João Guimarães Rosa: Citações em tendência (página 5)

“Sertão: estes seus vazios.”

“Na barra sul do horizonte estacionavam cúmulus esfiapando sorveret de coco”

“A gente cresce sempre, sem saber para onde.”

“Ninguém é doido. Ou, então, todos.”

“Sigo à risca. Me descuido e vou? Quebro a cara. Quebro o coração. Tropeço em mim. Me atolo nos cinco sentidos.”

“Outrarte o ouro esboço do crepúsculo”

“Mar não tem desenho o vento não deixa o tamanho…”

“O trágico não vem a conta-gotas.”

“Os aloendros em fila nos separavam do mundo”

“Para ódio e amor que dói, amanhã não é consolo.”

“Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.”

“Rezar muito e ter fé. Porque as coisas estão todas amarradinhas em Deus.”

“Ah, não; amigo, para mim, é diferente. Não é um ajuste de um dar serviço ao outro, e receber, e saírem por este mundo, barganhando ajudas, ainda que sendo com o fazer a injustiça dos demais. Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou - amigo - é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.”

“O passado é que veio até mim, como uma nuvem, vem para ser reconhecido; apenas não estou sabendo decifra-lo.”

“que a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é.”

“Um corpo diferente de todos, mais fino, mais alvo, cor-de-rosa, uma beleza que não se sabe — como uma riqueza inesperada, roubada, como uma vertigem… Despir Dona Lalinha será sempre um pecado. Eu teria de ter vivido para a merecer — desde a hora do meu nascimento.”

“Qualquer amor é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”

“Viver é um descuido prosseguido.”

“Viver? não é?? é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo.”