Manoel de Barros: Coisa

“Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação.”

“Escrever nem uma coisa Nem outra - A fim de dizer todas - Ou, pelo menos, nenhumas. Assim, Ao poeta faz bem Desexplicar - Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.”

“Eu precisava de ficar pregado nas coisas vegetalmente e achar o que não procurava.”

“Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas. E me encantei.”

“Daí que também a vó me ensinou a não desprezar as coisas desprezíveis”

“Só quem está em estado de palavra pode enxergar as coisas sem feitio.”

“Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão? Antes que das coisas celestiais.”

“Tentei descobrir na alma alguma coisa mais profunda do que não saber nada sobre as coisas profundas. Consegui não descobrir.”

“As coisas muito claras me noturnam.”

“Por viver muitos anos dentro do mato Moda ave O menino pegou um olhar de pássaro - Contraiu visão fontana. Por forma que ele enxergava as coisas Por igual como os pássaros enxergam.”