Padre Antônio Vieira: Coisa (página 2)

“Não há coisa que tanto mude as feições, como a fortuna.”

“Luzir português entre portugueses, e muito menos luzir com a sua luz, é coisa muito dificultosa na nossa terra.”

“As coisas grandes não se acabam de repente; hão mister de tempo e todas têm seu tempo.”

“Para não mentir, não é necessário ser santo, basta ser honrado, porque não há coisa mais afrontosa, nem que maior horror faça a quem tem honra, que o mentir.”

“Em todas as coisas há aumento, estado e declinação. O aumento pende do estado, mas a declinação sempre se origina do aumento.”

“Coisa dificultosa é que homens tão derramados nas coisas exteriores, cheguem a se ver interiormente, como convém.”

“As coisas não começam do princípio como se cuida, senão do fim. O fim porque as empreendemos, começamos e prosseguimos, esse é o seu primeiro princípio, por isso ainda que sejam indiferentes, o fim, segundo é bom ou mau, as faz boas ou más.”

“Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes, se quem as diz não é grande.”

“O tempo umas coisas melhora e outras corrompe.”

“Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes, se quem as diz não é grande. Por isso os ditos que alegamos se chamam autoridade, por que o autor é o que lhe dá o crédito e lhe concilia o respeito.”

“A admiração é filha da ignorância, porque ninguém se admira senão das coisas que ignora, principalmente se são grandes; e mãe da ciência, porque admirados os homens das coisas que ignoram, inquirem e investigam as causas delas até as alcançar, e isto é o que se chama ciência.”

“Não há coisa tão preciosa, e tão útil, que continuada não enfade.”

“Nenhuma coisa trazemos os homens mais esquecida e desconhecida, nenhuma trazemos mais detrás de nós, que a nós mesmos.”

“Não há coisa boa sem contradição, nem grande sem inveja.”

“Não ver nada, é privação; ver uma coisa por outra é erro.”

“Nenhuma coisa desengana a quem quer enganar-se.”

“Como temo que os que condenam as coisas novas sejam aqueles que não podem dizer senão as muito velhas, e pode ser que muito remendadas!”

“O fim para que os homens inventaram os livros foi para conservar a memória das coisas passadas contra a tirania do tempo e contra o esquecimento dos homens, que ainda é maior tirania.”