Frases de Salman Rushdie

página 5

“O ser humano descobre o que pensa a respeito de si mesmo quando sua essência mais íntima está sob ataque.”

“Receio dizer que não gosto do trabalho de Paulo Coelho. Também não gosto de 'O Código Da Vinci', mas parece que o livro vende muito bem. Ou tenho mau gosto ou as outras pessoas têm. Há livros facilmente consumíveis e que dão um conforto simples às pessoas. Não é o meu negócio.”

“O que começou com perfume terminou com um fedor e tanto… Há algo em nós que por vezes explode, uma coisa que vive dentro de nós, comendo nossa comida, respirando o nosso ar, enxergando por nossos olhos, e quando essa coisa sai para brincar ninguém está imune; possessos, voltamo-nos uns contra os outros com impulsos assassinos, com a escuridão da Coisa nos olhos e armas de verdade nas mãos, vizinho contra vizinho, primo contra primo, irmão contra irmão, filho contra filho, todos possuídos pela Coisa.”

“Não parecem livros escritos há cem anos. A impressão é que foram escritos anteontem”

“As sabedorias antigas são as tolices modernas.”

“Um livro é uma versão do mundo. Se não te agrada, ignora-a e oferece a tua própria versão.”

“Queimar um livro não significa destruí-lo. Um minuto de escuridão não nos tornará cegos.”

“É muito, muito fácil, não nos ofendermos com um livro. Só temos de o fechar.”

“Mas, apesar desta ênfase extremada no combate ao crime, a lição que [os livros de quadradinhos] davam às crianças - ou a esta criança, pelo menos - era a talvez involuntária verdade radical de que a
excepcionalidade é o maior e mais heróico dos valores; que aqueles que eram diferentes da multidão deviam ser os mais amorosamente acarinhados; e que esta excepcionalidade era um tesouro tão grande e tão facilmente incompreendido que tinha de ser escondido, na vida normal, por detrás daquilo a que nos quadradinhos se chamava de "identidade secreta". O Super-Homem não teria sobrevivido sem o "irrelevante" Clark Kent; o "milionário do jet-set Bruce Wayne tornou possíveis as actividades nocturnas de Batman.”

“Haviam enterrado os maridos com quem passaram quarenta ou mesmo cinqüenta anos de vida desconsiderada. Curvadas, fracas, sem expressão, as velhas lamentavam os destinos misteriosos que haviam feito dar ali, afastadas, do outro lado do mundo, de seus pontos de origem. Falavam línguas estranhas que podiam ser georgiano, croata, uzbeque. Os maridos lhes falharam ao morrer. Eram pilares que desmoronaram, haviam pedido que confiassem neles e trazido as esposas para longe de tudo que lhes era conhecido, para essa terra-lótus sem sombra, cheia de gente obscenamente jovem, essa Califórnia cujo corpo era o templo e cuja ignorância era a felicidade, e depois tinham se mostrado indignos de confiança, soçobrando num campo de golfe ou caindo de cara numa tigela de sopa de macarrão, revelando assim a suas viúvas nesse último estágio de suas vidas, o quanto eram pouco confiáveis a vida geral e os maridos em particular.”

“O trabalho de um poeta é nomear o inominável, assinalar as fraudes, tomar posições, iniciar discussões, dar forma ao mundo e detê-lo ao deitar-se.”

“A literatura deve ser realmente o lugar onde podem surgir novas idéias que repensem o mundo.”

“No princípio, eram três amigos: Antonino Argalia, Niccolò 'il Macchia' e Ago Vespucci. O mundo de sua meninice era uma floresta mágica.
Então - Niccolò concluiu - depois de longos anos de feitos traiçoeiros contra seu país e seu Deus, que condenaram sua alma ao Inferno e fizeram seu corpo digno da roda de suplício, Argália, o paxá - Arcalia, Arqalia, al - Ghaliya, até seu nome se tornou uma mentira - voltou ao que não era mais seu lar.”

“Esta noite, ao rolhar energicamente um frasco com a etiqueta Fórmula Especial n.º 30, cheguei ao fim da minha longa autobiografia: em palavras e em conserva, imortalizei as minhas recordações, ainda que, num como noutro método, seja inevitável a distorção. Temos de viver, receio bem, com as sombras da imperfeição.”

“A despolitização do Islã é a urtiga que todas as sociedades muçulmanas terão de agarrar com as mãos para poder se tornar modernas.”

“Se as vozes moderadas do Islã não modernizarem sua cultura e sua fé, pode ser que os 'Rushdies' tenham de fazê-lo por elas.”

“A liberdade de expressão é o coração da humanidade.”

“Para se nascer de novo, é preciso primeiro morrer.”

“Abu Simbel e Baal agora a transpirar por todos os poros, chegaram juntos aos altares, colocados lado a lado, das três deusas mais amadas de Jahilia. Inclinam-se perante todas elas: Uzza, do rosto radioso, deusa da beleza e do amor; sombria, obscura Manat, de face escondida, propósitos misteriosos, deixando escorrer areia por entre os dedos - tem a seu cargo o fado dos homens -, é ela o Destino; e por fim a mais alta das três, a deusa-mãe, a quem os gregos chamavam Latona. Aqui chamam-lhe Ilat ou, mais frequentemente, Al-Lat. A deusa. Até o seu nome faz dela o oposto e o equivalente de Alá. Lat, a omnipotente!”

“O teu amo é muito protector, muito condescendênte. Mas Al-Lat não tem a menor vontade de ser filha dele. Ela é sua igual, como eu sou tua igual. Pergunta a Baal: ele conhece-a. Tal como me conhece a mim.”

“Perdi a conta dos dias que transcorreram desde que fugi dos horrores da fortaleza louca de Vasco Miranda, na aldeia de Benengeli, nas montanhas de Andaluzia; fugi da morte na escuridão da noite, deixando mensagem pregada na porta.”

“até mesmo as lagartixas nas paredes foram capturadas e redistribuídas irmãmente dos dois lados da divisão central.”

“Era uma vez, no país de Alefbey, uma triste cidade, a mais triste das cidade, uma cidade tão arrasadoramente triste que tinha esquecido até o seu próprio nome. Ficava à margem de um mar sombrio, cheio de peixosos – peixes queixosos e pesarosos, tão horríveis de se comer que faziam as pessoas arrotarem de pura melancolia, mesmo quando o céu estava azul.”

“Haroun queria saber por que seus pais não tinham tido mais filhos… Rashid explicou: “Nós gastamos todo o nosso material de fazer crianças só com você. Está tudo aí, daria pra mais umas quatro ou cinco criancinhas. Sim senhor, em você há mais coisas do que se vê num primeiro olhar.””

“Haroun queria pegar suas palavras de volta, arrancá-las de dentro do ouvido de seu pai e enfiá-las de volta na sua própria boca.”

“Aos vinte e quatro anos a filha do embaixado dormia mal nas noites quentes e sem surpresas.”

“Não necessariamente aquilo que é real e aquilo que é verdade são a mesmíssima coisa.”

“Aquilo que distingue um grande artista de um modesto é, antes de mais, a sensibilidade e ternura; em segundo lugar, a imaginação e, em terceiro, a técnica.”

“A verdade é o que a maioria vê como verdade, mas a maioria também pode mudar de opinião ao longo da história.”

“O que um escritor pode fazer na solidão do seu quarto é algo que nenhum poder consegue destruir facilmente.”

“Em meu entender, a religião, inclusivamente na sua forma mais sofisticada, infantiliza, sobretudo o nosso eu ético, ao estabelecer uns árbitros morais infalíveis e uns tentadores imorais irredutíveis por cima de nós.”

“O medo mutila a escrita.”

“No catálogo dos direitos humanos não existe o direito a não ser ofendido; se existisse, ninguém poderia dizer ou escrever uma palavra.”

“A literatura é um lugar em qualquer sociedade onde, dentro da privacidade de nossas próprias cabeças, conseguimos ouvir vozes falando sobre tudo de todo modo possível.”

“Todos viraram inimigos e estão sendo atingidos pelo preconceito. A América é, hoje, um local sombrio.”

“A nossa vida ensina-nos quem somos.”

“Enquanto a queda dos anjos era uma simples questão de poder; nem mais nem menos do que um trabalhinho de policiamento celestial, o castigo de uma rebelião, uma atitude de dureza. - Quão pouca confiança em Si própria devia, pois, ter esta divindade que não queria que as Suas mais perfeitas criaturas distinguissem o bem do mal; o que reinava pelo terror, exigindo a submissão absoluta até dos Seus colaboradores mais próximos, despachando todos os dissidentes para as Suas ardentes Sibérias, para os gulags do Inferno.”

“What is there to respect in any of this, or in any of the crimes now being committed almost daily around the world in religion's dreaded name? How well, with what fatal results, religion erects totems, and how willing we are to kill for them! And when we've done it often enough, the deadening of affect that results makes it easier to do it again.”