“A conexão entre o tempo, o inconsciente e o espirito lunar pertence, ainda mais profundamente do que tem sido demonstrado, a natureza essencial da consciência matriarcal. Somente através de uma compreensão adequada do caráter espiritual do arquétipo da lua podemos entender o significado da consciência matriarcal e do “espirito feminino“.”

The Fear of the Feminine and Other Essays on Feminine Psychology

Última atualização 22 de Maio de 2020. História

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“A natureza observadora e emocionalmente determinada do espírito lunar é designada em alemão pelas palavras pertencentes à raiz Sinn, que significa meditar, ter em mente, ponderar, considerar e ser contemplativo; e também contemplação, inclinação mental, assim, como sentidos e sensual; por último, mas não menos importante, o Eigen-Sinn (vontade própria, obstinação) que os homens em geral atribuem às mulheres. A consciência matriarcal age através da circum-ambulação e da meditação. Falta-lhe o propósito do pensamento dirigido, da conclusão lógica e do juízo. Sua Ação característica é um movimento em torno de um círculo, uma contemplação (Betrachtung, uma vez interpretada por Jung como trachtigmachen, engravidar). Não tem o objetivo direto da consciência masculina, nem o fio aguçado de sua análise. Interessa-se mais pelo significativo do que por fatos e datas, e é orientada teleologicamente mais ao crescimento orgânico do que à causalidade mecânica ou lógica.
Uma vez que o processo de cognição nessa “consciência lunar“ é uma gravidez e seu produto um nascimento, um processo em que toda a personalidade participa, seu “conhecimento “não pode ser partilhado, relatado ou provado. É uma posse interior, realizada e assimilada pela personalidade, mas não facilmente discutida, porque a experiência interna que está por trás dela não se presta a uma exploração verbal adequada, e dificilmente pode ser transmitida a alguém que não tenha passado pela mesma experiência.
Por essa razão, uma consciência masculina pura e simples considera o “conhecimento” da consciência matriarcal não verificável, caprichoso e místico por excelência. Esse é, de fato, no sentido positivo, o cerne da questão. É a mesma espécie de conhecimento revelado nos mistérios e no misticismo. Consiste não de verdades partilhadas mas de transformações experimentadas, portanto necessariamente só tem validade para as pessoas que passaram pela mesma experiência. Para estas, o conselho de Goethe ainda vale:

Sagt es niemand, nur den Weisen, Weil die Menge gleich verhohnet
(Não conte a ninguém, apenas aos sábios, porque a multidão não tarda em zombar)

Isto quer dizer que as percepções de consciência matriarcal são condicionadas pela personalidade que as realiza. Não são abstratas nem desemocionalizadas, pois a consciência matriarcal conserva o vínculo com o reino do inconsciente do qual seu conhecimento brota. Suas descobertas interiores, estão, em conseqüência, em oposição direta às da consciência masculina, que consiste idealmente de conteúdos conscientes abstratos, livres de emocionalismo e possuidores de uma validade universal não afetada por fatores pessoais.”

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“A Etimologia tentou separar duas raízes: de um lado a raiz-lua que, com men (lua) e mensis (mes) pertence a raíz ma do sacrifício mas; e de outro, a raiz sânscrita manas, com menos (grego), mens (latim) etc., que representa o espirito por excelência.
Da raiz-espírito brota uma ampla ramificação de sentidos espirituais significativos: menos, espirito, coração, alma, coragem, ardor; menoinan, considerar, meditar, desejar; memona, ter em mente, pretender; mainomai pensar e também perder-se em pensamentos e delirar, a qual pertence mania, loucura, possessão e também manteia, profecia. Outros ramos da mesma raiz-espírito são menis, menos, raiva, menuo, indicar, revelar; meno, permanecer, demorar-se, manthano, aprender; menini, lembrar; e mentiri, mentir. Todas essas raízes-espírito originam-se de uma raiz original sânscrita Mati-h, que significa pensamento, intenção.
Em nenhum lugar, seja ele qual for, essa raiz foi colocada em oposição a raiz-lua, men, lua; mensis, mes; mas, que e ligado a ma, medir. Dessa raiz origina-se não só matra-m, medida, mas também metis, inteligência, sabedoria; matiesthai, meditar, ter em mente, sonhar; e, mais ainda, para nossa surpresa, verificamos que essa raiz-lua, pretensamente oposta a raiz-espírito, e da mesma maneira derivada da raiz sânscrita mati-h, significando medida, conhecimento.
Em conseqüência, a única raiz arquetípica subjacente a esses significados e espírito-lua, que se expressa em todas as suas ramificações diversificadas, revelando-nos assim sua natureza e seu significado primordial. O que emana do espírito-lua e um movimento emocional relacionado de perto com as atividades do inconsciente. Na erupção ativa e um espirito igneo: coragem, cólera, possessão e ira; sua auto-revelação conduz a profecia, cogitação e mentira, mas também a poesia. Junto com essa produtividade ignea, no entanto, coloca-se outra atitude mais “ medida “ que medita, sonha, espera e deseja, hesita e se retarda, que se relaciona com a memória e o aprendizado, e cujo efeito e a moderação, a sabedoria e o significado.
Discutindo o assunto em outro lugar, mencionei, como uma atividade primaria do inconsciente, o Einfall, isto e, o pressentimento ou o pensamento que “ estala “ na cabeça. O aparecimento de conteúdos espirituais que penetram na consciência com suficiente forca persuasiva para fascina-la e controla-la, representa provavelmente a primeira forma de emergência do espirito no homem. Enquanto numa consciência ampliada e num ego mais forte esse fator emergente e introjetado e concebido como uma manifestação psíquica interna, no começo parece atingir a psique “ de fora “, como uma revelação sagrada e uma mensagem numinosa dos “ poderes “ ou deuses. O ego, ao experimentar esses conteúdos como vindos de fora, mesmo quando os chama de intuitos ou inspirações, recebe o fenômeno espiritual espontâneo com a atitude característica do ego da consciência matriacal. Porque ainda e verdade, como sempre foi, que as revelações do espírito-lua são recebidas mais facilmente quando a noite anima o inconsciente e provoca a introversão do que a luz brilhante do dia.”

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