“o meu irmão surdo- Painós sem acreditarmos- Repetee ele nervoso com tanta atenção a gritar e a gritar, mais forte do que as gaivotas e os cachorros no pinhal quando um vizinho doente, uivos compridos que nos esfaqueavam as tripas e a gente a segurá-las até a minha mãe as empurrar para dentro e coser a pele- Não te mexasprotestanto- Estes cãesa barriga cheia de linha branca, no peito que me falta castanha, quer dizer ao princípio castanha agora linha nenhuma, uma cicatriz que se continuar a evoluir bem a gente depois tira e o seu peito como novo” António Lobo Antunes (1942) Não é Meia Noite Quem Quer De cães , Forte
“Calmos, na sombra incolorQue dos galhos altos vem,Impregnemos nosso amorDeste silêncio de além.Juntemos os coraçõesE as almas sentimentaisEntre as vagas lassidõesDas framboesas, dos pinhais.Cerra um pouco o olhar, no teuSeio pousa a tua mão,E da alma que adormeceuAfasta toda intenção.Deixemo-nos persuadirPelo sopro embaladorQue vem a teus pés franzirAs ondas da relva em flor.A noite solene, então,Dos robles negros cairá,E, voz da nossa aflição,O rouxinol cantará.” Paul Verlaine (1844–1896) De amor , Noite , Alma , Silêncio
“Arroio, esse cantar, jovem e puro,Busca o oceano por achar;E a fala dos pinhais, marulho obscuro,É o som presente desse mar futuro,É a voz da terra ansiando pelo mar.” Fernando Pessoa (1888–1935) poeta português Mar , Futuro