Frases de João Morgado

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“Agora tenho ciúmes de mim próprio.
Não me quero perder para ninguém.”

“Há mulheres desenhadas pelo diabo e abençoadas por Deus!”

“É inacreditável até onde alguém pode chegar movido pelo desejo de possuir alguém.”

“A memória da pele é breve comparada com a do coração.”

“Visto do céu o mundo é mais bonito, mas o bonito é viver no mundo sem perder o céu…”

“… beijando o ventre, descobrimos que existe um mundo desconhecido que ecoa por dentro. E desejamos ardentemente perseguir o eco. Desflorar as rosas vermelhas e beber no cálice o sangue das fronteiras transpostas com a espada. Para descobrir no fim, que não estamos noutro mundo, apenas no que faltava do nosso.”

“Tenho pena que o meu pudor me tenha impedido sempre de ter tirado uma fotografia ao meu corpo nu, quando este era jovem e, mesmo sem perfume, era perfumado.”

“Agora que durmo de novo abraçada a ti, que te dou um beijo no fim do dia, vejo de forma clara que não me amaste como te sonhei, nem te amei como me sonhaste. Mas que apesar de infelizes nos amámos.”

“Verdadeiramente, o que pode Deus contra as mamas de uma actriz de cinema? Nada. Vence sempre a masturbação - o mais antigo vício do mundo. A masturbação é como a confissão, é um acto de profunda intimidade, em que estamos entregues a nós próprios, em que temos de vomitar o que nos implode por dentro.”

“Sexo pelo sexo é apenas o atulhar de um oco - o banquete de um côncavo dentro do convexo. Esquece o cono da mulher… é apenas um aeroporto. Podemos aterrar mil vezes num aeroporto e não conhecer o país, como podemos entrar mil vezes uma mulher e não a conhecer…”

“Passou a sombra de uma hora
nem sequer o corpo lhe vi
e com ela partiu, foi-se embora,
em meu peito já não mora,
a hora que não vivi!”

“Só estarei com ela amanhã. Mas já comecei a ser feliz!”

“A alma não sai de dentro de nós, mas dentro de nós há espaço suficiente para uma alma se perder.”

“Abomino a morte e o sofrimento, como se fosse a baba do demónio a cair-me no rosto. Gosto de pensar que sou mais que um corpo…”

“Sexo pode nem chegar a ser uma traição. Só traímos quando fechamos a alma para alguém e a deixamos no lado de fora.”

“Tinha aprendido a amar a Emília, a amar no sentido mais carnal do termo, caminhando descalço no chão molhado da sua pele imensa, conhecendo-a como se conhece um país, andando a pé nas bermas do caminho, conhecendo-a poro a poro…”

“Trai a Diana e ela traiu-me, na medida em que não a amei e ela não me amou. Amámo-nos a nós próprios.”

“A morte é um fim, mas a indiferença é um fim inacabado. É por isso uma agonia.”

“Tenho o mar dentro de um barco.
É meu, só meu, a ninguém o dou.

Só não sei por onde viajar com ele
neste deserto em que o barco encalhou!”

“Sexo pelo sexo é apenas o atulhar de um oco - o banquete de um côncavo dentro do convexo.”

“Só a eterna reconquista se eterniza…”

“As mulheres caladas são perigosas. Comem as palavras e transformam-nas em veneno (…) Devemos calar uma mulher com um beijo, mas nunca se deve beijar uma mulher calada. É perigoso, muito perigoso…”

“A sexualidade não é um exercício do corpo, é uma excitação da mente, o templo onde tudo nasce e tudo morre”

“Acredito em sereias!
Disse eu com o bolso cheio de mar

- Podes acreditar…
Disseste-me tu,
mulher sem bolso no corpo nu!”

“O segredo da felicidade - a mulher paga não se apega. Cabe ao homem tão-somente usufruir dos prazeres do seu corpo, deixando para o diabo a árdua tarefa de lhe conquistar a alma. O corpo da mulher, cronometrado no relógio junto à cama, encerra em si o encanto de ter um princípio e um fim, como o brilho do arco-íris.”

“Toda a mulher precisa de saber que abre vazios na sua ausência, porque isso significa que preenche espaços quando está!”

“O perdão implica que um se arrependa e o outro se esqueça, duas premissas nem sempre conciliáveis. Assim que, quando o homem pede perdão só com a boca, a mulher perdoa só com os lábios - assiste-se então a um entremeio, mas nunca a um fim…”

“Saudade é sentir o teu cheiro na ausência do teu corpo!”

“Agora, despido de ti, lembro o quarto,
não este ou aquele, mas o nosso quarto,
onde embalámos em vagas, dançando nus!”

“Podes desejar uma mulher mesmo que saibas que é o diabo. Ou talvez por ser o diabo, instintivamente, a desejes ainda mais.”

“Os seios libertam cheiro como as flores a brotar e a saliva torna-o mais intenso. Os seios jovens são margaridas e o sexo tímido sorri como as papoilas. E liberta um cheiro a campo quando chove que se torna intenso quando se ama.”

“E ali andava eu na roda das horas, a roubar tempo ao que me dava prazer, para trabalhar sem prazer no que me exigia tempo.”

“Só voltarei a abrir a porta
a alguém que converse comigo
sem me quebrar o silêncio
sem me roubar de mim.”

“A sexualidade numa mulher começa na cabeça e prolonga-se pela pele como um horizonte em que se funde o mar com o céu infinito. A mulher é um pensamento com pele.”

“Adormeceu a seu lado no bafo cansado dos beijos.”

“E se hoje fosse a última noite juntos? - Subiria ao céu… arrancaria a Lua para a partir em pedaços no jardim da nossa casa, e o mundo nunca mais teria luar e viveria triste para todo o sempre. E em cada noite, todas as noites, todas as pessoas deste mundo, todas mesmo, chorariam por ti…”

“O amor não tem corpo e o fulgor não envelhece no tempo. A boa fruta torna-se madura e passa a fazer delícias em compota.”

“Os silêncios tristes fecham janelas dentro das mulheres. Até que se perdem dentro da sua escuridão como numa câmara escura em que se revelam. Perdemos uma mulher quando ela sai de dentro de si por uma porta diferente da que entrou.”

“Por vezes vemos uma gaivota e cremos que nos abeirámos da praia. Começamos a acreditar no mar. E por vezes é apenas uma gaivota perdida. E perdemo-nos com ela.”

“Depois a onda dos lençóis enrolou os dois corpos e mergulharam um dentro do outro; não estavam no céu, estavam um dentro do outro; não era um sonho, era o corpo de um dentro do corpo de outro, porque a loucura era terrena, o prazer real, físico, lambido, suado, nas margens da carne, na sombra de um coração a pulsar sangue, vida, emoções.”

“Quando se perde tudo, perde-se também o medo…”

“Sou agora um velho que conjuga o verbo amar no pretérito: eu amava. Será sempre um pretérito imperfeito. Pois o verbo amar só faz sentido quando conjugado no presente. É imperfeito o amor do passado pois nunca se revela como o vivemos realmente, mas apenas como o recordamos…”

“Uma mulher inteligente, quando faz perguntas a um homem, já sabe todas as respostas. Quando um homem lhe mente, ela finge, apenas finge que acredita, porque a mulher é uma fingidora, finge tão completamente, que chega a fingir amor, sabendo que o amor lhe mente (…) Mas porque é dor o que deveras sente, a cada mentira que finge, apenas finge acreditar, torna-se mais seca, cada vez mais seca, até que um dia morre por dentro como morrem as plantas.”

“Acreditamos que o silêncio nos deixa invisíveis, mas pelo contrário, dá-nos visibilidade no ruído da vida. O mundo fica de olhos em nós a praguejar, à espera de um som.”

“O amor é apenas um estado febril mais ou menos transitório, mas o desejo existe, resiste, é bravio, apega-se ao corpo. É inacreditável até onde alguém pode chegar movido pelo desejo de possuir alguém.”

“Todas as pessoas que não conhecemos são perfeitas.”

“A vergonha é uma desordem cavada em nós, talvez a mais íntima das emoções, corre pelo sangue, devassa o coração, destila pelos olhos…”

“Quando perdemos o nosso cheiro somos vadios, como cães sem coleira. O nosso cheiro é aquele que sopra da raiz da pele e tem o nosso nome. É a lingerie mais íntima do corpo, que nos veste por dentro e por fora, mesmo quando nus. E como lingerie que é, também fica por vezes perdido nas mãos de outra pessoa, ou entre os lençóis da cama, mas sempre acabamos por recolher o nosso cheiro, sempre, para revestirmos dele a nossa tez, a nossa nudez, a nossa timidez…”

“Ninguém sabe a que cheira a solidão mas é um cheiro húmido que se sente à distância. A solidão tem um cheiro, como o medo, como a morte.”