“NEM SEMPRE SOU IGUALNem sempre sou igual no que digo e escrevo.Mudo, mas não mudo muito.A cor das flores não é a mesma ao solDe que quando uma nuvem passaOu quando entra a noiteE as flores são cor da sombra.Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.Por isso quando pareço não concordar comigo,Reparem bem para mim:Se estava virado para a direita,Voltei-me agora para a esquerda,Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -O mesmo sempre, graças ao céu e à terraE aos meus olhos e ouvidos atentosE à minha clara simplicidade de alma…” Alberto Caeiro Noite , Cor , Alma , Flores
“Quem está ao sol e fecha os olhos, Começa a não saber o que é sol. (…) Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos De todos os filósofos e de todos o poetas.” Alberto Caeiro
“DA MINHA ALDEIADa minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo…Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquerPorque eu sou do tamanho do que vejoE não do tamanho da minha altura…Nas cidades a vida é mais pequenaQue aqui na minha casa no cimo deste outeiro.Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longede todo o céu,Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhosnos podem dar,E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.” Alberto Caeiro De vida , Casa , Universo , Riqueza