“Com um pouco de agilidade mental e algumas leituras em segunda mão, qualquer homem encontra as provas daquilo em que deseja acreditar…” Bertrand Russell (1872–1970) De homens , Leitura
“Os estudos universitários no campo das letras não levam, como se sabe, praticamente a nada, a não ser, para os estudantes mais dotados, a uma carreira de ensino universitário no campo das letras — em suma, temos a situação um tanto cômica de um sistema sem outro objetivo além de sua própria reprodução, acompanhado por uma taxa de não aproveitamento superior a noventa e cinco por cento. Esses estudos no entanto não são nocivos e podem até apresentar uma utilidade marginal. Uma moça que procure um emprego de vendedora na Céline ou na Hermès deverá naturalmente, e em primeiríssimo lugar, cuidar de sua aparência; mas uma graduação ou um mestrado em letras modernas poderá constituir um trunfo secundário que garanta ao patrão, na falta de competências mais aproveitáveis, uma certa agilidade intelectual que pressagie a possibilidade de uma evolução na carreira — a literatura, além do mais, vem desde sempre acompanhada de uma conotação positiva no ramo da indústria do luxo.” Michel Houellebecq Submissão Soumission Estude , Literatura , Aparência
“O homem exige, em sua arrogância, ser amado como é, e se recusa mesmo a impedir o desenvolvimento das mais tristes distorções do corpo humano que podem ofender a sensibilidade estética de sua mulher. A mulher, por outro lado, não pode se contentar com saúde e agilidade: precisa fazer exorbitantes esforços para parecer algo que nunca poderia existir sem uma diligente perversão da natureza. É demais pedir que seja poupada às mulheres a luta diária por uma beleza super-humana a fim de oferecê-la às carícias de um companheiro sub-humanamente feio? Considera-se que as mulheres nunca ficam enojadas. O triste fato é que ficam muitas vezes, mas não com os homens; seguindo a orientação dos homens, ficam na maioria das vezes enojadas consigo mesmas.” Germaine Greer (1939) Aversão e Nojo (pág. 216) A Mulher Eunuco (1970) De mulheres , De homens , De idade , De beleza
“Então foi para Washington e, durante todo o primeiro mês, foi um crioulo e mais nada, um *negro* e mais nada. Não. Não. Ele via o destino que o esperava, e não o aceitava. Apreendia-o intuitivamente e recuava com uma repulsa espontânea. Não podia deixar que o grande *eles* lhe impusesse seu preconceito; também não podia deixar que o pequeno *eles* se transformasse num *nós* e lhe impusesse sua ética. Não à tirania do *nós*, sempre louco para tragá-lo, aquele *nós* moral coercitivo, abrangente, histórico, inevitável, com seu insidioso *E pluribus unum*. Nem o *eles* da Woolsworth's nem o *nós* da Howard. Em vez disso, o *eu* nu e cru, com toda a sua agilidade. A *auto*descoberta — isso é que era o soco no estrombo. A singularidade. A luta encarniçada pela singularidade. O animal singular. O relacionamento fluido com tudo. Não estático, mas fluido. Autoconhecimento, sim, porém *oculto*. O que haveria de mais poderoso que isso?” Philip Roth livro A Mancha Humana The Human Stain Luta , De destino , Animais