Clarice Lispector: Citações em tendência (página 31)

“O mal é que minha esperança ou é inexistente ou forte demais - esperança forte demais é infantil.”

“Que é que eu faço? É de noite e estou viva. Estar viva está me matando aos poucos, e eu estou toda alerta no escuro.”

“Dá uma vontade de não ser, exatamente quando se é com toda força.”

“Meu espírito é tecido pela terra mais fina.”

“Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.”

“Quem sabe, até, eu ERA só aprendiz de anjo…”

“E eu não aguento a resignação. Ah, como devoro com fome e prazer a revolta.”

“Até criar a verdade do que me aconteceu. Ah, será mais um grafismo que uma escrita, pois tento mais uma reprodução do que uma expressão.”

“Não me prendo a nada que me defina. Serei o que você quiser, mas só quando EU quiser.”

“Redondo sem início e sem fim, eu sou o ponto antes do zero e do ponto final.”

“Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária.”

“Observo em mim mesma as mudanças de estação: eu claramente mudo com elas.”

“Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.”

“Eu sou à esquerda de quem entra. E estremece em mim o mundo. (…) Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro. Sou um coração batendo no mundo.”

“Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio.”

“Não pedi coisas demais para não confundir Deus que à meia-noite de ano novo está tão ocupado.”

“Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada”

“Eis que de repente vejo que não sei nada.”

“É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa.”