Frases de Padre Antônio Vieira

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“Quanto é mais eficaz e poderosa para mover os ânimos dos homens a esperança das coisas próprias, que a memória das alheias?”

“Muitos não têm o coração dentro em si, senão fora de si e muito longe. Fora de si, porque não cuidam em si e muito longe de si, porque todos os seus cuidados andam só atentos e aplica­dos às coisas temporais e mundanas que amam.”

“Sendo tão natural ao homem o desejo de ver, o apetite de ser visto é muito maior.”

“Fazer mais ostentosa a dignidade do que ela é em si, é afectar fortunas; e se lográ-las é motivo para a inveja, afectá-las é estímulo para o ódio.”

“O erro por que muitas vezes se não acertam as eleições dos ofícios, é porque se buscam os homens grandes nas casas grandes, e eles estão escondidos nas casas pequenas.”

“Sempre se deve antes escolher paz do que guerra, principalmente quando na guerra é tão certa a ruína.”

“Muito à pressa vive o que tudo quer lograr de uma só vez.”

“Não se fazerem mercês, é faltar com o prémio à virtude; fazerem-se, é semear benefícios para colher queixas.”

“As acções generosas, e não os pais ilustres, são as que fazem fidalgos.”

“Muitos neste mundo alcançam os cargos só pelo merecimento do seu vestido.”

“Se um homem está verdadeiramente arrependido, se conhece verdadeira e profundamente as suas culpas, nunca ninguém dirá dele tanto mal, que ele se não julgue por muito pior.”

“Os exemplos dos tempos passados costumam ser as regras e documentos para os presentes e futuros.”

“Bem fora que pudera mais com os homens, a memória, que a esperança.”

“Muitos diferentes visos fazem as acções generosas aos olhos da inveja, conforme a luz a que se opõe, e logo se vêem com agrados ou com defeitos.”

“A boa e má opinião está na mão de um grande, porque tudo pode. Pode o mal, porque com o poder o executa; pode o bem, porque com a grandeza tudo se obra.”

“Não sei qual é a maior tentação, se a necessidade, se a cobiça.”

“Sendo muito poucos no mundo os homens que podem luzir, aqueles diante dos quais se possa luzir, ainda são muito menos.”

“Pouco fez, ou baixamente avalia as suas ações, quem cuida que lhas podiam pagar os homens.”

“A diligência na guerra é tudo para com efeito se alcançar vitória.”

“Tanto foi em todas as idades do mundo e tanto é hoje, na curiosidade humana, o apetite de conhecer o futuro!”

“As varas do poder, quando são muitas, elas mesmo se comem, como famintas sempre de maiores postos.”

“O amor perfeito, e que só merece o nome de amor, vive imortal sobre a esfera da mudança, e não chegam lá as jurisdições do tempo.”

“Viver do próprio a pão e água é a maior penitência: viver do alheio, ainda que seja a pão e água, é grande regalo. Tão saboroso bocado é o alheio!”

“Prudência é o saber acomodar, para melhor luzir e viver.”

“A vaidade entre os vícios é o pescador mais astuto, e que mais facilmente engana os homens.”

“É coisa tão dificultosa acomodar-se a trabalhar para viver, quem está costumado a outra vida, que esta mesma dificuldade é a que inventou a arte e artes de furtar.”

“Nem todos os anos que passam se vivem: uma coisa é contar os anos, outra é vivê-los.”

“Nem todos os futuros são para desejar, porque há muitos futuros para temer.”

“Quando as dores são iguais, sentem-se todas; quando uma é maior, suspende as outras.”

“Em tempo em que só vale a lisonja, não podia parecer bem quem professa só a verdade.”

“O ruído que faz a grande fama também faz com que o grande seja de todos roído, quando nas asas da fama se vê mais sublimado.”

“Nada receia perder, quem nada espera interessar.”

“Oh, se os livros falassem, quantas ignorâncias haviam de dizer que consultam com eles de noite, os que de dia se publicam grandes letrados.”

“O livro, sendo o mesmo para todos, uns percebem dele muito, outros pouco, outros nada.”

“Os ladrões são casta de gente em que se emprega melhor o castigo do que se pode esperar a emenda.”

“A fortuna nunca iguala os desejos dos homens.”

“Fé e liberalidade são virtudes sinónimas; e quem está duvidoso no dar, não está firme no crer.”

“O primeiro efeito, ou consequência, da necessidade é o desprezo da honra; o segundo, a destruição da virtude.”

“Não é de heróis a vingança.”

“As obras de um herói, postas a uma luz escura da razão e da vontade, são borrões que ofendem; à melhor luz do entendimento são primores que admiram.”

“Os vícios nunca nos fartam, a virtude logo nos enfastia.”

“Não há alegria neste mundo tão privilegiada, que não pague pensão à tristeza.”

“Os inimigos que mais temo a Portugal são soberba e ingratidão, vícios tão naturais da próspera fortuna que, como filhos da víbora, juntamente nascem dela e a corrompem.”

“Não há amor que mais facilmente perdoe, e mais benignamente interprete e dissimule defeitos, que o amor de pai.”

“Os vivos são pó levantado, os mortos são pó caído; os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz.”

“O maior pensar da criatura humana é comer; desde que o homem nasce até que morre anda a procurar o pão para a boca.”

“Mais dificultoso é ganhar pouco com pouco, que muito com muito.”

“No golfo de uma privança, nunca o perigo é mais certo, que quando a fortuna é mais próspera.”

“Nós (portugueses) temos a nossa desunião, a nossa inveja, a nossa presunção, o nosso descuido e a nossa perpétua atenção ao particular.”