“As metáfora são a maneira de nos perdermos nas aparências ou de ficarmos imóveis no mar das aparências. Nesse sentido, uma metáfora é como um salva-vidas. E não se deve esquecer que há salva-vidas que boiam e salva-vidas que vão direto para o fundo. É bom nunca esquecer isso.” Roberto Bolaño livro 2666 2666 Mar , De vida , Sentido , Aparência
“Estou falando sério:o segredo está em proporcionar um enterro digno às pessoas de poucos recursos, inclusive com alguma elegância (nisso os franceses, acredite, são campeões), um funeral de burgueses para a pequena burguesia e um funeral de pequenos-burgueses para o proletariado, esse é o segredo de tudo, não só das empresas funerárias, mas da vida em geral!” Roberto Bolaño livro Distant Star Distant Star De segredo , De vida , De pessoas
“Há uma literatura para quando se está aborrecido. Abunda. Há uma literatura para quando está calmo. Esta é a melhor literatura, acho. Também há uma literatura para quando se está triste. E há uma literatura para quando se está alegre. Há uma literatura para quando se está ávido de conhecimento. E há uma literatura para quando se está desesperado. oi esta última que Ulisses Lima e Belano quiseram fazer. Grave erro, como se observará a seguir. Tomemos, por exemplo, um leitor médio, um tipo tranquilo, culto, de vida mais ou menos sadia, maduro. Um homem que compra livro e revistas de literatura. Bem, aí está. Esse homem pode ler aquilo que se escreve para quando se está sereno, para quando se está calmo, mas também pode ler qualquer outra classe de literatura, com o olhar crítico, sem cumplicidades absurdas ou lamentáveis, com desapaixonamento. É o que eu acho. Não quero ofender ninguém. Agora, pensemos no leitor desesperado, aquele a quem presumivelmente é dirigida a literatura dos desesperados. Quem é ele? Primeiro; é um leitor adolescente ou um adulto imaturo, acovardado, com os nervos à flor da pele. É o típico babaca (perdoem a expressão) que se suicidaria depois de ler Werther. Segundo: é um leitor limitado. Por que limitado? Elementar, porque só pode ser literatura desesperada ou para desesperados, dá na mesma, um tipo ou um exemplo, A montanha mágica (em minha modesta opinião, um paradigma da literatura tranquila, serena, completa) ou, já que aqui estamos, Os miseráveis, ou Guerra e Paz. Acho que fui bem claro, não? (…) E mais: os leitores desesperados são como as minas de ouro da Califórnia. Mais cedo do que se espera eles se esgotam! Por quê? É evidente! Não se pode viver desesperado a vida inteira, o corpo acaba se dobrando, a dor acaba se tornando insuportável, a lucidez se esvai em grandes jorros frios.” Roberto Bolaño Flores , De vida , De homens , De dor