Frases de Theodor W. Adorno

“Falar de cultura foi sempre contra a cultura. O denominador "cultura" já contém, virtualmente, a tomada de posse, o enquadramento, a classificação que a cultura assume no reino da administração.
Só a "administração" industrializada, radical e consequente, é plenamente
adequada a esse conceito de cultura.”

“O amor é a capacidade de perceber o semelhante no dessemelhante.”

“As pessoas não percebem o quanto não são livres lá onde mais livres se sentem, porque a regra de tal ausência de liberdade foi abstraída delas.”

“Toda "cultura pura" tem causado mal-estar aos porta-vozes do poder”

“Para a felicidade se aplica o mesmo que para a verdade. Alguém não a tem, mas está nela.”

“A grandeza de uma obra de arte está fundamentalmente no seu caráter ambíguo, que deixa ao espectador decidir sobre o seu significado.”

“A arte é uma magia que liberta a mentira de ser verdadeira.”

“A tarefa atual da arte é introduzir o caos na ordem.”

“A arte necessita da filosofia, que a interpreta, para dizer o que ela não consegue dizer, conquanto só através da arte pode ser dito ao não ser dito”

“Reduzidas a pura homenagem, as obras de arte pervertidas e corruptas são secretamente empurradas pelos beneficiados para o meio dos trastes, com os quais são assimiladas. Os consumidores podem se alegrar que haja tanta coisa para ver e ouvir. Praticamente pode-se ter tudo.”

“O humano estabelece-se na imitação: um homem torna-se um homem apenas imitando outros homens.”

“Existe um critério quase infalível para determinar se um homem é realmente teu amigo: o modo como refere opiniões hostis ou descorteses a teu respeito.”

“Normalidade significa morte.”

“Aviso aos intelectuais: não deixem que ninguém vos represente.”

“A decadência da oferta espelha-se na penosa invenção dos artigos para presente, que já pressupõem o fato de não se saber o que presentear porque, na verdade, não se tem nenhuma vontade de fazê-lo.”

“A inteligência é uma categoria moral.”

“O horror está além do alcance da psicologia.”

“A vida tornou-se a ideologia da sua própria ausência.”

“Não existe nenhum amor que não seja um eco.”

“Nenhum pensamento é imune à sua comunicação, e basta já expressá-lo num falso lugar e num falso acordo para minar a sua verdade.”

“Serás amado apenas quando puderes mostrar a tua fraqueza, sem provocar nenhuma força.”

“Conceitos vulgares como "entretenimento" são muito mais adequados do que considerações pretensiosas sobre um fato de um escritor ser representante da pequena burguesia e outro, da alta burguesia.”

“Divertir-se significa que não devemos pensar, que devemos esquecer a dor, mesmo onde ela se mostra. Na base do divertimento planta-se a impotência. É, de fato, fuga, mas não, como pretende, fuga da realidade perversa, mas sim do ultimo grão de resistência que a realidade ainda pode haver deixado. A libertação prometida pelo entretenimento é a do pensamento como negação.”

“Se se quisesse responder à questão sem asserções ideológicas, torna-se-ia imperiosa a suspeita de que o tempo livre tende em direção contrária à de seu próprio conceito, tornando-se paródia, deste. Nele se prolonga a não-liberdade tão desconhecida da maioria das pessoas não-livres como a sua não-liberdade em si mesma.”

“There is no real life in the wrong.
Não existe vida real em meio à falsidade.”

“De maneira análoga, seria preciso que a filosofia não fosse reduzida a categorias, mas, em certo sentido, primeiro compusesse a si mesma. No curso de sua progressão, ela precisa se renovar incessantemente, a partir de sua própria força do mesmo modo que a partir do atrito com aquilo com o que se mede; é aquilo que se passa nela que decide, não uma tese ou posição; o tecido, não o curso de via única dedutivo ou indutivo do pensamento.”

“A dialética opõe-se tão bruscamente ao relativismo quanto ao absolutismo; não é na medida em que busca uma posição mais intermediária entre os dois, mas atravessando os extremos, partindo de sua própria ideia, que ela procura mostrar sua não-verdade.”

“Nenhuma teoria escapa mais ao mercado: cada uma é oferecida como possível dentre as opiniões concorrentes, tudo pode ser escolhido, tudo é absorvido. Ainda que o pensamento não possa colocar antolhos para defender-se; ainda que a convicção honesta de que a própria teoria está isenta desse destino certamente acabe por se degenerar em uma auto exaltação, ainda assim a dialética não deve emudecer diante de tal repreensão e da repreensão com ela conectada referente à sua superfluidade, à arbitrariedade de um método aplicado de fora.”

“Os que expressam os seus pensamentos na forma de juízo livre, distanciado e desinteressado são os que não foram capazes de assumir nessa forma a experiência da violência, o que torna inútil tal pensamento. O problema, quase insolúvel, consiste aqui em não se deixar imbecilizar nem pelo poder dos outros nem pela impotência própria.”

“Para o intelectual, a solidão inviolável é a única forma em que ainda se pode verificar a solidariedade. Toda a participação, toda a humanidade do trato e da partilha são simples máscara da tácita aceitação do inumano.”

“Love you will find only where you may show yourself weak without provoking strength.”

“Talent is perhaps nothing other than successfully sublimated rage.”

“freedom would be not to choose between black and white but to abjure such prescribed choices.”

“Without admitting it they sense that their lives would be completely intolerable as soon as they no longer clung to satisfactions which are none at all.”

“There is no right life in the wrong one.”

“Only thought which does violence to itself is hard enough to shatter myth.”

“Impulse, subjectivity and profanation, the old adversaries of materialistic alienation, now succumb to it. … The representatives of the opposition to the authoritarian schema become witnesses to the authority of commercial success. … In the service of success they renounce that insubordinate character which was theirs.”

“Regressive listeners behave like children. Again and again and with stubborn malice, they demand the one dish they have once been served.”

“The occupation with things of the mind has by now itself become “practical,” a business with strict division of labor, departments and restricted entry. The man of independent means who chooses it out of repugnance for the ignominy of earning money will not be disposed to acknowledge the fact. For this he is punished. He … is ranked in the competitive hierarchy as a dilettante no matter how well he knows his subject, and must, if he wants to make a career, show himself even more resolutely blinkered than the most inveterate specialist. The urge to suspend the division of labor which, within certain limits, his economic situation enables him to satisfy, is thought particularly disreputable: it betrays a disinclination to sanction the operations imposed by society, and domineering competence permits no such idiosyncrasies. The departmentalization of mind is a means of abolishing mind where it is not exercised ex officio, under contract. It performs this task all the more reliably since anyone who repudiates this division of labor—if only by taking pleasure in his work—makes himself vulnerable by its standards, in ways inseparable from elements of his superiority.”

“The power of the culture industry's ideology is such that conformity has replaced consciousness. The order that springs from it is never confronted with what it claims to be or with the real interests of human beings.”

“Intolerance of ambiguity is the mark of an authoritarian personality.”

“The splinter in your eye is the best magnifying-glass available.”

“Behind every work of art lies an uncommitted crime”

“People know what they want because they know what other people want.”

“Dissonance is the truth about harmony.”

“Art is magic delivered from the lie of being truth.”

“Triviality is evil - triviality, that is, in the form of consciousness and mind that adapts itself to the world as it is, that obeys the principle of inertia. And this principle of inertia truly is what is radically evil.”

“To those who no longer have a homeland, writing becomes home”

“It would be advisable to think of progress in the crudest, most basic terms: that no one should go hungry anymore, that there should be no more torture, no more Auschwitz. Only then will the idea of progress be free from lies.”

“One must have tradition in oneself, to hate it properly.”

“The darkening of the world makes the irrationality of art rational: radically darkened art.”

“If philosophy is still necessary, it is so only in the way it has been from time immemorial: as critique, as resistance to the expanding heteronomy, even if only as thought’s powerless attempt to remain its own master and to convict of untruth, by their own criteria, both a fabricated mythology and a conniving, resigned acquiescence. … It is incumbent upon philosophy … to provide a refuge for freedom. Not that there is any hope that it could break the political tendencies that are throttling freedom throughout the world both from within and without and whose violence permeates the very fabric of philosophical argumentation.”

“In the general tendency toward specialization, philosophy too has established itself as a specialized discipline, one purified of all specific content. In so doing, philosophy has denied its own constitutive concept: the intellectual freedom that does not obey the dictates of specialized knowledge.”

“Being, in whose name Heidegger’s philosophy increasingly concentrates itself, is for him—as a pure self-presentation to passive consciousness—just as immediate, just as independent of the mediations of the subject as the facts and the sensory data are for the positivists. In both philosophical movements thinking becomes a necessary evil and is broadly discredited. Thinking loses its element of independence. The autonomy of reason vanishes: the part of reason that exceeds the subordinate reflection upon and adjustment to pre-given data. With it, however, goes the conception of freedom and, potentially, the self-determination of human society.”

“The importance of the culture industry in the spiritual constitution of the masses is no dispensation for reflection on its objective legitimation, its essential being, least of all by a science which thinks itself pragmatic.”

“The concept of positivity in itself, in abstracto, has become part and parcel of the ideology today. … Critique has started to become suspect, regardless of its content.”

“Humanity had to inflict terrible injuries on itself before the self, the identical, purpose-directed, masculine character of human beings was created, and something of this process is repeated in every childhood.”

“The straight line is regarded as the shortest distance between two people, as if they were points.”

“In the products of the culture industry human beings get into trouble only so that they can be rescued unharmed, usually by representatives of a benevolent collective; and then, in illusory harmony, they are reconciled with the general interest whose demands they had initially experienced as irreconcilable with their own.”