“NEM SEMPRE SOU IGUALNem sempre sou igual no que digo e escrevo.Mudo, mas não mudo muito.A cor das flores não é a mesma ao solDe que quando uma nuvem passaOu quando entra a noiteE as flores são cor da sombra.Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.Por isso quando pareço não concordar comigo,Reparem bem para mim:Se estava virado para a direita,Voltei-me agora para a esquerda,Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -O mesmo sempre, graças ao céu e à terraE aos meus olhos e ouvidos atentosE à minha clara simplicidade de alma…” Alberto Caeiro Noite , Cor , Alma , Flores
“Os poetas místicos são filósofos doentes,E os filósofos são homens doidos.Porque os poetas místicos dizem que as flores sentemE dizem que as pedras têm almaE que os rios têm êxtases ao luar.Mas as flores, se sentissem, não eram flores,Eram gente;E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;E se os rios tivessem êxtases ao luar,Os rios seriam homens doentes.” Alberto Caeiro De homens , Alma , Flores