“O mar está levemente encrespado e pequenas ondas quebram na praia arenosa. O senhor Palomar está de pé na areia e observa uma onda. Não que esteja absorto na contemplação das ondas. Não está absorto, porque sabe bem o que faz: quer observar uma onda e a observa. Não está contemplando, porque para a contemplação, nenhuma daquelas três condições todavia, se verifica para ele. Em suma, não são “as ondas” que ele pretende observar, mas uma simples onda e pronto: no intuito de evitar as sensações vagas, ele predetermina para cada um de seus atos um objetivo limitado e preciso.” Italo Calvino livro Mr. Palomar Palomar
“Não podemos conhecer nada de exterior a nós próprios que nos supere (…) o universo é o espelho em que podemos contemplar apenas o que aprendemos a conhecer em nós.” Italo Calvino livro Mr. Palomar Palomar
“Restam apenas ervas daninhas? Pior ainda: as ervas daninhas estão de tal maneira emaranhadas nas boas que não se consegue enfiar as mãos no meio e puxar. Dir-se-ia que se criou um pacto de cumplicidade entre as ervas de semeadura e as ervas selvagens, um afrouxamento das barreiras impostas pelas desigualdades de nascimento, uma tolerância resignada em relação à degradação. Algumas ervas espontâneas, por si só, não têm de modo algum um aspecto maléfico e insidioso. Porque não admiti-las no número das que pertencem ao prado de pleno direito, integrando-as na comunidade das que foram cultivadas?” Italo Calvino livro Mr. Palomar Palomar
“Se o modelo não consegue transformar a realidade, a realidade deveria conseguir transformar o modelo.” Italo Calvino livro Mr. Palomar Palomar