Clarice Lispector: Citações em tendência (página 49)

“A menina era um ser feito para amar até que se tornou moça e havia os homens.”

“O tempo tenta sequestrar meu sorriso, mas resisto como uma criança com medo da mãe ao ralar o joelho. Engulo o choro, para não doer mais.”

“O sofrimento não é medida de vida: o sofrimento é subproduto fatal e, por mais agudo, é negligenciável.”

“Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso.”

“Eu sou feita de tão pouca coisa e meu equilíbrio é tão frágil, que eu preciso de um excesso de segurança para me sentir mais ou menos segura.”

“(…)Mas não sou completa, não. Completa lembra realizada. Realizada é acabada. Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo. Eu vivo me completando… mas falta um bocado.”

“Quem tem piedade de nós? Somos uns abandonados? Uns entregues ao desespero? Não, tem que haver um consolo possível. Juro: tem que haver.”

“O futuro é meu enquanto eu viver.”

“Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza.”

“O que terminei sendo, e tão cedo? Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente sente e usa a palavra que o exprima. É pouco, é muito pouco.”

“Bom, agora eu morri… Mas vamos ver se eu renasço de novo. Por enquanto eu estou morta.”

“Eu antes vivia de um mundo humanizado, mas o puramente vivo derrubou a moralidade que eu tinha. É que um mundo todo vivo tem a força de um Inferno.”

“Os factos são sonoros. O que importa são os silêncios por trás deles.”

“Somos livres, e este é o inferno.”

“É necessário abrir os olhos e perceber as coisas boas dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão.”

“Esse primeiro calor ainda fresco traz: tudo. Apenas isso, e indiviso: tudo. E tudo é muito para um coração de repente enfraquecido que só suporta o menos, só pode querer o pouco e aos poucos.”

“Quando uma pessoa é o próprio núcleo, ela não tem mais divergências. Então ela é a solenidade de si própria, e não tem mais medo de consumir-se ao ritual consumidor.”

“Será que Deus sabe que existe? Acho que Deus não sabe que existe. Tenho quase a certeza de que não. E daí vem a sua veemente força.”

“O meu erro deve ser o caminho de uma verdade: pois só quando erro é que saio do que conheço e do que entendo. Se a «verdade» fosse aquilo que posso entender - terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu tamanho.”