Frases do livro
Grande Sertão: Veredas

Grande Sertão: Veredas

Grande Sertão: Veredas é um romance experimental modernista escrito pelo autor brasileiro João Guimarães Rosa e publicado pela Livraria José Olympio Editora, em 1956. Tanto a arte da capa como as ilustrações de Grande sertão: veredas são de autoria de Poty Lazzarotto. Pensado inicialmente como uma das novelas do livro Corpo de Baile, lançado nesse mesmo ano de 1956, cresceu, ganhou autonomia e tornou-se um dos mais importantes livros da literatura brasileira e da literatura lusófona. No mesmo ano, Rosa também lançou as novelas de Corpo de Baile e a quarta edição revista de Sagarana.


João Guimarães Rosa photo
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“Montei, fui trotando travado. Diadorim e o Caçanje iam já mais longe, regulado umas duzentas braças. Arte que perceberam que eu vinha, se viraram nas selas. Diadorim levantou o braço, bateu mão. Eu ia estugar, esporeei, queria um meio-galope, para logo alcançar os dois. Mas, aí, meu cavalo f’losofou: refugou baixo e refugou alto, se puxando para a beira da mão esquerda da estrada, por pouco não deu comigo no chão. E o que era, que estava assombrando o animal, era uma folha seca esvoaçada, que sobre se viu quase nos olhos e nas orêlhas dele. Do vento. Do vento que vinha, rodopiado. Redemoinho: o senhor sabe — a briga de ventos. O quando um esbarra com outro, e se enrolam, o dôido espetáculo. A poeira subia, a dar que dava escuro, no alto, o ponto às voltas, folharada, e ramarêdo quebrado, no estalar de pios assovios, se torcendo turvo, esgarabulhando. Senti meu cavalo como meu corpo. Aquilo passou, embora, o ró-ró. A gente dava graças a Deus. Mas Diadorim e o Caçanje se estavam lá adiante, por me esperar chegar. — “Redemunho!” — o Caçanje falou, esconjurando. — “Vento que enviesa, que vinga da banda do mar…” — Diadorim disse. Mas o Caçanje não entendia que fosse: redemunho era d’Ele — do diabo. O demônio se vertia ali, dentro viajava. Estive dando risada. O demo! Digo ao senhor. Na hora, não ri? Pensei. O que pensei: o diabo, na rua, no meio do redemunho… Acho o mais terrível da minha vida, ditado nessas palavras, que o senhor nunca deve de renovar. Mas, me escute. A gente vamos chegar lá. E até o Caçanje e Diadorim se riram também. Aí, tocamos.”

Grande Sertão: Veredas

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“Deus (…) deixa se afinar à vontade o instrumento, até que chegue a hora de se dansar.”

Grande Sertão: Veredas
Variante: Deus (...) deixa se afinar à vontade o instrumento, até que chegue a hora de se dansar

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