser corno complacente e mais, e mais, e mais ainda - entretanto, nada de se temer. Fazer lembrar as delinqüências brejeiras de que um juiz mineiro que conheci, dizia, com inveja e depois de julgar -serem, exatamente, as que ele, juiz, tinha vontade de perpetrar.” Pedro Nava livro Baú de Ossos Baú de Ossos De mulheres , De deus , De pessoas , De livros
“Poder da mulher significa a autodeterminação das mulheres, e isto quer dizer que toda a bagagem da sociedade paternalista terá de ser jogada fora. A mulher deve ter oportunidade e campo para idear uma moralidade que não a desqualifique para o aprimoramento e uma psicologia que não a condene ao status de uma aleijada espiritual. As penalidades por tal delinqüência podem ser terríveis, mas ela tem de explorar a escuridão sem nenhum guia. Pode parecer de início que ela meramente troca um modo de sofrer por outro, uma neurose por outra. Mas ela pode, por fim, reivindicar, ter feito uma escolha definida que é o primeiro pré-requisito de ação moral. Pode ser que ela mesma nunca veja o alvo básico, pois a estrutura da sociedade não é desenredada num único tempo de vida, porém ela deve estabelecer isto como sua crença e nisto encontrar esperança.” Germaine Greer (1939) O Poder da Mulher (pág. 99) A Mulher Eunuco (1970) De vida , De idade , De esperança , De mulheres
“Esse ferro bem polido a mim faz-me lembrar, desculpem a divagação, dizia Florita Almada, os óculos escuros de alguns chefes políticos ou de alguns dirigentes sindicais, ou de alguns polícias. Para que tapam eles os olhos?, interrogo-me. Terão passado mal a noite a estudas formas para que o país progrida, para que os operários tenham maior segurança no trabalho ou um aumento salarial, para que a delinquência bata em retirada? Talvez. Não digo que não. Talvez as olheiras deles se devam a isso. Mas o que aconteceria se eu me aproximasse de um deles e lhe os óculos e visse queolheiras? Tenho medo só de imaginar.” Roberto Bolaño (1953–2003) De medo , Estude , Noite , Passado
““Com essa delinquência incontrolável, precisamos de creches e berçários militares. Na última semana um garoto de três anos, numa atitude astuciosa e premeditada abriu a mochila do vizinho de berço, furtou um Toddynho, tomou tudo e ainda retornou a embalagem vazia de volta no lugar. Teve a petulância de arrotar o achocolatado no rosto da monitora. As mães entraram em pânico e questionaram a passividade com que as funcionárias e professoras lidam com tão graves atos. Entregaram um abaixo assinado exigindo providências. Um deputado já protocolou um projeto de lei exigindo que os exames de ultrassonografia uterina passem a ser acompanhados por militares para que a sociedade seja protegida desde o nascituro. “” Adriano Peralta Ensino militar De leis , Mães , Professores , Garoto