“A voz disse: cuidado, mas disse isso como se estivesse muito longe, no fundo de um barranco onde assomavam pedaços de pedras vulcânicas, riólitos, andesinas, veios de prata e veios de ouro, charcos petrificados cobertos de minúsculos ovinhos, enquanto no céu roxo como a pele de uma índia morta a pauladas sobrevoavam gaviões de rabo vermelho” Roberto Bolaño livro 2666 2666 De morte
“[…] experimentaram o que era estar num purgatório, uma longa espera inerme, uma espera cuja coluna vertebral era o desamparo, coisa muito latino-americana, aliás, uma sensação familiar, uma coisa que se você pensasse bem experimentava todos os dias, mas sem angústia, sem a sombra da morte sobrevoando o bairro como um bando de urubus e espessando tudo, subvertendo a rotina de tudo, pondo todas as coisas de pernas para o ar.” Roberto Bolaño livro 2666 2666 De morte
“Fizeram amor no quarto de Ansky e quem os houvesse visto teria dito que fodiam como se dali a umas horas fossem mmorrer. Na realidade, Nádia yurenieva fodia como fazia grande parte das moscovitas durante aquele ano de 1936, e Boris Ansky fodia como se de repente, e já perdia toda a esperança, houvesse encontrado seu único e verdadeiro amor. Nenhum dos dois pensava (ou queria pensar) na morte, mas ambos se mexiam, ou se trançavam, ou dialogavam, como se estivessem à beira do abismo” Roberto Bolaño livro 2666 2666 De amor , De morte , De esperança , Realidade