Clarice Lispector: Outro (página 3)

“Divertir os outros, um dos modos mais emocionantes de existir.”

“Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo.”

“Porque, quanto a mim, sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém. É incômodo ser dois: eu para mim e eu para os outros.”

“Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.”

“Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.”

“Amor será dar de presente a outro a própria solidão? Pois é a coisa mais última que se pode dar de si.”

“Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada.”

“Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter! Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram.”

“É engraçado que pensando bem não há um verdadeiro lugar para se viver. Tudo é terra dos outros, onde os outros estão contentes.”

“Outro sinal de se estar em caminho certo é o de não ficar aflita por não entender; a atitude deve ser: não se perde por esperar, não se perde por não entendo”

“A poesia dos poetas que sofreram é doce e terna. E a dos outros, dos que de nada foram privados, é ardente, sofredora e rebelde.”

“Procuro me manter isolada contra a agonia de viver dos outros.”

“O que nos salva da solidão é a solidão de cada um dos outros.”

“Fico tão assustada quando percebo que durante horas perdi minha formação humana. Não sei se terei uma outra para substituir a perdida.”

“Quem se atinge pela despersonalização reconhecerá o outro sob qualquer disfarce: o primeiro passo em relação ao outro é achar em si mesmo o homem de todos os homens.”

“A outra mão dele, a livre, está ao alcance dela. Ela sabe e não a toma. Tem exatamente o que precisa: Pode ter.”

“Parei de implorar companhia dos outros, se quiser ficar fica, se não quiser adeus.”

“O que uma pessoa diz a outra? Fora 'como vai?' Se desse a loucura da franqueza, que diriam as pessoas às outras?”

“Estou bastante acostumada a estar só, mesmo junto dos outros.”