João Morgado: Citações em tendência (página 3)

“Dentro dela havia um sol negro. Não tinha luz, mas sentia como queimava devagar, bem devagar.”

“Sentir vergonha é querer apagar o sol, é desejar que a noite nos esconda. Mas a noite aumenta a vergonha, fica do tamanho do breu. A vergonha só passa com a luz, quando assumimos o que julgamos ser as nossas imperfeições, quando mostramos o rosto que temos do ser que somos. Quando dizemos ao mundo: sou assim, e agora? Nesse momento, só nesse momento, perdemos toda a vergonha!”

“Amar é beber um cheiro. É transporta-lo para dentro de nós. Amamos uma mulher quando cheiramos ao seu cheiro.”

“Só consegue ser feliz quem foi desventurado e sobreviveu para se lembrar disso todos os dias!”

“Tenho saudades da tua boca.

Não dos beijos. Ou melhor, não só dos beijos.
Saudades da tua boca que é mais que beijos.”

“Os silêncios não falam, mas por vezes dizem tanta coisa que, realmente, as palavras estariam sempre a mais.”

“A distância mais curta entre dois pontos é o desejo de se encontrarem!”

“As mães apagam-se na sombra dos filhos mas são as eternas vigilantes da ternura, portadoras de um abraço imenso.”

“Veste uma gota de perfume,
nada mais,
deixa-me amar-te!

Deixa-me despir
um beijo na tua boca

respirar-te!”

“Mais triste que estar só, é ter alguém ao nosso lado a impedir que a solidão nos abandone, que alguém nos resgate.”

“Amei-te como nunca me amei. Que amor pode ser mais forte que isso?”

“A pele é sem vergonha, pode ser feliz!”

“Descobri que se a felicidade é viajante e a dor é residente.”

“… existe maior nudez de que alguém confessar que lhe falta a alma?”

“O corpo da mulher, cronometrado no relógio junto à cama, encerra em si o encanto de ter um princípio e um fim, como o brilho do arco-íris.”

“As mulheres são como as plantas, precisam de sol. Mas as mulheres são vivas por dentro e vivas por fora, precisam de sol no corpo e de sol no coração. Quando as iluminamos só por fora, ficam viçosas de pele mas desabitadas. Quando as iluminamos só por dentro, as flores brotam no seu interior mas sufocam o seu perfume. As mulheres só são felizes, quando alguém as abraça com um sol em cada mão!”

“A erva está sempre a favor do vento, diz o Santiago, como a água do lago, que tem as suas rugas molhadas sempre na mesma direcção. Mas já os patos gostam de contrariar o vento, orgulhosos, de bico no ar, de rabo a dar a dar, vão na direcção contrária às folhas secas que poisam nas águas e navegam. Como barcos, diz a Laura. Como sonhos que não se afogam, diz o Santiago. Mas algumas folhas, encharcadas, essas sim, vão ao fundo das águas. Parecem estrelas-do-mar, diz a Laura. Parecem beijos húmidos, diz o Santiago assaltando-lhe os lábios…”

“As mulheres são um cheiro. É pelo cheiro que as catalogamos no íntimo arquivo dos desejos.”

“… e a língua em gelo, mentolada, com o espumante a borbulhar-me no sexo guindado ao céu da sua boca, inflamava-me os sentidos. E sentia-me cada vez mais quente naquele beijo frio, que descia e subia, decalcando com os lábios as minhas veias, densas, em estado de guerra.”