Citações recomendada

página 97

“O meu espírito crítico é grosso, só apanha as coisas de enorme relevo.”

“O amor, (…), como tu sabes é feito de muitos sentimentos diferentes. Alguém escreveu, creio que até fui eu - que era uma bela flor com raízes diversas. Ora quando uma dessas raízes é a estima absoluta pode ele ao fim de longos anos secar pelas outras raízes mas permanecer vivo por essa.”

“As duas qualidades mais preciosas em Arte, que mais raramente se reúnem: Realidade e Poesia.”

“Preciso conselhos, direcções, preciso «conhecer-me a mim mesmo» - para perseverar e desenvolver o bom, evitar o mau, ou modificá-lo e disfarçá-lo: Mas há lá coisa mais difícil? Que se conheça a si mesmo - o homem que não tira os olhos de si mesmo, é quase impossível: anquilosa-se a gente num certo feitio moral, de que não sai.”

“O homem nem sequer é superior ao seu venerável pai - o macaco: excepto em duas coisas tenebrosas - o sofrimento moral e o sofrimento social.”

“O amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons.”

“Um homem de letras, que não escreve as suas memórias, tem realmente direito a que os outros lhas não escrevam.”

“As dívidas serviram, diz-se, a excitar o génio de Dickens e Balzac: não encontrando em mim um génio a excitar, vingam-se da humildade do seu papel torturando-me.”

“Duas folhas de carta a ler já é uma boa conta, mesmo quando seja uma carta de amor.”

“É necessário acutilar o mundo oficial, o mundo sentimental, o mundo literário, o mundo agrícola, o mundo supersticioso - e com todo o respeito pelas instituições que são de origem eterna, destruir «as falsas interpretações e falsas realizações» que lhes dá uma sociedade podre. Não lhe parece Você que um tal trabalho é justo?”

“O riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo. É por isso que hoje é tão útil como irreverente rir das ideias do passado: a multidão não se ocupa de ideias, ocupa-se das fórmulas visíveis, convencionais das ideias. Por exemplo: o povo em Portugal, nas províncias, não é católico - é padrista: que sabe ele da moral do cristianismo? da teologia? do ultramontanismo? Sabe do santo de barro que tem em casa, e do cura que está na igreja.”

“Nada facilita mais uma civilização que um bom clima.”

“Quem melhor do que eu sabe, que o coração, depois de despertar, tem hesitações e tem enganos - até que se fixa?”

“Diz-me o que comes, dir-te-ei o que és. O carácter de uma raça pode ser deduzido simplesmente do seu método de assar a carne. Um lombo de vaca preparado em Portugal, em França, ou Inglaterra, faz compreender talvez melhor as diferenças intelectuais destes três povos do que o estudo das suas literaturas.”

“Quando uma civilização se abandona toda ao materialismo, e dele tira, como a nossa, todos os seus gozos e todas as suas glórias, tende sempre a julgar as civilizações alheias segundo a abundância ou a escassez do progresso material, industrial e sumptuário.”

“É o coração que faz o caráter.”

“Os políticos têm todos a mesma política.”

“no fundo, nós somos todos fadistas: do que gostamos é de vinhaça e viola e bordoada, e viva lá sô compadre”

“O campo, na verdade, só é agradável com família, e toda a árvore é triste se na sua sombra não brinca uma criança.”